Pai mostra filho que nasceu morto após mãe passar por 4 maternidades
O pai desabafou sobre a perda do filho após ele e a esposa irem vários dias para maternidades em busca de ajuda
Uma triste imagem acompanhada de um desabafo viralizou nas redes sociais. Trata-se de uma postagem feita pelo pai José Elias da Silva de Teotônio Vilela, Alagoas. O pai postou uma foto de seu filho que nasceu morto na última terça-feira (19/06) na Maternidade Santa Mônica em Maceió.
O pequeno faleceu após José e a esposa grávida de nove meses, Maria Quitéria de Oliveira Moreira, passarem por quatro maternidades. De acordo com o pai, ele estava levando a esposa para o Hospital Municipal Nossa Senhora das Graças de Teotônio Vilela desde quinta-feira (14/06) e era orientado a voltar para casa. “Indignado. Em pleno século XXI. Desde quinta-feira que levo minha esposa pro hospital de Teotônio e o pessoal do hospital mandado ela pra casa. Perdendo líquido e a resposta era esperar e ir pra casa. Resultado tá aí meu filho morto. Não consigo aceitar que isso ainda ocorra na saúde pública”, desabafou o pai ao postar a foto do filho falecido em suas redes sociais.
A família passou por quatro hospitais até que o parto fosse realizado. Primeiro, eles foram atendidos no Hospital municipal Nossa Senhora das Graças de Teotônio Vilela. De lá foram encaminhados de ambulância para a Santa Casa de Misericórdia de São Miguel dos Campos de acordo com a secretária de saúde de Teotônio Vilela, Izabelle Monteiro Alcântara Pereira, a transferência foi necessária devido à falta de recursos do hospital para lidar com o caso.
Mas ao chegar na Santa Casa de São Miguel dos Campos a gestante não foi recebida porque o local alegou que faltavam materiais para os procedimentos do parto. Ela então seguiu para Maceió, que fica a 64 quilômetros de distância de São Miguel dos Campos.
Em Maceió ela foi para a Casa de Saúde e Maternidade Nossa Senhora de Fátima e deste hospital foi encaminhada para a maternidade Santa Mônica onde o parto cesárea foi realizado. Porém, o bebê não resistiu e nasceu morto.
Os familiares relataram que a parturiente havia pedido por uma cesárea, mas não foi atendida pelos hospitais, que de acordo com ela queriam que esperasse pelo parto natural.
Em nota, a secretária Izabelle Pereira disse que não houve negligência do hospital municipal de Teotônio Vilela com o caso e que a parturiente foi acompanhada por profissionais de saúde até a transferência para a maternidade Santa Mônica.
Já a Maternidade Escola Santa Mônica emitiu uma nota sobre o caso na qual afirmou que a mãe segue internada na unidade e que o bebê já se encontrava sem batimentos cardíacos quando chegou. Ainda de acordo com a nota, a falta de batimentos já havia sido apontada no prontuário da Maternidade Nossa Senhora de Fátima, a primeira para a qual parturiente foi encaminhada ao chegar em Maceió.
Confira as duas notas na íntegra a seguir:
Nota da Maternidade Escola Santa Mônica:
“A Maternidade Escola Santa Mônica, informa que a paciente Maria Quitéria de Oliveira Moreira advinda do município de Teotônio Vilela encontra-se na unidade. A paciente veio para a MESM após passar pela Maternidade Nossa Senhora de Fátima, quando, de acordo com informações do encaminhamento no prontuário, o bebê já se encontrava sem batimentos cardíacos. Maria Quitéria deu entrada na Santa Mônica, encaminhada pelo CORA, já em trabalho de parto. A paciente foi encaminhada para a unidade devido a hipertensão arterial e possível necessidade de UTI Materna. A equipe da MESM realizou todos os procedimentos necessários, mas infelizmente o bebê já se encontrava em óbito.”
Nota da secretária de saúde de Teotônio Vilela, Izabelle Monteiro Alcântara Pereira:
“A respeito do evento Noticiado nos Meios de Comunicação locais e redes sociais nos dias 18 e 19 de junho de 2018, segundo o qual a gestante de iniciais M.Q.O.M teria recebido atendimento médico inadequado no Hospital Municipal Nossa Senhora das Graças, culminando com a morte de seu bebê, cumprimos o dever de prestar os seguintes esclarecimentos à comunidade:
A Gestante acima citada procurou o Hospital Municipal em trabalho de parto queixando-se de “perda de líquido”, sendo prontamente atendida pela equipe plantonista, que a manteve sob observação e tomou todas as condutas indicadas para o quadro clínico. Durante a evolução do trabalho de parto a equipe evidenciou necessidade de encaminhamento da gestante a Santa Casa de Misericórdia de São Miguel dos Campos, Hospital de Referencia na Região para o atendimento. Neste momento, a Gestante Sra. M.Q.O.M deixou a maternidade estável, com movimento e batimentos fetais sem alterações, mantida sob cuidado supervisionado, através de ambulância do município com suporte adequado e devidamente acompanhada por uma profissional da saúde, conforme protocolo de rotina. Ocorre, que o hospital referência para a Cidade de Teotônio Vilela/AL, ou seja, a Santa Casa de Misericórdia de São Miguel dos Campos, não estava recebendo novas gestantes, alegando ausência de material para procedimentos, o que tornou a transferência mal sucedida. Após sua negativa na Santa Casa de Misericórdia de São Miguel dos Campos, a gestante fora orientada a seguir viagem a cidade de Maceió, especificamente Casa de Saúde e Maternidade Nossa Senhora de Fátima, sendo avaliada e encaminhada para a maternidade Santa Mônica, também na cidade de Maceió, onde ocorreu o parto. Todo o transporte foi feito em ambulância oficial, acompanhada por profissional de saúde e familiar da paciente, bem como toda a história clínica devidamente documentada. Assim, vale salientar que nas dependências do Hospital Municipal Nossa Senhora das Graças em Teotônio Vilela, Estado de Alagoas, a paciente recebeu todos os cuidados necessários e possíveis, em tempo oportuno e de acordo com os protocolos estabelecidos pelo Ministério da Saúde e OMS. Diferente do noticiado nas redes sociais, não houve negligência ,imperícia, imprudência, omissão ou qualquer outra conduta que possa justificar o bombardeio de informações e críticas a Gestão Hospitalar. Pelo contrário, diariamente o hospital atende cerca de 300 pacientes e realiza uma média de 30 partos, o que significa que ele cumpre fielmente seu papel de salvar vidas e atender dignamente a população Vilelense. Ocorre que a ausência de leitos para tratamento especializado é um problema enfrentado por todos os municípios de Alagoas, não sendo exclusivo de Teotônio Vilela, carecendo de investimentos dos Governos Estadual e Federal. Aos municípios, como é o nosso caso, cabe solicitar a vaga aos Hospitais de Referência (Santa Casa de Misericórdia de São Miguel dos Campos) e acompanhar o processo, o que fielmente foi realizado. A Secretaria Municipal de Saúde, Direção do Hospital e os profissionais envolvidos no atendimento à paciente, nos solidarizamos profundamente com a dor da família em luto e afirmamos que nunca omitimos ou omitiremos socorro e que lamentamos imensamente não poder salvar as vidas que chegam até nós de forma irremediável, lamentando profundamente o ocorrido e se prontificando a ficar à disposição para prestar os esclarecimentos que se fizerem necessários, inclusive com a devida abertura de inquérito administrativo para apuração dos fatos e aplicação de possíveis penalidades”.