Parto humanizado: guia geral para entender mais sobre ele
Bem-estar, segurança e tranquilidade são alguns dos pilares do parto humanizado
Entender a importância do parto humanizado ajuda na implementação de políticas de atenção à saúde obstétrica, já que o nascimento é um dos momentos mais marcantes entre mãe e bebê. Esse processo exige habilidade de todos os profissionais envolvidos e se inicia logo após os primeiros sinais do trabalho de parto.
Assim, vamos explicar para as futuras mamães os conceitos e as características relacionadas ao parto humanizado. Entenda como ele funciona e quais são as principais diferenças em relação aos outros tipos de partos. Veja, ainda, como a humanização desse momento pode influenciar na criação de vínculos afetivos e no futuro desenvolvimento mental e físico da criança.
O que é parto humanizado?
A definição de parto humanizado passa pela importância de tornar a mulher a protagonista desse momento. Além disso, o maior diferencial é priorizar um nascimento que esteja de acordo com os preceitos de defesa da humanização da assistência neonatal. “Parto humanizado é um conceito que envolve basicamente o respeito que a mulher precisa no parto. Todas deveriam ter direito ao parto humanizado”, afirma o ginecologista e obstetra Alberto Guimarães, fundador da Parto Sem Medo.
Vale destacar, ainda, que o nascimento não pode ser visto somente como um evento médico, pois também assume um caráter familiar, social e emocional. Isso justifica a ideia de que os profissionais de saúde devem adotar uma postura que encara o nascimento como um evento único, algo essencial para dar mais segurança à mulher e aliviar a dor no parto normal.
Desse modo, a vontade da mulher deve ser respeitada, já que o parto é um acontecimento natural e que não necessariamente exige interferências. Um dos diferenciais do parto humanizado é que as decisões da gestante superam quaisquer outras, exceto se houver intercorrências que coloquem em risco a vida dela e a da criança.
Por isso, a humanização do nascimento exige condutas específicas e que vão muito além dos processos adotados em um parto convencional. O ideal é que esse evento seja realizado por uma equipe multidisciplinar capacitada e experiente, em ambientes adequados, confortáveis e que possam proporcionar a segurança necessária à defesa da vida.
O que diferencia o parto humanizado dos outros métodos?
Diferentemente das outras modalidades de nascimento, o parto humanizado é aquele que se caracteriza por respeitar a decisão da mãe e o tempo de nascimento do bebê. Nesse tipo de parto, não há nenhuma intervenção médica e, dependendo da situação, o procedimento pode ser feito até mesmo em casa!
A ideia da humanização é que o nascimento ocorra de forma natural, que os eventos fisiológicos sejam respeitados e que tudo aconteça no seu tempo. Algumas mulheres podem ficar entre 16 e 18 horas em trabalho de parto, enquanto nos outros métodos o nascimento ocorre de forma bem mais rápida.
No parto normal, muitos profissionais de saúde optam por instrumentos como fórceps e procedimentos como a episiotomia, um corte que é feito na região perineal para facilitar a passagem do bebê. Já na cesárea, a criança é retirada do útero de forma abrupta, condição que a deixa assustada e insegura, não apenas pelo primeiro contato com a luminosidade do ambiente externo, mas também pelos ruídos.
Além disso, o processo de nascimento utilizado por esses métodos é bem diferente: ao nascer, o bebê é levado imediatamente para exames, procedimentos de protocolo e banho. Essa prática é prejudicial à construção do vínculo afetivo entre a mulher e a criança, já que, na maioria das vezes, a realização desses procedimentos demora horas. Só depois o bebê chega ao colo da mãe para a amamentação.
Por outro lado, no parto humanizado, a criança tem tempo de se preparar para a sua chegada ao mundo. A liberação hormonal, o trabalho dos músculos e o ato natural de “expulsão” do útero são processos que ajudam o feto a “entender” que chegou a sua hora. De forma muito natural e espontânea, a humanização do parto garante que a mamãe tenha um contato inicial com o bebê, o que possibilita confortá-lo assim que ele nasce.
Quais as vantagens do parto humanizado?
A chegada de um bebê é um momento que gera grande expectativa. Além disso, o desejo dos pais é que a vinda do seu filho ao mundo ocorra de uma forma bem leve, tranquila e segura. Pelo próprio ato em si, o nascimento envolve amor, afeto e respeito – coisas essenciais para o processo de humanização do parto.
Vale destacar também que o parto é um momento marcado por muita intensidade, o que o torna uma experiência grandiosa que pode marcar para sempre a vida de uma mulher. Ao dar à luz, a mamãe terá uma grande chance de experimentar diferentes sensações e sentimentos que ajudam a construir o vínculo com o filho, além de fortalecê-la como mulher.
Listamos algumas das vantagens que o parto humanizado pode simbolizar para a mamãe e o bebê. Veja quais são!
Para a mulher
Uma das principais características do parto humanizado é que esse modelo considera o protagonismo da mãe. Especialistas afirmam que esse é um dos benefícios mais importantes assegurados pela assistência humanizada. Sob o ponto de vista psicológico, o fato de a mulher saber que ela só vai sofrer intervenções se houver muita necessidade a deixa mais tranquila e mentalmente mais leve.
Nessas circunstâncias, os benefícios emocionais também são maiores, já que ela pode contar com uma equipe multidisciplinar para prover o apoio adequado, o amparo e o acolhimento necessários nesse momento tão especial de sua vida. Tais fatores tornam a assistência humanizada ao parto um aspecto que influencia positivamente a saúde física e mental.
Outro ponto importante se refere ao tempo de recuperação da mulher. Nas outras modalidades de parto, principalmente na cesariana, o resguardo no pós-parto exige muito mais cuidado. No parto humanizado, a dinâmica mais natural do nascimento torna o processo de reabilitação bem mais rápido. A mulher precisa, sim, permanecer em repouso, mas voltará logo às suas atividades de rotina.
A duração do trabalho de parto pode exigir mais tempo, mas, mesmo assim, esse método é bem mais vantajoso que os demais. Como não há intervenção cirúrgica, os riscos de infecção são menores.
A dor no pós-parto também é praticamente nula, já que a gestante não toma nenhuma anestesia. Quando analisamos essa modalidade de nascimento conseguimos identificar importantes vantagens, tanto para a gestante quanto para o bebê.
Para o bebê
Um dos diferenciais da humanização do parto é que essa modalidade só passa a considerar a possibilidade de intervenções, por exemplo, a cesariana, como a última opção de escolha, o que deverá ser estritamente justificado. Para os bebês, a passagem pelo canal vaginal resulta em importantes vantagens ao seu desenvolvimento.
Além de garantir benefícios para o fortalecimento da defesa imunológica, ainda existem vantagens para o sistema respiratório que reduzem os riscos de algumas doenças, principalmente na primeira infância. Ao passar pelo canal do parto, o líquido acumulado nos pulmões é eliminado e isso diminui as chances de doenças respiratórias.
Também já foi observado que os bebês que nascem pelo parto humanizado tendem a chorar menos, o que demonstra que essa dinâmica de parto é menos traumática que as demais. Ao ter respeitada a sua hora, o bebê se sente pronto para nascer e mais seguro para enfrentar o seu novo ambiente.
Desse modo, ele nasce de uma forma mais tranquila, emocionalmente saudável e com a garantia de ser recebido em um ambiente amável e acolhedor. Na primeira mamada, ele já reconhece o cheiro da mãe e o interpreta como a certeza de uma proteção semelhante à que experimentou no útero.
Quais são as características desse parto?
Listamos algumas das principais características dessa modalidade de parto. Confira!
Direito ao acompanhante
A gestante tem o direito ao acompanhante durante o trabalho de parto e nas primeiras horas após o nascimento do bebê. Ter a oportunidade de escolher ao menos um acompanhante durante esse momento tão delicado é um dos diferenciais que tornam o parto ainda mais humanizado.
Comunicação mais eficaz
A equipe multidisciplinar, que inclui médicos obstetras, enfermeiros, psicólogos e, às vezes, até doulas, tem o dever de informar à parturiente tudo o que está acontecendo durante o seu parto. Isso ajuda a reduzir frustrações, caso haja alguma intercorrência que leve à decisão médica para outro caminho.
Atenção e cuidados específicos
Priorizar a atenção e o cuidado são princípios fundamentais nesse tipo de parto. A equipe deve estar focada no respeito à confidencialidade, dignidade e privacidade da gestante, assim como de seu cônjuge e de outros familiares que estiverem ali presentes. Um artigo da Fiocruz sobre os cuidados com a mulher em trabalho de parto, escrito com base nas orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS), ressalta a importância de tornar esse momento uma experiência positiva para mulher e sua família.
Incentivo à alimentação e à hidratação
Durante o procedimento de um parto humanizado, a equipe deverá orientar a gestante sobre a importância de se manter bem alimentada e hidratada. Ter esse cuidado é fundamental para que a mulher tenha força suficiente para ajudar a equipe na realização do procedimento.
Uso de técnicas para prevenir lesão perineal
Assim como os médicos presentes, os demais componentes da equipe de assistência ao parto humanizado devem utilizar técnicas que visam o alívio da dor e a prevenção de lesões perineais. Para reduzir os riscos de ruptura do períneo, o ideal é incentivar a realização de exercícios de agachamento, fazer massagens e utilizar compressas quentes.
Qual o papel da doula?
A função de doula existe desde a Grécia Antiga, quando já havia o costume de chamar assim as escravas que desempenhavam a atividade de acompanhamento da gestação e do parto das esposas dos imperadores daquela época. Ainda que fosse uma função de escravos, a doula recebia orientação e treinamento para desenvolver esse importante trabalho que utiliza diferentes métodos que diminuem a dor no parto.
Ao longo da história, o papel das doulas ficou reconhecido em outros países e, aos poucos, esse nome foi adotado pelas enfermeiras assistentes de parto. Atualmente, as profissionais que desempenham essa atividade têm habilidades específicas e conhecimento teórico e prático para acompanhar todo o período gestacional, o trabalho de parto e o puerpério.
No Brasil, essa função ganhou mais destaque nas últimas décadas, principalmente após o crescimento da importância da assistência humanizada focada na promoção do bem-estar e em tudo que envolve a saúde emocional da mulher. Aspectos como o desenvolvimento da confiança e a noção de segurança são importantes diferenciais que tornam esse trabalho cada vez mais reconhecido.
Como decidir se o parto humanizado é o certo?
Assim que a mulher descobre a gravidez, a escolha do tipo de parto é algo que começa a rondar a sua cabeça, desde a primeira consulta pré-natal até a chegada desse grande momento. Algumas mulheres conseguem fazer um planejamento e manter uma prévia organização que possibilita escolher o modo como querem que seu filho chegue ao mundo.
No entanto, a maioria delas apresenta muitas dúvidas até o terceiro trimestre de gestação. Na verdade, há vários fatores que determinam a escolha do tipo de parto ideal. Um dos mais relevantes é o estado clínico da gestante, que é periodicamente avaliado durante a realização do pré-natal. Segundo um estudo do Scielo, além das condições de saúde da mulher, também é preciso respeitar a autonomia dela.
Desde que não exista nenhuma intercorrência que impossibilite a opção pelo parto humanizado, esse modelo de nascimento pode ser escolhido. Por isso, o acompanhamento pré-natal e a realização de todos os exames são de extrema importância para a segurança da avaliação médica quanto à condição clínica da mamãe e do bebê.
Ou seja, mesmo que a mãe opte por um parto humanizado, é preciso avaliar os riscos que as intercorrências podem representar. Redução de líquido amniótico ou quadros que levem ao sofrimento fetal são razões que justificam a decisão do médico por outra modalidade de parto, como a cesária, por exemplo. Nessas condições, a defesa da vida supera a preferência da mulher pelo tipo de parto.
Como você pôde perceber, a decisão pela modalidade do parto mais adequado é sempre aquela que preza pelo bem-estar e uma boa saúde da gestante e da criança. Por isso, o ideal é fazer o acompanhamento pré-natal e conversar com o seu médico para que ele avalie as condições de manter a sua decisão pelo parto humanizado.
Agora que você já sabe tudo sobre parto humanizado, curta nossa página no Facebook e acompanhe mais novidades!