Médica que descobriu relação entre Zika vírus e microcefalia denúncia abandono
A médica que descobriu a relação entre Zika vírus e microcefalia denunciou a falta de apoio do governo
A ginecologista obstetra Adriana Melo, de Campina Grande – interior da Paraíba, foi quem descobriu a associação entre o Zika vírus na gestação e a microcefalia em bebês. Há cerca de um ano o Ministério da Saúde declarava emergência sanitária nacional em função desta descoberta.
Agora, Adriana compareceu ao Simpósio Internacional de Zika, organizado pelo FioCruz no Rio de Janeiro e denunciou a falta de apoio do governo no tratamento dos bebês que desenvolveram microcefalia em decorrência do Zika vírus. “Um ano depois, recebemos zero de recursos. Somente uma prefeitura no interior da Paraíba tenta nos apoiar. Essas crianças precisam ser atendidas em centros de referência, que concentrem os especialistas de que precisam. Elas não são números. São crianças que convulsionam, que sofrem. A essa altura, já deveríamos ter essa estrutura montada”, disse a médica em entrevista ao jornal Extra.
Desde que surgiram os primeiros casos de Zika vírus, a ginecologista Adriana Melo luta para conseguir proporcionar apoio às famílias afetadas. Ela atua no Instituto de Saúde Elpídio de Almeida, em Campo Grande, e conseguiu mobilizar uma rede de empresários que ajudam com doações.
A companhia de energia local abriu espaço nas contas de luz para a população colaborar. Em um terreno doado, ela e sua equipe lançam, na próxima terça-feira, a pedra fundamental do prédio em que a médica quer montar um centro de assistência e pesquisa. “Fazemos vaquinha virtual, campanhas, tenho passado o chapéu para garantir o atendimento dessas crianças. Em parceria com os bombeiros, fazemos oficinas para as mães aprenderem como lidar com os engasgos dos bebês, ensinando manobras de primeiros socorros. Precisamos treinar os profissionais da rede básica e das emergências. Hoje, quando uma de nossas crianças vai para uma emergência, uma pessoa da minha equipe vai até ela para dar um suporte”, afirmou a ginecologista Adriana Melo em entrevista ao jornal Extra.
Até mesmo necropsia a equipe da Dra. Adriana precisa realizar, pois em Campina Grande não há serviço de verificação de óbitos. “Já fizemos oito. Temos conhecimento, mas nenhum recurso. Tudo que fizemos até aqui foi por meio de ajuda de outros pesquisadores. Minha luta é trazer assistência e pesquisa para o Nordeste”, contou a ginecologista Adriana Melo.
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