Icterícia: entenda a doença que afeta recém-nascidos

Entenda como tratar a icterícia

A seguir saiba tudo sobre a icterícia, doença que afeta o bebê e se divide em dois tipos: a fisiológica e a patológica

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A icterícia é um problema comum dos recém-nascidos, atingindo cerca de 60% deles. O problema costuma aparecer logo nos primeiros dias de vida, deixando a pele em tom amarelado e tornando-se uma preocupação para os pais. Porém, geralmente, a icterícia não oferece riscos à saúde do bebê.

Apesar de, na maioria das vezes, algumas sessões de banho de luz serem o suficiente para fazer a pele voltar ao normal, é importante que a icterícia seja diagnosticada e tratada rapidamente. Além disso, há casos em que a realização de exames adicionais é necessária para identificar a causa e indicar o tratamento.

Neste post, vamos explicar o que é e quais são as principais causas de icterícia em recém-nascidos. Entenda também como é feito o diagnóstico e quanto tempo leva para ela desaparecer. Acompanhe e tire as suas dúvidas!

O que é icterícia?

A icterícia é uma alteração provocada pela produção em excesso de bilirrubina no sangue, pigmento amarelado que é fabricado naturalmente no organismo. Essa substância é liberada quando há um rompimento das células vermelhas, que são levadas até o fígado e eliminadas através da urina.

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Como as funções hepáticas do recém-nascido ainda não estão completamente formadas, a deficiência nesse processo pode levar a uma concentração de bilirrubina na corrente sanguínea. Isso faz com que a pele do bebê tenha um tom amarelado, além da parte branca dos olhos.

Quais os tipos de icterícia neonatal?

Existem dois tipos mais comuns de icterícia neonatal: a fisiológica e a patológica. A seguir, entenda mais a respeito de cada uma delas.

Icterícia fisiológica

É o tipo mais frequente de icterícia em recém-nascidos. Ocorre porque a criança tem excesso de hemácias e, como o fígado ainda é imaturo, não consegue metabolizá-las com rapidez suficiente, o que leva ao excesso de bilirrubina.

O tratamento do problema é feito com banhos de luz. “Trata-se de uma fototerapia com uma luz fluorescente especializada. É esperado que, com o tratamento, a cada 24 horas haja uma determinada diminuição e, após chegar a um índice certo, o bebê pode ir para casa”, explica o pediatra Marun David Cury, diretor de defesa profissional da Sociedade de Pediatria de São Paulo.

Geralmente, a icterícia fisiológica não causa nenhum tipo de sintoma. No caso de a situação não se resolver após duas semanas, será necessária uma avaliação médica para detectar outras causas.

Icterícia patológica

Este é um tipo de icterícia menos frequente e mais sério. Ela é causada pela incompatibilidade sanguínea entre a mãe e o bebê. “Caso a mãe tenha um tipo sanguíneo A e o bebê seja O, é a chamada incompatibilidade ABO. Neste caso, parte do sangue materno passa para o recém-nascido e pode sensibilizar o corpo da criança, que cria anticorpos que destroem o sangue dela”, explica Cury.

Esse problema também pode ocorrer quando há incompatibilidade sanguínea de Rh. “Caso o bebê seja Rh positivo e a mãe negativo, o sangue materno circula no corpo do bebê e volta para o da mãe, fazendo com que ela produza anticorpos contra a criança. Esses anticorpos voltam a circular no organismo do bebê e destroem seus glóbulos vermelhos causando uma anemia profunda e levando ao excesso de bilirrubina”, diz Cury.

Inicialmente, a icterícia patológica também é tratada com banhos de luz, porém, é preciso que o pediatra faça acompanhamento constante. “O grande problema da icterícia patológica é ela evoluir ao ponto de lesar o sistema nervoso da criança. Caso ela não baixe, existe a possibilidade de trocar o sangue do bebê. Ela demora mais tempo para ser tratada do que a fisiológica”, afirma Cury.

É importante ressaltar que nos casos de incompatibilidade de Rh pode ser feito um tratamento durante a gestação para prevenir o problema. Se você estiver grávida, converse com o seu ginecologista obstetra sobre isso.

Quais as causas da icterícia?

São diversas as causas mais comuns que podem levar o recém-nascido a apresentar icterícia. A seguir, veja quais são elas:

  • icterícia fisiológica: causa mais comum pela imaturidade do organismo da criança;
  • amamentação: quando o bebê não consome a quantidade suficiente de leite materno ou pela presença de substâncias no leite materno que prejudicam a eliminação da bilirrubina pelo fígado;
  • hemólise: decomposição excessiva de glóbulos vermelhos, sobrecarregando o fígado.

Outras causas incluem hepatite, reação tóxica a uma substância ou erva medicinal, obstrução do ducto biliar por cálculos biliares, certos tipos de doenças hereditárias (como fibrose cística), entre outros. Infecções bacterianas adquiridas durante ou após o parto também podem resultar em icterícia, além de infecções quando o bebê ainda está no útero, como a toxoplasmose.

Os principais casos de icterícia quando o bebê não mama bem ocorrem em prematuros tardios (nascidos entre a 34ª e a 37ª semana de gestação). Como eles ainda não são capazes de sugar o leite corretamente, podem ficar com o excesso do pigmento no organismo. O problema, nesse caso, é resolvido quando há o aumento da sucção do leite materno pelo bebê.

Como é feito o diagnóstico?

A maneira mais comum de identificar a icterícia é pressionar o dedo na testa do recém-nascido e, em seguida, removê-lo. Se a pele ficar branca ou amarelada, é o sinal que indica o excesso de bilirrubina. O médico também deve realizar uma coleta de sangue para verificar os níveis da substância no organismo de forma mais precisa.

Em geral, a medição é feita antes de os recém-nascidos receberem alta da maternidade. Os exames também ajudam a identificar a causa da icterícia e determinar o tratamento mais indicado para evitar que a doença avance. Para definir se há a necessidade de tratamento ou apenas o acompanhamento, fatores como idade gestacional e peso do recém-nascido são avaliados.

Outra maneira de diagnosticar a icterícia é a partir do uso de um equipamento chamado bilirrubinômetro cutâneo. A leitura da presença da substância é feita ao colocá-lo na testa do bebê, sem a necessidade de retirar uma amostra de sangue. Apesar dessa vantagem, esse método é menos preciso do que a coleta sanguínea. Se os níveis da substância forem elevados, outros exames são feitos, entre eles:

  • medição dos tipos diferentes de icterícia;
  • percentual de glóbulos vermelhos presentes no sangue;
  • tipo de Rh (positivo e negativo) da mãe e bebê;
  • exame microscópico no sangue em busca de sinais de hemólise dos glóbulos vermelhos;
  • verificação de anticorpos presos em glóbulos vermelhos.

De acordo com o resultado, outros exames também podem ser solicitados, como exames de sangue para verificar a função da tireoide e hepática, concentração de enzima de glóbulos vermelhos e verificar sinais de sepse.

Quanto tempo leva para desaparecer?

Em geral, os sinais de icterícia começam a surgir com três dias de vida e desaparecem depois de uma semana. Nesse caso, o bebê deve ser observado até que os níveis da substância no organismo sejam normalizados. Apenas observar a mudança na tonalidade da pele pode não ser o suficiente, sendo assim necessário realizar um exame.

Para evitar que o bebê saia da maternidade sem que a icterícia seja percebida, a Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que ele receba alta apenas entre 48 a 72 horas após o nascimento. Se a icterícia não desaparecer em alguns dias, é necessário que se inicie os tratamentos, como o banho de luz, citado anteriormente.

Caso a situação continue após duas semanas, será preciso identificar a existência de doenças mais sérias no fígado do recém-nascido. Além disso, os sintomas podem aparecer mais tarde, o que pode levantar a suspeita de alterações gastrointestinais ou quantidade insuficiente de aleitamento materno.

A icterícia pode ser tratada com banho de luz
Shutterstock Os banhos de luz são muito comuns para tratar a icterícia

Como é feito o tratamento?

Quando a icterícia é identificada, o tratamento deve ser iniciado o mais breve possível. Como dissemos, a fototerapia, também conhecida como banho de luz, é o mais comum. Mas quando ela não é suficiente, é necessário recorrer a uma exsanguineotransfusão. Entenda mais a seguir.

Fototerapia ou “banho de luz”

O tratamento faz uso de uma luz azul clara que transforma a bilirrubina de modo a permitir que seja eliminada mais rapidamente pelo organismo. Para isso, o recém-nascido deve ser colocado dentro de uma unidade de fototerapia nu, para que a pele receba a maior quantidade possível da luz. De tempos em tempos, é preciso mudar a posição do bebê, que fica exposto à luz entre dois dias a uma semana.

Exsanguineotransfusão

O procedimento tem como finalidade remover rapidamente a bilirrubina do sangue. Usando uma seringa, uma pequena quantidade de sangue é retirada do recém-nascido, sendo substituído pelo mesmo volume doado. Quando a quantidade da substância continua elevada, pode ser preciso repetir o procedimento algumas vezes.

Como você pôde conferir neste artigo, a icterícia geralmente não traz riscos para o bebê. Porém, é importante informar o médico o mais breve possível ao notar uma mudança na tonalidade do recém-nascido para avaliar a existência dessa condição e iniciar o tratamento.

Caso ainda tenha ficado alguma dúvida ou deseje compartilhar alguma informação adicional, deixe o seu comentário abaixo!


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