Bebê fica gravemente doente porque sua mãe comeu a própria placenta
O pequeno ficou com uma Infecção Perinatal pelo estreptococo do grupo B devido à bactéria presente na placenta
Comer placenta. Esta prática tem se tornado muito conhecida no Brasil e no mundo, especialmente após muitas famosas, como Bela Gil e Kim Kardashian, terem aderido à prática e falado sobre seus supostos benefícios.
Porém, este é um assunto muito complexo e é preciso analisa-lo com muito cuidado. Isto porque ao contrário do que as famosas têm defendido, NÃO HÁ NENHUMA comprovação científica de que comer placenta, seja crua, cozida ou em capsulas, proporcione qualquer benefício para a mãe ou o bebê.
Para se ter uma ideia, uma revisão de dez estudos sobre o assunto publicada na revista científica Archives of Women’s Mental Health descobriu que não é possível comprovar nenhum dos supostos benefícios atribuídos ao ato de comer a placenta. Estes supostos benefícios seriam: aumentar a produção de leite, reduzir o risco de depressão pós-parto e aumentar a concentração de ferro no organismo da mãe.
Quanto à questão do ferro, outro estudo também comprovou que comer placenta não aumenta a concentração de ferro no organismo. A pesquisa publicada na revista científica The Journal of Midwifery & Women’s Health concluiu que ingerir placenta não aumenta a concentração de ferro no organismo da mãe.
“Ahn, mas mal não faz!”
Tudo bem, não há nenhuma comprovação científica sobre os benefícios de comer placenta, mas o que muita gente pode pensar é: “Ahn, mas mal não faz. Então, vou comer”. E mais uma vez, não é bem assim.
Ocorre que assim como não houve nenhuma comprovação científica dos benefícios de comer placenta, nenhum estudo analisou se havia riscos no consumo da placenta. Ou seja, até o momento não se sabe se o ato de comer a placenta pode causar problemas para a mãe ou o bebê.
O caso do bebê nos Estados Unidos
E agora, um caso divulgado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças do Governo dos Estados Unidos (CDC) trouxe mais uma preocupação para esta questão. O CDC relatou que um bebê ficou gravemente doente porque sua mãe consumiu a própria placenta encapsulada nos dias após o parto.
O bebê nasceu em Oregon, Estados Unidos, muito saudável. Porém, algumas horas depois começou a apresentar problemas para respirar. Após exames médicos foi diagnosticado que o pequeno estava com infecção Perinatal pelo estreptococo do grupo B. O pequeno recebeu este diagnóstico mesmo após sua mãe ter feito exame com 37 semanas para detectar a bactéria, como toda gestante faz, e ele ter tido resultado negativo.
Esta doença não causa grandes complicações nos adultos, mas é muito grave e pode ser fatal nos recém-nascidos. Além disso, a condição pode levar a danos cerebrais e paralisia cerebral e meningite bacteriana no bebê. Estreptococo do grupo B é uma bactéria que frequentemente fica no intestino ou nos genitais e pode ser transmitida ao bebê durante a gestação ou por meio do parto ou amamentação.
O pequeno recebeu rapidamente tratamento com antibióticos por parte da equipe médica e se recuperou da doença. Após estar curado, o pequeno foi liberado para ir para casa. Porém, logo que chegou em casa o bebê voltou a apresentar problemas de saúde e seus pais tiveram que ir correndo novamente para o hospital.
O bebê havia contraído novamente a infecção Perinatal pelo estreptococo do grupo B. E os médicos não conseguiam entender o motivo, pois ele e sua mãe haviam sido tratados. Após conversarem com a mãe, eles souberam que ela estava tomando capsulas de sua placenta.
Os médicos analisaram as capsulas e descobriram que a placenta estava contaminada com a bactéria e o bebê foi contaminado novamente porque a bactéria das capsulas da placenta que a mãe ingeriu estavam passando para o leite materno e contaminando o bebê. A mãe parou de tomar as capsulas, o bebê fez um novo tratamento e agora passa bem.
A função da placenta
Temos que ter em mente que uma das principais funções da placenta é evitar que substâncias perigosas entrem em contato com o bebê. Então, algumas dessas substâncias podem sim acabar ficando na placenta, como foi o caso desta bactéria.
Enfim, comer ou não a placenta é um decisão que deve ser muito discutida com seu médico e é preciso que a mãe leve em conta todos os fatores levantados acima.