Zika vírus, microcefalia e gravidez: esclareça suas dúvidas
Saiba tudo sobre Zika vírus na gravidez, a relação com microcefalia e como se proteger
O Zika vírus gera muitas preocupações e dúvidas entre as gestantes. E não é para menos, afinal, o Ministério da Saúde já confirmou que mulheres que contraem esta doença durante a gestação podem ter filhos com microcefalia. Por isso, confira as respostas para suas principais dúvidas sobre Zika vírus, microcefalia e gravidez. Confira:
– O que é a microcefalia?
A microcefalia não é um agravo novo. Trata-se de uma malformação congênita, em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada. Neste caso, os bebês nascem com perímetro cefálico (PC) menor que o normal, que habitualmente é superior a 33 cm.
– Quais as causas da microcefalia?
Essa malformação congênita pode ser efeito de uma série de fatores de diferentes origens, como substâncias químicas e agentes biológicos (infecciosos), como bactérias, vírus e radiação. E agora, já se sabe que contrair o Zika vírus na gestação pode fazer com que o bebê nasça com microcefalia.
– O que é o vírus Zika?
O vírus Zika é um arbovírus (grande família de vírus), transmitido pela picada do mesmo mosquito da dengue, o Aedes aegypti.
– O Zika vírus só é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti?
Não. Uma pesquisa já descobriu que o Zika vírus pode ser transmitido sexualmente, por isso é importante que as gestantes usem camisinha ao ter relações sexuais. Saiba mais sobre o assunto aqui. Também já foi encontrado Zika vírus com potencial de transmissão na saliva e urina. Saiba mais sobre o assunto aqui.
-Quais são os principais sintomas de Zika vírus?
Segundo a literatura, mais de 80% das pessoas infectadas não desenvolvem manifestações clínicas, porém quando presentes são caracterizadas por exantema maculopapular pruriginoso (erupções na pele que podem ficar vermelhas e com coceira), febre intermitente, hiperemia conjuntival não purulenta e sem prurido (vermelhidão nos olhos sem coceira), dor de cabeça e nos músculos e articulações e menos frequentemente, edema (inchaço na pele), dor de garganta, tosse e vômitos. Apresenta evolução benigna e os sintomas geralmente desaparecem espontaneamente após 3 a 7 dias. No entanto, a dor nas articulações pode persistir por aproximadamente um mês.
Recentemente, foi observada uma possível correlação entre a infecção ZIKAV e a ocorrência de síndrome de Guillain-Barré (SGB) em locais com circulação simultânea do vírus da dengue, porém não confirmada a correlação.
– A microcefalia pode levar a óbito ou deixar sequelas?
Cerca de 90% das microcefalias estão associadas com retardo mental, exceto nas de origem familiar, que podem ter o desenvolvimento cognitivo normal. O tipo e o nível de gravidade da sequela vão variar caso a caso. Tratamentos realizados desde os primeiros anos melhoram o desenvolvimento e a qualidade de vida.
– Como é feito o diagnóstico de microcefalia?
Após o nascimento do recém-nascido, o primeiro exame físico é rotina nos berçários e deve ser feito em até 24 horas do nascimento. Este período é um dos principais momentos para se realizar busca ativa de possíveis anomalias congênitas. Por isso, é importante que os profissionais de saúde fiquem sensíveis para notificar os casos de microcefalia no registro da doença no Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (Sinasc).
– É possível detectar a microcefalia no pré-natal? Apenas a ultrassonografia é suficiente?
Sim. No entanto, somente o médico que está acompanhando a grávida poderá indicar o método de imagem mais adequado.
– Qual o tratamento para a microcefalia?
Não há tratamento específico para a microcefalia. Existem ações de suporte que podem auxiliar no desenvolvimento do bebê e da criança, e este acompanhamento é preconizado pelo Sistema Único da Saúde (SUS). Como cada criança desenvolve complicações diferentes – entre elas respiratórias, neurológicas e motoras – o acompanhamento por diferentes especialistas vai depender de suas funções que ficarem comprometidas.
Estão disponíveis serviços de atenção básica, serviços especializados de reabilitação, os serviços de exame e diagnóstico e serviços hospitalares, além de órteses e próteses aos casos em que se aplicar.
Com aumento de casos que ocorre neste momento, o Ministério da Saúde, decidiu elaborar, em parceria com as secretarias municipais e estaduais de saúde, um protocolo de atendimento voltado a essas crianças. Este protocolo vai servir como base de orientação aos gestores locais para que possam identificar e estabelecer os serviços de saúde de referência no tratamento dos pacientes, além de determinar o fluxo desse atendimento.
Há um tipo de microcefalia, a Sinostose craniana, que não é a que está tendo aumento do número de casos, por não ser de causa infecciosa, que pode ser corrigida por meio de cirurgia. Neste caso, geralmente, as crianças precisam de acompanhamento após o primeiro ano de vida.
– Qual período da gestação é mais suscetível à ação do Zika vírus?
Pelo relatado dos casos até o momento, as gestantes cujos bebês desenvolveram a microcefalia tiveram sintomas do vírus Zika nos primeiros meses de gravidez. Mas o cuidado para não entrar em contato com o mosquito Aedes aegypti é para todo o período da gestação.
– Neste momento, qual é a recomendação do Ministério da Saúde para as gestantes?
Neste momento, o Ministério da Saúde reforça às gestantes que não usem medicamentos não prescritos pelos profissionais de saúde e que façam um pré-natal qualificado e todos os exames previstos nesta fase, além de relatarem aos profissionais de saúde qualquer alteração que perceberem durante a gestação. Também é importante que elas reforcem as medidas de prevenção ao mosquito Aedes aegypti, com o uso de repelentes indicados para o período de gestação, uso de roupas de manga comprida e todas as outras medidas para evitar o contato com mosquitos, além de evitar o acúmulo de água parada em casa ou no trabalho.
Independente do destino ou motivo, toda grávida deve consultar o seu médico antes de viajar.
-Qual é o repelente mais indicado para a gestante?
Atualmente o repelente mais utilizado é a base de “icaridina” (Exposis) devido ao maior intervalo de aplicação, que é de 10 horas. Os demais repelentes apresentam um intervalo de aplicação menor, dependendo do produto escolhido é importante repassá-lo a cada 6 horas ou a cada 2 horas.
-É necessário tomar algum cuidado na aplicação do repelente?
O repelente deve ser usado somente nas áreas expostas e sobre as roupas. Importante aplicá-lo sempre por último, ou seja, por cima do hidratante, filtro solar ou maquiagem. Saiba mais sobre repelentes na gravidez aqui.
-Há vacina contra o Zika vírus?
Ainda não há vacina contra o Zika vírus.
-O Zika vírus pode causar outras complicações no bebê quando a mãe contrai a doença na gravidez?
Sim. Pesquisas já descobriram que além da microcefalia, contrair o Zika vírus na gestação pode causar outros problemas sérios no bebê. Um estudo da Universidade de Yale descobriu que o Zika vírus na gravidez por causar hidropisia fetal, acúmulo anormal de líquidos nos compartimentos fetais, hidranencefalia, perda quase completa do tecido cerebral, e morte fetal, o bebê nasce natimorto.
De acordo com o Ministério da Saúde, o Zika vírus na gravidez também pode causar mal formação congênita no bebê. Por fim, uma pesquisa publicada na revista científica da American Medical Association Ophthalmology descobriu que contrair o zika vírus na gravidez também pode levar a má formações nos olhos do bebê que podem causar até mesmo a cegueira.
Saiba mais sobre microcefalia aqui. E saiba mais sobre Zika vírus aqui.
Fontes consultadas:
Ministério da Saúde
Rede D’Or São Luiz