‘Com 33 semanas perdi meu bebê por descaso de hospital particular de SP’

Veja o relato da mãe Suzana Brambatti, que perdeu a filha Laura após viver uma situação de descaso em uma maternidade particular
Com 33 semanas de gestação, Suzana Brambatti perdeu sua filha Laura após viver uma terrível situação de descaso em uma maternidade particular de São Paulo. Veja a seguir o depoimento de Suzana sobre o que ocorreu:
“Com 33 semanas de gestação Perdi a minha filha por descaso.
Vou tentar abreviar a minha história que além de longa é dolorosa.
Dia 11 de abril de 2016, grávida de 33 semanas esperando minha Laura, tive uma forte dor na lombar e notei que a minha filha não mexia. A dor vinha de tempo em tempo e a minha barriga endurecia, então, mesmo mão de primeira viagem, desconfiei que fosse contração.
Busquei a maternidade, pois havia escolhido fazer meu parto lá, dentre as poucas opções que meu plano oferecia.
Bom, cheguei a maternidade passei pela triagem, expliquei os sintomas. Era 21:29.
Fui chamada na sala, duas médicas me atenderam, Dra 1 e Dra 2.
A Dra 2 permaneceu sentada e pediu meu cartão pre natal. Ofereci alguns exames que eu tinha ela disse que não precisava. A Dra 1, me fez um exame de toque não havia dilatação, auscultou o coração e estava ainda 158 por minuto o coração da minha princesa. Ela apertou a minha barriga com o indicador e disse sua barriga está mole, isso está longe de ser contração e eu disse que naquele momento não estava tendo, mas se aguardasse ela veria. Ela não fez e ergueu a mão para eu levantar. As duas foram falando de forma como se fossem me medicar e me liberar e eu insisti na dor e ausência de movimentação já completando 4 horas. Pela insistência ela me pediu uma ultrassonografia e anotou a caneta ausência de movimentação fetal.
Desci para o andar da ultra com muita dor e pedi que me passassem na frente. A atendente disse que não era o caso e que existia outros preferenciais na minha frente. 23:30 mais ou menos fiz a ultra, coração ainda estava mais de 130. Continuava sem sentir mas o médico disse que não havia razão para eu me preocupar. E eu, mãe de primeira viagem, acreditei.
Fiz também um exame de urina e ali começou o show de horror.
Fiquei até as 3 horas da manhã esperando sair o exame de urina (sendo que a ultrassonografia considero eu mais importante já estava em mãos). Eu agonizava de dor na sala de medicação, onde eu me instalei por conta própria, pois as cadeiras eram mais confortáveis.
As duas médicas foram atender uma emergência como se eu não fosse, e quando cansada de sentir dor eu pedi ao meu marido que me tirasse dali e fossemos procurar outro hospital.
Nesse momento (3 horas da manhã) outra médica, Dra 3 me chamou.
Ele auscultou o coração. Me fez um exame de toque. Eu nunca senti tanta dor como naquele exame. Eu me contorcia de dor, mal conseguia posicionar as pernas e ela disse grosseiramente Você precisa colaborar!. Quando ela concluiu o exame fui ao banheiro curvada, pois não conseguia sequer erguer a coluna.
Sentei ao lado dela depois que disse Existe algo na sua placenta, mas não consigo entender bem, você precisa voltar as 8 e fazer um exame com doppler porque agora não temos profissional e você está com uma infecção de urina. Me passou um antibiótico e me mandou embora.
Disse à ela que eu não poderia ir embora com aquela dor e que a minha filha ainda não mexia.
Ela me receitou TRAMAL na veia.
Tomei a medicação e novamente muita dor, mas dessa vez era meu auge. Eu não encontrava posição, até que o remédio começou a fazer efeito e adormeci.
NOTEM QUE EM MOMENTO ALGUM ME FIZERAM UMA CARDIOTOCOGRAFIA, exame que detectaria contrações e um possível sofrimento fetal.
Meu remédio acabou, retornei com a DRa 1 dessa vez, que nem olhou na minha cara e me dispensou dizendo que meu atestado estava ali COMO SE EU TIVESSE PASSADO LÁ DENTRO 7 HORAS DURANTE A MADRUGADA POR UM ATESTADO.
Eu ainda sentia dor e ela não mexia. Mas confiar em quem se 3 obstetras me atenderam e me afirmaram que ela estava bem?
Fui dispensada da Zona Leste para a Zona Norte sendo que teria que estar ali de volta dentro de 3 horas, sequer me mantiveram em observação mesmo tendo ministrado medicamento forte, mesmo estando com infecção de urina e mesmo tendo retorno.
Chegando em casa então, comecei uma hemorragia intensa. A ponto de enrolar uma toalha de banho e colocar entre as pernas.
Fomos eu e meu marido imediatamente para outro hospital, mais próximo de casa, pois sabíamos que algo estava muito errado e não teríamos tempo.
Chegando lá fui submetida a uma cesariana de emergência e a minha filha já estava em óbito.
A minha filha faleceu dentro de mim, dando todos os sinais de que algo estava errado, praticamente pedindo socorro e eu a ouvi e tentei fazer alguma coisa mas ninguém me ouviu!
Deixaram a minha filha sofrendo dentro de mim por horas, me fizeram perder ali dentro horas preciosas da vida dela, que poderia ter sido salva. Como não se o seu coraçãozinho batia até as 3 da manhã?
Para a minha surpresa, em consulta ao CREMESP, constatei que NENHUMA DAS MÉDICAS QUE ME ATENDERAM NAQUELA NOITE ERAM OBSTETRAS.
A MINHA REAL INTENÇÃO EM FAZER ESSE RELATO É APENAS PROTEGER OUTRAS MÃES E BEBÊS! EVITAR QUE OUTRAS SUZANAS E OUTRAS LAURAS TENHAM SUA VIDA MODIFICADAS. A DELA INTERROMPIDA TÃO PRECOCEMENTE E A MINHA MARCADA PARA TODO SEMPRE!
Nada mudará isso, mas se eu puder usar da minha dor para proteger outras mulheres e seus filhos, é isso que venho fazer aqui!
Dia 12 de abril de 2016, minha vida mudou para sempre, e eu não vou permitir que tudo seja em vão”.