Uma diferença ao colocar bebês na cadeirinha fez um ficar ileso e outro sofrer lesões
Duas irmãs sofreram um acidente de carro, a que estava na cadeirinha de costas para o motorista escapou ilesa, a que estava com a cadeirinha de frente sofreu lesões graves
A mãe australiana Angela Brown está alertando outros pais via Facebook sobre a importância de manter a cadeirinha do bebê de costas para o motorista pelo maior tempo possível. Isto porque no dia 26 de fevereiro ela estava no carro com suas duas bebês, uma de quase dois anos, e outra de quase um ano quando o veículo bateu contra uma árvore.
A menina de um ano sofreu apenas alguns arranhões. Já a menina de dois anos quebrou duas vértebras e praticamente rompeu os ligamentos de uma das vértebras, correndo um grave risco de morte. A diferença entre as duas irmãs? A posição da cadeirinha! A bebê que escapou ilesa estava com sua cadeirinha de costas para o motorista, enquanto a outra que sofreu lesões graves estava com a cadeirinha de frente para o motorista.
A seguir, confira o depoimento de Angela sobre o caso e depois veja a explicação da Academia Americana de Pediatra sobre a importância de manter a cadeirinha de costas para o motorista até os dois anos ou mais do bebê.
“Eu escrevo isso sentada ao lado da minha filha de quase dois anos, ela fará dois anos amanhã, na sua cama de hospital. Ela finalmente dormiu após um dia difícil. E minha filha de um ano está dormindo no carrinho ao lado.
No dia 26 de fevereiro meu mundo normal e feliz desabou e eu acordei em um pesadelo.
Enquanto viajávamos de carro a caminho do dentista, no meio de uma zona rural, nosso carro bateu contra uma árvore a 100 km por hora. Quando eu retomei os sentidos nós estávamos de ponta cabeça em nosso carro. Minhas duas bebês estavam chorando. Eu e meu marido nos viramos para ver como nossas filhas estavam. A de dois anos tinha uma grande laceração no topo da cabeça. Sua cadeirinha estava de frente para o motorista na hora do acidente. A bebê de um ano não parecia ter ferimentos.
Eu e minha filha de dois anos fomos resgatadas pela ambulância e levadas para o hospital onde nosso pesadelo piorou. Os médicos descobriram que ela tinha duas vértebras quebradas e os ligamentos de uma vértebra estavam quase rompidos. Os médicos me disseram que crianças com este tipo de lesão geralmente não sobrevivem.
Minha bebê de um ano foi para outro hospital com o pai e lá descobriram que ela não tinha lesões graves, só alguns arranhões.
Então, como você pode notar tivemos duas crianças no mesmo acidente de carro. Uma teve apenas arranhões e a outra estava correndo risco de vida tamanha a gravidade das lesões.
Eu sempre tive dúvidas sobre quando virar a cadeirinha dos meus bebês, mas agora com este acidente é evidente que é essencial deixar o bebê virado de costas para o motorista o máximo de tempo possível. Não cometam o mesmo erro que eu. Isto pode custar a vida do seu bebê.
Agora, estamos tratando as lesões da minha bebê há três meses e ainda não temos ideia de quando ela estará totalmente recuperada”.
A recomendação da Academia Americana de Pediatria e como é no Brasil
Desde 2011 a Academia Americana de Pediatria (AAP) recomenda que os pais deixem a cadeirinha virada de costas para o motorista até dois anos da criança ou até que ela atinja o peso e altura máxima para esta cadeirinha.
A recomendação anterior dizia que os bebês deveriam ficar de costas até apenas um ano de vida e depois já poderiam virar para a frente. Porém, após uma série de estudos, os membros da AAP notaram problemas em virar a cadeirinha do bebê tão cedo. “Quando a cadeira para auto está voltada para as costas do motorista, ela faz um trabalho melhor em suportar a cabeça do bebê, seu pescoço e coluna vertebral porque distribui melhor a força da colisão por todo o corpo”, afirma o pediatra Dennis Durbin, membro da AAP e um dos autores desta nova recomendação.
Além disso, os pediatras da AAP também notaram que quando a recomendação era virar a cadeirinha com um ano de idade, os pais tendiam a fazer isso antes do pequeno completar um ano. E isto colocava o bebê em grandes riscos.
Infelizmente, no Brasil a legislação ainda está desatualizada e a recomendação é virar a cadeirinha para frente quando o bebê tiver um ano de vida.
A própria Sociedade Brasileira de Pediatria reconhece o atraso da legislação no nosso país e afirma que as melhores evidências científicas, que contraindicam a migração do bebê-conforto para a cadeirinha antes de cerca de dois anos de idade; desta para o assento de elevação antes dos 18 kg de peso, o que pode ser até os sete anos de idade. Assim como o cinto de segurança antes da criança ter 1,45m de estatura, o que ocorre entre nove e treze anos. Assim, cabe aos pais certificarem-se de que seus filhos utilizem os equipamentos mais seguros e adequados, independentemente da lei.
Por isso, ao adquirir a cadeirinha do seu filho, procure optar por um modelo que possa ficar de costas para o motorista até cerca de dois anos do bebê.