Quase todas as gestantes que recebem o diagnóstico de que seus bebês podem ter Síndrome de Down optam pelo aborto na Dinamarca e Islândia
Ao que tudo indica, em poucas décadas não existirão mais pessoas com Síndrome de Down na Dinamarca e nem na Islândia. E o motivo disso é muito triste. Para se ter uma ideia, em média nascem um ou dois bebês com Síndrome de Down na Islândia por ano.
Isto ocorre porque em desde que exames pré-natais mais avançados foram introduzidos nesses países, por volta dos anos 2000, praticamente todas as gestantes que receberam o diagnóstico de que seus bebês poderiam ter Síndrome de Down optaram pelo aborto.
Atualmente, na Islândia 100% das gestantes que recebem o diagnóstico de que o bebê pode ter Síndrome de Down optam pelo aborto. Enquanto na Dinamarca são 98% das gestantes.
Entre os pouquíssimos bebês que nascem com a síndrome, boa parte vem ao mundo não por escolha de suas mães, mas sim por erro do exame pré-natal, que tem 85% de precisão e não apontou que estes bebês tinham a síndrome.
Foi o caso da mãe Thordis Ingadottir da Islândia. Quando ela estava grávida de seu terceiro filho, ela fez o exame e o resultado apontou que as chances de sua bebê ter a Síndrome de Down eram baixíssimas. Mas a pequena Augusta nasceu com a síndrome em 2009. Naquele ano três bebês nasceram com a síndrome, número considerado alto para o país.
Com a convivência com sua filha, Thordis percebeu que pessoas com Síndrome de Down são bem diferentes daquilo que os médicos haviam falado em sua gestação. Ela percebeu que sua filha, assim como as outras crianças sem a síndrome, era completamente capaz de ter uma vida feliz e saudável.
Diante desta percepção, ela se tornou a presidente da Associação de Síndrome de Down da Islândia e luta para que as gestantes em seu país parem de ser informadas sobre a síndrome de forma tão negativa.
Ela também luta para que sua filha seja completamente integrada na sociedade. “Eu espero que minha filha seja completamente integrada nesta sociedade. Este é o meu sonho. E não seria essa a necessidade básica de qualquer ser humano?”, disse Thordis em entrevista ao canal americano CBS.
Mas apesar dos esforços de Thordis, a altíssima quantidade de abortos de bebês com Síndrome de Down continua no país. Para a geneticista islandesa Kari Stefansson, a Islândia praticamente já eliminou a Síndrome de Down no país. “Minha percepção é de que nós basicamente erradicamos a Síndrome de Down da nossa sociedade”, disse em entrevista a CBS.
Ao ser questionada sobre o que achava do fato da Síndrome de Down estar sendo eliminada do país, Kari respondeu: “Isto significa para mim que o aconselhamento genético está avançando muito e não acho que isso seja bom, pois está impactando em decisões que não são médicas. Não vejo problemas em querer ter um bebê saudável, mas o que está sendo feito para conseguir isso que é o problema”, concluiu Kari.