Os médicos já alertaram para os riscos de se comer placenta ou tomar cápsulas de placenta, como fez Mayra Cardi
Na última quarta-feira (31/10), a coach Mayra Cardi surpreendeu diversos internautas ao revelar que está tomando cápsulas de sua placenta. Ela deu à luz sua filha Sophia há cerca de uma semana e optou por tomar as cápsulas.
A coach falou sobre sua decisão e os supostos benefícios de ingerir a placenta. “Falei para vocês da placenta e não expliquei o que era. Para minha surpresa a minha cesárea foi a mais humanizada que eu poderia ter. Eles entenderam que eu queria o parto humanizado e eles respeitaram até o último segundo. Primeiro que eles tentaram de tudo, foram até o meu limite de ter parto normal no hospital e só então fomos para a cesárea. Ela (médica) virou para mim e falou: ‘o que você quer que eu faça e o que você não quer?’. Eu falei, eu não quero que corte ela da placenta, quero que deixe lá o tempo que for necessário. E eles fizeram isso. Ela ficou na placenta até a hora que realmente precisava, a hora que deu. Eles deram a placenta para a gente guardar, a gente guardou. E para quem não sabe a placenta tem inúmeros nutrientes. Ali tem vários nutrientes que a grávida perde durante o parto que ela precisa repor. Inclusive tem várias comprovações teses cientificas que ela ajuda a prevenir a depressão pós-parto. Para mim é difícil comer a placenta, mas eu mandei fazer em cápsulas. Ajuda a produzir mais leite também, segundo essas pesquisas. Eu gostei e mal não vai fazer, se todos os animais comem é porque tem proveito”, afirmou Mayra.
Tomar cápsulas de placenta, como Mayra Cardi, apresenta riscos
Mayra Cardi acertou ao afirmar que é importante deixar o recém-nascido ligado ao cordão umbilical, e consequentemente a placenta pelo tempo que o pequeno precisar. Esta atitude realmente proporciona benefícios para os bebês, como menor risco de desenvolver anemia no futuro.
Porém, a coach ERROU ao afirmar que comer placenta possui benefícios cientificamente comprovados. De acordo com a revista científica American Journal of Obstetrics & Gynecology, uma das mais importantes do mundo na área da ginecologia e obstetrícia, não há comprovação científica de que comer placenta proporcione qualquer benefício para a mãe ou o bebê. “Nós descobrimos que não há evidência científica de qualquer benefício clínico em comer placenta entre os seres humanos e nenhum nutriente da placenta ou hormônios são retidos em quantidade suficiente após o encapsulamento da placenta ao ponto de poder potencialmente beneficiar as mães”, afirmou a revisão sobre o assunto publicada no American Journal of Obstetrics & Gynecology.
Além disso, tanto o American Journal of Obstetrics & Gynecology quanto o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) alertaram para os riscos que comer placenta pode causar para o bebê.
Ocorre que o CDC realizou em 2017 um alerta para os riscos de se comer placenta ou tomar cápsulas de placenta. Isto porque um recém-nascido contraiu infecção Perinatal pelo estreptococo do grupo B porque sua mãe estava tomando cápsulas de sua placenta, que estava infectada com a bactéria. Ao ser ingerida, a bactéria passou da placenta para o leite da mãe e então para o bebê.
Esta doença não causa grandes complicações nos adultos, mas é muito grave e pode ser fatal nos recém-nascidos. Além disso, a condição pode levar a danos cerebrais e paralisia cerebral e meningite bacteriana no bebê.
Após este caso, tanto o CDC quanto os médicos autores da revisão de estudos sobre ingerir placenta publicada no American Journal of Obstetrics & Gynecology NÃO orientam que as mulheres ingeriam suas placentas.
A ingestão de placenta em qualquer forma, vitamina, cápsula, entre outras, NÃO é orientada. “O Centro de Controle e Prevenção de Doenças recomenda que a ingestão de cápsulas de placenta deve ser evitada devido à erradicação inadequada de patógenos infecciosos durante o processo de encapsulação. Portanto, em resposta a uma mulher que manifesta interesse pela placentofagia (ato de comer placenta), os médicos devem informá-la sobre os riscos relatados e a ausência de benefícios clínicos associados à ingestão. Além disso, os médicos devem perguntar sobre uma história de ingestão de placenta em casos de infecções maternas ou neonatais no pós-parto, como por Streptococcus do grupo B. Em conclusão, médicos que oferecem a opção de comer placenta para as mulheres não estão agindo com responsabilidade. Além disso, como a placentofagia é potencialmente prejudicial e sem nenhum benefício documentado, os médicos devem desencorajar esta prática entre as mulheres”, concluiu a revisão de estudos publicada no American Journal of Obstetrics & Gynecology.
Saiba mais sobre os riscos de ingerir a placenta.