Pesquisas associam uso de talco com câncer de ovário

Bruna Stuppiello

A Agência Nacional de Pesquisas sobre Câncer classificou o talco como um possível agente cancerígeno se usado nos genitais femininos

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Centenas de mulheres nos Estados Unidos estão processando a empresa Johnson & Johnson alegando que o talco fez com que elas desenvolvessem câncer de ovário. De fato, essas acusações não são feitas em vão. Pesquisas desde 1971 vem associando o uso de talco com câncer no ovário, especialmente entre as mulheres negras, que apresentaram 44% mais chances de ter a doença devido ao uso de talco do que as mulheres brancas.

A Johnson & Johnson alega que seu produto é seguro. Porém, a Agência Internacional de Pesquisas sobre Câncer classifica desde 2006 o talco como um possível agente cancerígeno se usado por mulheres em seus genitais.

A Johnson & Johnson alega que as pesquisas associando o talco com o risco de câncer são falhas. “Nós também temos filhos, nós nunca venderíamos um produto que não consideramos seguro”, diz Tara Glasgow, responsável pelas pesquisas dos produtos da empresa Johnson & Johnson.

Os especialistas estão divididos sobre os riscos do talco. “Nunca saberemos com certeza se a exposição ao talco causa ou não a doença. No caso de alguns produtos podemos ter 99% de certeza, mas nunca é uma garantia completa”, diz o Dr. Shelley Tworoger, professor associado de medicina e epidemiologia da Universidade de Harvard, em entrevista ao jornal New York Times.

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O que as pesquisas dizem

Em 1982, o professor da Universidade de Harvard, Dr. Daniel W. Cramer, e seus colegas, compararam 215 mulheres com câncer de ovário e outras 215 mulheres saudáveis. Mulheres que haviam usado talco tinham duas vezes mais chances de ter câncer de ovário e aquelas que faziam o uso regular do talco apresentaram até três vezes mais chances de ter câncer de ovário.

Pelo menos 10 estudos subsequentes a este também apontaram os riscos do uso de talco por mulheres. Porém, um pequeno número de estudos não mostrou esta relação.

Quando os pesquisadores decidiram analisar todas as pesquisas sobre o assunto, o que envolvia cerca de 20 mil mulheres, eles descobriram que o uso de talco aumenta em 24% as chances da mulheres ter câncer de ovário.

Lembrando que independente da relação entre talco e câncer, o produto já não era orientado para a troca de fraldas. “O pó do produto produz uma névoa que quando é aspirada pode causar ou piorar problemas respiratórios e alérgicos como também provoca o ressecamento da pele do bebê”, explica a enfermeira obstetriz Thalita Halasc, do Hospital e Maternidade Santa Joana.

*Com informações do jornal The New York Times


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