José Loreto mostra placenta de Débora Nascimento e explica
O ator José Loreto mostrou a placenta de Débora Nascimento e falou sobre um assunto polêmico entre médicos
Há um mês, os atores José Loreto e Débora Nascimento se tornaram pais da pequena Bella. Na última segunda-feira (14/05), eles inclusive celebraram o mêsversário da bebê com uma fofa festinha.
E Loreto decidiu falar sobre um assunto que gera polêmica entre muitos médicos. Ele compartilhou uma foto da placenta de Débora e disse: “Nesta foto eu vejo vida. É que este cordão, além de passar os nutrientes da mãe para o bebê durante a gestação, também têm células-tronco. Estas células podem auxiliar hoje no tratamento de nada menos que 80 doenças. E esse número ainda deve crescer, levando em consideração as mais de 450 pesquisas em andamento. Foi por isso que, entre tantos presentes que poderíamos dar para a nossa Bella, decidimos coletar as células-tronco do sangue do cordão umbilical no momento do parto”, disse o ator. Ele também revelou que as células do cordão umbilical da bebê foram armazenadas em um banco privado de células tronco.
O ator trouxe à tona uma questão polêmica porque o armazenamento das células tronco dos bebês em bancos privados não é orientado por muitos médicos.
Entenda a polêmica sobre o armazenamento de sangue do cordão umbilical
O armazenamento de sangue do cordão umbilical é feito logo após o parto. Porém, fazer o armazenamento deste sangue em um banco privado é uma questão polêmica e que muitos médicos e órgãos internacionais de saúde NÃO orientam.
Mas por que isto não é orientado por tantos profissionais e órgãos de saúde? Bom, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) do Brasil explica esta questão. O sangue do cordão umbilical realmente pode levar ao tratamento de uma série de doenças.
Isto porque ele é uma fonte de células-tronco para o transplante de medula óssea. O transplante é indicado para pacientes com leucemia aguda; leucemia mieloide crônica; leucemia mielomonocítica crônica; linfomas; anemias graves; anemias congênitas; hemoglobinopatias; imunodeficiências congênitas; mieloma múltiplo; Síndrome mielodisplásica hipocelular; Imunodeficiência combinada severa; osteopetrose; mielofibrose primária em fase evolutiva; Síndrome mielodisplásica em transformação; talassemia major, além de outras doenças do sistema sanguíneo e imune (cerca de 70 indicações).
Bom, então se este sangue pode curar tantas doenças por que não armazena-lo? Na verdade, armazenar este sangue pode sim ter muito benefícios comprovados pela ciência, mas apenas quando isso é feito em um banco de armazenamento de sangue do cordão umbilical PÚBLICO.
Isto porque nos Bancos Públicos de Sangue de Cordão Umbilical é possível que pacientes brasileiros encontrem uma amostra compatível com a sua e assim consigam fazer o transplante que pode curá-los.
Quanto mais sangue de cordão umbilical de diversos bebês estiverem armazenados no banco público maiores são as chances de pessoas encontrarem um doador e se curarem. Nestes bancos, a coleta é realizada com controles de qualidade e segurança e as unidades são utilizadas para indicações precisas, sem ônus para o paciente que irá se beneficiar.
Os Bancos Públicos de Sangue de Cordão são a única modalidade recomendada pelos organismos internacionais e por publicações científicas.
Mas e quanto ao banco privado, como foi o caso da filha de José Loreto e Débora Nascimento? Bom, no Banco Privado o sangue do cordão umbilical do bebê é armazenado e a ideia é que ele possa ser usado no futuro caso este bebê venha a ter alguma das doenças mencionadas acima. Ou seja, este sangue poderá ser utilizado apenas pelo bebê que o armazenou.
O problema disso é que não existem publicações extensas sobre os resultados obtidos com uso de cordões armazenados em bancos privados. Ou seja, não se sabe se o sangue do próprio bebê poderá curá-lo caso ele venha a ter alguma doença. “Do ponto de vista científico, não há nenhuma indicação ou evidência consistente de que congelar o sangue de cordão em bancos privados para o próprio uso seja eficiente. Aliás, se uma criança tiver leucemia, é melhor não usar seu próprio cordão para transplante, pois o defeito já poderia estar na célula congelada”, explicou Nelson Hamerschlak, coordenador de Hematologia e Transplante de Medula do Hospital Albert Einstein e presidente do Congresso da Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea (SBTMO), em entrevista ao portal UOL.
Além disso, o INCA destaca que armazenar o sangue do cordão em um banco privado é uma aposta num futuro que a ciência ainda não comprovou. Enquanto no banco público, quanto mais pessoas doarem, já é comprovado que seu bebê e qualquer outra pessoa terá maiores chances de encontrar um doador caso fique doente.
Por fim, o Ministério da Saúde e a coordenação da Rede Brasilcord, que armazena o sangue do cordão umbilical no banco público do Brasil, também são contrários ao armazenamento em bancos privados. Eles têm essa opinião principalmente pela falta de utilidade pública e pela forma enganosa como muitas vezes tem sido feita a propaganda dos bancos privados.
Como posso doar em um banco público?
No Brasil temos o Brasilcord, que é uma rede que reúne os Bancos Públicos de Sangue de Cordão Umbilical. Hoje, estão em funcionamento as unidades do INCA no Rio de Janeiro, do Hospital Albert Einstein, do Hospital Sírio Libanês e dos hemocentros da Unicamp e de Ribeirão Preto, todos no estado de São Paulo. No restante do Brasil estão funcionando as unidades de Brasília, Florianópolis, Fortaleza e Belém. A instalação de bancos em todas as regiões do país é imporante para contemplar a diversidade genética da população brasileira. O INCA é responsável pela coordenação da Rede. A Portaria Ministerial nº 903/GM de 16/08/2000 e o RDC da Anvisa 153 de 14/06/2004 regulamentam os procedimentos da Rede. A criação da Rede Brasilcord foi regulamentada pela Portaria Ministerial nº 2381 de 28/10/2004.
A doação é realizada em maternidades credenciadas do programa da Rede BrasilCord, que reúne os bancos públicos de sangue de cordão. Existem alguns controles no momento da coleta do sangue do cordão, necessários para um bom aproveitamento das unidades. Portanto, não se trata de uma doação universal como ocorre com sangue e que pode ser feita em qualquer hospital ou por qualquer pessoa, sendo limitada aos hospitais que fazem parte do programa.
Fonte consultada
Instituto Nacional do Câncer