Entenda o que se passa na cabeça do bebê
Saiba quais os pensamentos, como é o aprendizado e a memória do bebê
Veja o que os especialistas já sabem sobre os pensamentos, memória e capacidade de aprendizado dos bebês:
Pensamentos do bebê
Ainda não se sabe muito sobre os pensamentos do bebê. Porém, algumas informações já são conhecidas. “O bebê tem uma relação com o ambiente na medida em que ele precisa de algo, ele reclama e é atendido e tem uma sensação de proteção. Como sempre que solicita alimentação, ele a recebe, o bebê passa a pensar que a fonte do alimento é dele e vivencia como se o peito da mãe fosse dele”, observa o pediatra Saul Cypel, presidente do Departamento de Neurologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo.
Conforme o bebê cresce e sua capacidade visual melhora, ele começa a se dar conta que o peito não está sempre disponível para ele e então percebe que o peito não pertence a ele, mas sim a sua mãe. Isto ocorre por volta dos seis a sete meses de vida. “Ele sai de uma situação em que achava que algo era dele para uma de dependência e começa a ter uma vivência em que tem que tolerar a frustração e aprende a conviver com ela”, conta Saul Cypel.
Isto é importante para o desenvolvimento do seu bebê. “Assim ele aprende que precisa esperar e que existem regras”, destaca Saul Cypel. Entender a questão do alimento não estar sempre disponível para ele, fará com que o bebê comece a administrar seu poder e assim no futuro será capaz de seguir regras maiores, como não suba na cadeira, entre outros. Por isso, com o passar é importante não fazer absolutamente tudo na hora e como o pequeno desejar. “Isto porque corre o risco da criança passar a achar que o mundo é dela e que vai acontecer do jeito que ela quiser e isto trará problemas precoces de desenvolvimento, ela não aceitará regras e desafiará”, alerta Saul Cypel.
Aprendizado do bebê
O bebê possui um grande potencial de aprendizado, semelhante ao das crianças. Para os bebês, assim como para qualquer outra pessoa, o aprendizado se organiza desde os mais elementares até os mais complexos. “Então, aprender a falar, por exemplo, depende de aprendizados mais elementares, como habilidades motoras e percepção visual. Qualquer aprendizado mais complexo depende de aprendizados anteriores, mas as características para cada aprendizado variam e não tem como dar um salto, tem que passar por todas essas aquisições”, explica Saul Cypel.
Memórias do bebê
Houve uma época que se achava que bebê nascia sem qualquer tipo de aquisição anterior. “Nos últimos tempos, já se sabe que o bebê consegue captar sensações desde a gestação. Para se ter uma ideia, com 25 semanas de gestação, o bebê tem competência relativa para ouvir. Então, ele ouve coisas que se passam no ambiente, conversas, atritos, claro que não entende o conteúdo, mas sente se é uma conversa amarga ou não”, diz Saul Cypel.
Por isso, colocar uma determinada música constantemente durante a gestação e depois tocá-la novamente para o bebê após o seu nascimento pode ser benéfico. “Ao ouvir essa música, o bebê se torna mais ativo e mama com mais prazer, isso mostra que o bebê desde cedo consegue guardar informação”, conta Saul Cypel.
A capacidade do bebê de guardar informações só melhora desde o nascimento. Isto pode ser visto muito claramente na amamentação. No começo quando o bebê sente necessidade de se alimentar, ele chora, pois acha que isto não irá ocorrer e se sente em risco. “Ao fazer isso ele comunica que alguma coisa está ocorrendo e quem cuida dele, em geral a mãe, vê, acolhe, abraça e dá o leite, ela não dá só o leite, ela acolhe o bebê e toda aquela sensação de ameaça e ansiedade acaba e isso vai se repetindo de modo que com o tempo o bebê não faz tanto estardalhaço para mamar, ele já entende que é protegido e bem acolhido, ele já assimila isso”, explica Saul Cypel.
Você deve estar imaginando: se temos memória desde bebês, por que não nos lembramos dos nossos primeiros nãos de vida? Bem, essas memorias mais anteriores tem um tipo de organização e aconteceram em uma época que a criança tinha uma elaboração própria dela. “São memórias que ficam com a característica na forma como a criança elaborava, mas muitas se perdem ou outras são mantidas porque estavam carregadas de algum sentimento. Aquela relação teve um conteúdo que faz com que fique retido na memória”, observa Saul Cypel.