Por: Gabriela Kimura
A análise seminal ou espermograma é um dos principais métodos de avaliação da fertilidade masculina
O espermograma é um exame clínico que determina a qualidade e quantidade de sêmen. Geralmente, faz parte de um check-up de fertilidade de um casal que está tentando engravidar. 30% dos casais que encontram dificuldades para ter um bebê possuem causas de infertilidade masculina. Por isso, quando procuram especialistas que podem ajudar, o espermograma (ou análise seminal) é um dos exames primordiais que fazem parte de uma investigação aprofundada.
Apesar de ser o mais “famoso”, o exame é preliminar e, normalmente, vem acompanhado de outros, como biópsia testicular e processamento seminal (ou capacitação espermática). Ele é indolor e simples e não tem contraindicação. E, ao contrário do que se possa imaginar, o espermograma nada tem a ver com impotência ou com avaliação da sexualidade. É apenas um exame inicial para ajudar o casal a encontrar possíveis causas para uma infertilidade.
Para que serve o espermograma
O espermograma consegue averiguar quantidade e qualidade de espermatozoides de uma só vez. Além disso, também é utilizado para avaliar a presença de gametas em homens que realizaram a cirurgia de vasectomia.
A avaliação mede o volume do esperma, pH (acidez), viscosidade, cor e liquefação. Essa primeira análise é feita “a olho nu” (macroscópica) e, em seguida, a coleta passa pela segunda análise no microscópio, para avaliar a motilidade e, ainda, a quantidade.
Morfologia
É a análise da forma do espermatozoide, ainda que existam muitas variações. Baseia-se no padrão daqueles que conseguem penetrar o colo uterino e ajuda a determinar se a produção pode levar à gravidez, seja ela natural ou por fertilização in vitro.
Na morfologia de Kruger, que é a técnica utilizada para detectar anormalidade e onde ela se localiza no gameta, eles recebem uma coloração específica e são analisados no microscópio óptico com ampliação de 1.000 vezes. Eles são divididos morfologicamente em cabeça e pescoço, peça intermediária e cauda. Existem dois padrões adotados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como normais:
- Cabeça com formato oval e superfície regular;
- Peça intermediária e cauda sem alterações.
Todas as formas limítrofes que não sejam nesses formatos, são consideradas anormais. Ainda segundo a OMS, a porcentagem estimada de formas normais na morfologia de Kruger deve ser maior ou igual a 4%.
Integridade funcional da membrana plasmática
Esse é um teste para avaliar se a membrana que envolve a cabeça do espermatozoide é viva e permite o transporte de água (por osmose). A diferença é que essa análise não envolve nenhum corante e pode apontar gametas que, mesmo imóveis, sejam viáveis para as técnicas de injeção intracitoplasmática (ICSI).
Presença de leucócitos no espermatozoide
O comum é encontrar células redondas no sêmen, como células epiteliais, prostáticas e células germinativas imaturas. Os leucócitos também entram nessa lista, por isso essa técnica ajuda em sua contabilização. Se houver um número maior que o usual, pode significar alguma infecção ou outros fatores que interferem na fertilidade masculina.
Reação acrossômica
Esse teste, que pode fazer parte do espermograma, é indicado em casos de tentativas sem sucesso de técnicas de fertilização in vitro.
Preparação do espermograma
O espermograma é um exame simples e indolor, que pode ser realizado tanto em laboratórios e clínicas especializadas, quanto em casa. É importante que o homem esteja em abstinência sexual de 48 a 72 horas, respeitando o limite máximo de 5 dias. A coleta é feita por meio da masturbação, mas, em casos específicos, pode ser durante o ato sexual, por vibroestimulação ou eletroejaculação.
Resultados do espermograma
Nem sempre um resultado do espermograma pode ser suficiente para o diagnóstico. Por vezes, o nervosismo, ansiedade ou tensão podem influenciar nos resultados, demandando uma nova análise. O período mínimo entre as coletas deve ser de 15 dias e é importante respeitar o tempo de abstinência de ejaculação, entre 3 e 5 dias.
A contagem regular, de acordo com a OMS, é maior ou igual a 15 milhões na amostra coletada. E o volume também deve ser maior ou igual a 2 ml.
pH (acidez)
O pH do esperma deve ser maior que 7,2, ou seja, apenas ligeiramente básico. Se estiver alterado, estas são algumas causas possíveis:
- Prostatite e vesiculite (pH aumentado);
- Disfunções das vesículas seminais causadas pela ausência das mesmas ou obstrução dos ductos ejaculadores (pH ácido)
Mudança no volume ejaculado
A chamada hipospermia pode ter diferentes significados:
- Perda do material durante ou após a coleta;
- Ejaculação retrógrada (quando o sêmen toma o caminho da bexiga em vez da uretra);
- Obstrução dos ductos ejaculadores ou ausência das vesículas seminais;
- No caso da hiperespermia (aumento do volume), infecções ou inflamação nas glândulas acessórias podem causar a alteração.
Alterações de concentração espermática
Existem quatro tipos de alterações possíveis:
- Azoospermia: ausência completa de espermatozoides no líquido seminal, mesmo após centrifugação. No caso de encontrar espermatozoides depois da centrifugação, o caso é chamado de criptozoospermia, que indica se há ou não produção nos testículos.
- Oligospermia: concentração espermática inferior a 20 milhões/ml;
- Astenozoospermia: menos de 50% dos espermatozoides encontrados são móveis.
- Teratospermia: má formação que impede o espermatozoide de chegar ao óvulo para a fecundação.
Onde fazer o espermograma
A principal indicação é que o exame seja realizado em laboratórios, hospitais e clínicas especializadas. Porém, é possível que o paciente prefira realizar a coleta do sêmen em casa. O importante é seguir as mesmas indicações do preparatório e atentar para o período de transporte do recipiente. Ele precisa ser levado em até 30 minutos após a coleta e, preferencialmente, mantido no bolso do casaco ou o mais perto do corpo, para conservação de sua temperatura.
Qual a diferença entre espermatozoide e sêmen?
Na verdade, o sêmen é o fluido branco e espesso que contém os espermatozoides. A análise seminal (ou espermograma) é o exame que mede ambas as quantidades e qualidades: de espermatozoides e sêmen.
Quanto custa o espermograma
Para quem realiza o espermograma de forma particular, o valor do exame fica entre R$ 70 e R$ 180*, variando de acordo com a sua região. No entanto, é possível fazê-lo no SUS (Sistema Único de Saúde) sem pagar nada, com encaminhamento de um médico especialista (como um urologista) e agendamento. Quem tem convênio deve checar se o exame está coberto antes de realizá-lo.
*Preços pesquisados em Setembro/2018
Teste de fertilidade masculina de farmácia funciona?
Muito parecidos com os testes de gravidez e ovulação femininos, o chamado “teste de fertilidade” masculino avalia a quantidade de espermatozoides do homem, com resultado em minutos. Apesar de funcionar, não substitui o espermograma, mas pode ser um passo inicial para identificar as possibilidades de infertilidade masculina.
Fontes consultadas
Mayo Clinic
CRH (Centro de Reprodução Humana – São José do Rio Preto, SP)
Clínica Gera
Organização Mundial de Saúde (OMS)
Hospital São Paulo