O que é, como funciona e quais as características do baby talk?

Saiba tudo sobre o baby talk

Estudos revelam que o uso de baby talk favorece o processo de desenvolvimento da linguagem infantil. Saiba mais sobre essa prática!

Fique bem informado, nos siga no Google Notícias


BooolaaaBaaanaaanaaa. Você já falou ou viu algum adulto falando assim com uma criança? Essa maneira de se comunicar é chamada de baby talk, algo natural e instintivo que fazemos por causa do afeto que os bebês despertam em nós.

Trata-se de uma adaptação da nossa fala para estimular o desenvolvimento da linguagem e o cérebro infantil. Levando o bebê a se sintonizar socialmente e a querer responder. Neste artigo, mostramos as principais características desse estilo de conversa direcionada a crianças, quais as respostas cientificamente comprovadas que ele gera e como trabalhar a oralidade em casa. Confira!

Características essenciais do baby talk

O “maternalês” (ou “paternalês”) está presente em quase todas as línguas. Além de dar ao bebê uma sensação de segurança e conforto, ele promove experiências que acendem tanto a região do córtex auditivo quanto as áreas motoras responsáveis pela fala. Sua aplicação consiste em:

  • usar um tom de voz mais agudo;
  • hiperarticular as vogais;
  • combinar a linguagem oral com gestos e mímicas;
  • encurtar e simplificar os enunciados;
  • falar em um ritmo mais lento, “fofinho” e melódico;
  • fazer conexões frequentes com o contexto;
  • repetir trechos da fala ou frases inteiras, com entonação ascendente.
O baby talk estimula o cérebro infantil
Shutterstock Falar devagar é uma das formas de aplicar o baby talk

Estudos e análises sobre o uso de baby talk

Um estudo da Universidade de Washington reuniu 48 famílias. A pesquisa treinou os pais para usarem esse estilo de fala com seus bebês de 6 meses de idade. Quando estes completaram 18 meses, a análise das gravações apontou que o vocabulário deles era formado por cerca de 100 palavras. Enquanto a média dos que estavam fora do grupo de controle era de 60 palavras.

Fique bem informado, nos siga no Google Notícias


No Brasil, a professora Cristiane Schnack, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), fez uma análise etnográfica para entender o uso de baby talk como parte da socialização da linguagem no contexto doméstico de duas famílias. Ao final, o estudo mostrou que a prática e seus impactos sobre as crianças variam conforme a rotina familiar.

Na primeira família, a pesquisadora notou que esse recurso funcionava basicamente como um instrumento comunicativo-afetivo. Quando a criança estava fragilizada (por causa de um ferimento no dedo, por exemplo). Ou seja, os pais a colocavam no centro das atenções apenas em situações críticas, definidas por eles. Nos demais momentos, cabia a ela “se fazer ouvir”, aproximando-se do modo de falar dos adultos.

Na segunda, Schnack observou que a criança era centralmente posicionada nas interações, como em conversas enquanto passava um programa infantil da TV. Assim, ela era estimulada dia após dia a se desenvolver e a construir discursivamente o seu mundo. A responsabilidade de torná-la uma parceira interativa era dos adultos (como deve ser), quando eles usavam o baby talk para se adaptarem ao universo infantil.

Dicas para estimular a linguagem do bebê

Fechando o nosso conteúdo, separamos dicas de como facilitar o desenvolvimento da oralidade do seu filho:

  • fale como se estivesse sentindo o gosto de cada palavra e varie as entonações, para que a criança perceba as diferenças — por exemplo, “a bola é bonita”, “a bola é bonita?”, “a bola é bonita!”;
  • conte histórias simples, mas que sejam cativantes e com ilustrações repletas de cores primárias — ao ler, aponte as figuras relacionadas às palavras e incentive seu filho a fazer o mesmo;
  • faça contato visual ao falar, agachando-se para conversar se for preciso — essa prática é importante durante a interação, pois a criança faz leitura labial no processo de desenvolvimento da linguagem;
  • deixe seu filho terminar de falar e continue o diálogo, corrigindo sutilmente eventuais erros — se ele pedir “ága”, por exemplo, devolva com uma pergunta enfatizando a palavra correta (“Você quer água?”).
Abaixar para falar com o bebê facilita o baby talk
Shutterstock A leitura labial facilita o desenvolvimento do baby talk

Como vimos, o baby talk promove boas respostas dos pequenos durante o processo de aprendizado da fala, no qual os pais têm um papel fundamental. Outra recomendação é buscar um fonoaudiólogo, que é o profissional mais indicado para passar exercícios que trabalhem a oralidade de acordo com as necessidades do seu filho.

E aí, você adota essa prática com o seu bebê? Como ele responde aos estímulos? Deixe um comentário contando a sua experiência.


Compartilhe essa notícia