Por: Gabriela Kimura
Antes de investir na fertilização in vitro (FIV), saiba tudo sobre o procedimento
A fertilização in vitro (também conhecida como FIV) é bastante conhecida como técnica de fecundação dos “bebês de proveta”. É um tratamento para engravidar que tem indicações diversas e pode ser uma alternativa para mulheres que desejam uma produção independente. Também auxilia casais que têm problemas de fertilidade.
Confira o guia completo sobre o tratamento para você entender tudo como funciona antes de fazer o investimento.
O que é fertilização in vitro?
A fertilização in vitro (ou também conhecida por FIV) é um tratamento que faz parte da reprodução humana assistida, a especialidade médica que trata problemas de fertilidade de um casal e outras questões relacionadas a fertilidade no geral. O termo in vitro vem do latim e significa “dentro do vidro” – no caso da FIV, é por conta do tubo de teste ou da placa de Petri. Pela associação com o material de vidro, muitas das gestações bem sucedidas ganham o nome de “bebê de proveta”, principalmente quando o procedimento começou a ser usado no final do século passado.
A fertilização in vitro é um dos tratamentos para a infertilidade, bem como no caso de doenças genéticas e a produção independente, que envolve controle dos hormônios no processo ovulatório, a retirada do óvulo e a fecundação com o espermatozóide coletado fora do corpo, em um meio fluido (por isso o nome in vitro). Por fim, após fecundado o óvulo, ele é transferido para o útero da paciente, com o objetivo de causar a gestação de sucesso.
É o procedimento mais realizado no mundo, tendo seu primeiro bebê, Louise Brown, proveniente da fertilização in vitro nascido em 1978, com assistência do médico Robert G. Edwards, vencedor do Prêmio Nobel de Medicina em 2010.
O tratamento é indicado para um casal que não consegue a gravidez naturalmente após um ano de tentativas, para a produção independente ou ainda em outras circunstâncias, indicadas por um(a) especialista. Porém, a fertilização in vitro não é a única opção de tratamento para engravidar que um casal pode recorrer. Além dela, existem a indução de ovulação, inseminação artificial e injeção intracitoplasmática de espermatozoides, que são considerados procedimentos de mais baixa complexidade.
Como funciona a fertilização in vitro
O primeiro passo é a investigação da saúde geral da paciente ou do casal. Por isso, é importante que se faça uma visita ao um médico ou à médica para analisar todas as possibilidades e, se for o caso, determinar o diagnóstico.
1. Primeira consulta e exames
Antes de indicar o tratamento, os pacientes podem receber uma lista de exames necessários para uma avaliação aprofundada da fertilidade. Alguns dos exames mais comuns são:
- Testes de reserva ovariana: para determinar a quantidade e qualidade dos óvulos, o médico ou a médica podem pedir exames com a concentração do hormônio folículo estimulante (FSH), do hormônio estradiol (estrogênio) e do hormônio antimülleriano (AMH) no sangue durante os primeiros dias do ciclo menstrual (e não da menstruação). Também podem vir acompanhados de um ultrassom dos ovários, que ajuda a prever qual deles pode responder à medicação para o tratamento de fertilidade.
- Espermograma: este exame demonstra a qualidade do sêmen e as propriedades dos espermatozóides, analisando volume, viscosidade, liquefação (tempo que ele demora para ficar líquido), coloração e pH do sêmen, concentração de espermatozóides, motilidade (capacidade de locomoção), dentre outros fatores.
- Sorologia: é importante descobrir se o casal tem alguma doença sexualmente transmissível que possa, inclusive, afetar a fertilidade, como a clamídia.
- Avaliação das tubas pela histerossalpingografia
- ERA: a abreviação para Receptividade Endometrial ARRAY é o exame específico que avalia a receptividade do endométrio para o embrião. Normalmente, o endométrio é receptivo entre os dias 19 a 21 do ciclo menstrual, período chamado de “Janela de Implantação.”
- Também podem entrar na lista exames de grupo sanguíneo, outros hormônios e tireoide.
2. Diagnóstico e início da fertilização in vitro
Após ter todos os resultados dos exames em mãos – sendo que alguns podem demorar até 45 dias para ficar prontos -, é hora de retornar para uma nova consulta e avaliar, junto com o especialista, quais os próximos passos. Se vocês decidirem pela FIV, não encontrarem nenhum outro fator que possa impedir e o médico liberar, confira abaixo o passo a passo do tratamento.
Passo a passo da Fertilização in vitro
1. Estimulação ovariana (HOC)
O processo de estimulação ovariana na fertilização in vitro acontece quando a mulher decide usar os próprios óvulos para o tratamento. A estimulação é feita por meio de medicamentos que promovem o crescimento dos folículos ovarianos. Quando chegam ao tamanho ideal, são liberados com outro medicamento. Pode-se usar medicamentos orais ou injeções hormonais para estimular mais folículos a serem liberados.
Normalmente, todo o processo demora de uma a duas semanas antes do próximo passo, que é a retirada dos óvulos. Exames como ultrassom e de sangue são comuns durante esse período para que o médico possa avaliar se os óvulos estão crescendo e se já estão prontos para a retirada.
No entanto, o ciclo de estimulação ovariana pode ser cancelado em alguns casos, como:
- Número de folículos em desenvolvimento inadequado;
- Ovulação prematura;
- Número de folículos em desenvolvimento muito alto, que aumentam o risco de desenvolver a síndrome de hiperestimulação ovariana;
- Outros casos clínicos de acordo com o médico.
2. Retirada dos óvulos
Em média, a retirada dos óvulos maduros e bem desenvolvidos acontece entre 34 e 36 horas após a última injeção ou indução para ovular. A remoção é feita por meio de uma punção em uma sala de cirurgia, com anestesia, mas mantendo a paciente acordada. Por meio de um ultrassom, utilizando uma sonda endovaginal, introduz-se uma agulha pela vagina, até chegar no ovário. A agulha é introduzida dentro do folículo e aspira o líquido, que cai num tubo.
Este tubo é levado imediatamente para o laboratório e fica numa estrutura aquecida a mais ou menos 36,8 ºC. Todos os folículos são puncionados e o líquido aspirado. O procedimento é rápido, levando entre 8 e 15 minutos.
Um dos sintomas comuns após a retirada dos óvulos são cólicas e a sensação de estufamento ou de pressão. O médico pode indicar medicamentos se houver muito desconforto ou dor.
3. Coleta de esperma
Uma vez passada as coletas da mulher, chega a vez do parceiro! A coleta do sêmen se dá, normalmente, por meio da masturbação, na mesma manhã de coleta dos óvulos. Em alguns casos, a coleta por meio da aspiração testicular (procedimento cirúrgico para retirada do esperma diretamente do testículo) pode ser indicada. Caso o casal opte por esperma de doador – ou a fertilização in vitro seja para uma produção independente – é possível realizar o mesmo procedimento com um doador.
Logo após a coleta dos óvulos e do esperma, a fecundação ocorre em laboratório.
4. Fecundação in vitro
Geralmente, a fertilização ocorre por dois métodos:
- Inseminação: durante a inseminação, o esperma saudável e o óvulo maduro são combinados e incubados de um dia para o outro;
- Injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI): o esperma saudável é injetado diretamente em cada óvulo maduro. Essa opção é mais comum quando a qualidade ou número de esperma é um problema ou se as tentativas anteriores de fertilização in vitro falharam.
De 16 a 18 horas observa-se se houve a fecundação. Caso positiva, o óvulo fecundado é levado para uma incubadora, que é mantida a temperatura, pressão e gases específicos. Depois de cinco ou seis dias após a fecundação, o embrião “nasce”, saindo da membrana que o envolve (chamada de zona pelúcida), o que permite sua implantação no útero da paciente. Em alguns casos específicos, o médico pode indicar a fecundação assistida do embrião, uma técnica que abre caminho para ele sair da zona pelúcida e poder ser implantado.
Nessa fase de fecundação, os embriões podem se desenvolver em uma incubadora até que cheguem à uma fase que permitam uma avaliação genética. Uma pequena amostra é removida e testada para doenças genéticas específicas ou para a contagem de cromossomos. Apesar de reduzir as chances de doenças genéticas nesse momento da implantação, isso não elimina o risco por si só.
5. Implantação do embrião
Uma vez que todos os testes foram realizados e o casal ou a futura mamãe já sabe quantos embriões saudáveis têm, é hora de realizar a implantação do embrião no útero. Normalmente, a transferência é feita no próprio consultório e acontece depois de dois a seis dias após a coleta dos óvulos e do esperma. Apesar de ser difícil controlar a ansiedade nesse período, o único exame que pode confirmar a implantação de sucesso é o beta HCG.
Após a transferência do embrião para o útero, você pode sentir algum desconforto como cólicas, secreção de líquido transparente ou sangue, sensibilidade nos seios (por conta do alto nível de estrogênio), inchaço e/ou constipação. Caso tenha outros sintomas, consulte o médico.
6. Congelamento dos embriões
No caso de “sobrarem” embriões após o ciclo da FIV, seu médico pode recomendar o congelamento desses embriões. O procedimento (chamado de criopreservação) é sugerido, principalmente, para o caso de precisar de um novo ciclo de fertilização, mas também podem ser doados.
Barriga de aluguel
No Brasil, a chamada “barriga de aluguel” – a mulher que será a gestante de um embrião de outra pessoa – é, na verdade, a “barriga solidária”. Isso porque o procedimento não pode ser remunerado, ao contrário de países como os Estados Unidos, bastante conhecido por esse método. Além disso, aqui a legislação só permite o uso do útero de substituição (barriga solidária) se a pessoa for parente do casal ou da mulher até quarto grau. Em outros casos que não haja parentesco, será necessário um processo judicial para conseguir a autorização.
Inseminação com óvulo doado: como funciona
Assim como a legislação para a barriga solidária é bastante rígida, o mesmo acontece com a doação de óvulos. Ela precisa ser anônima e não pode ser remunerada. É preciso também passar por uma seleção, parecida com a de doação de sangue. No Brasil, não existe um banco de óvulos congelados, mas, sim, doações pontuais ou óvulos restantes de outros procedimentos anteriores. É possível encontrar essa opção no SUS ou em hospitais universitários.
Assim como a mulher que decide usar seus próprios óvulos, a doadora passa pelos mesmos procedimentos de estimulação ovariana e coleta. Essa opção pode ser oferecida para mulheres que já estão em tratamento de reprodução assistida com os próprios óvulos, mas que, de repente, não podem mais pagar os custos da fertilização in vitro. Então, na chamada doação compartilhada, o casal (ou a mulher) paga metade do tratamento da doadora.
Fertilização in vitro com óvulos congelados
Hoje em dia, muito se fala sobre a possibilidade de congelar os óvulos ainda em idade bastante jovem. Há quem o faça por não querer se preocupar com isso agora, quem esteja em tratamento e queira preservar a qualidade dos óvulos ou quem faz com planos de gravidez futuros. Independente da razão, a dúvida que fica é: existe diferença em utilizar óvulos congelados ou frescos na fertilização in vitro?
Aliás, a técnica de criopreservação também pode ser utilizada para sêmen e gametas fecundados (embriões). Uma das principais vantagens dessa opção é que não há a necessidade de usar medicamentos para estimular a ovulação, sendo menos invasiva e também mais barata. Também representam menores riscos de abortos espontâneos e peso maior quando o bebê nasce.
Quem pode fazer fertilização in vitro?
É importante ressaltar que, para realizar qualquer procedimento, recomenda-se consultar um especialista que pode indicar a necessidade do tratamento. Algumas das principais indicações para a fertilização in vitrosão:
- Mulheres que desejam uma produção independente;
- Mulheres acima dos 35 anos que encontrem dificuldades em engravidar, após um ano de tentativas;
- Homens com alterações no espermograma;
- Obstruções ou danos nas trompas;
- Casais que tenham realizado laqueadura ou vasectomia;
- Fatores genéticos de infertilidade;
- Casos de abortos espontâneos de repetição;
- Tratamentos para evitar doenças genéticas;
- Distúrbios relacionados a ovulação (como Síndrome do Ovário Policístico);
- Perda da função ovariana prematura (antes dos 40 anos);
- Endometriose;
- Leiomioma do útero ou fibromioma uterino;
- Infertilidade sem causa aparente;
- Pacientes que querem preservar a fertilidade após tratamentos para cânceres ou outras doenças.
FIV: porcentagens de sucesso
Após todo o procedimento da fertilização in vitro, o teste do Beta HCG pode ser realizado dentre 12 a 15 dias. As chances de sucesso dentro da FIV dependem de vários fatores, como:
- Idade da mãe: quanto mais nova a mulher, maior a chance de sucesso;
- Status do embrião: as taxas de maior sucesso estão relacionadas com os embriões mais desenvolvidos, ainda que não sejam todos que cheguem à fase final;
- Histórico reprodutivo: existe uma relação entre mulheres que já tiveram filhos e taxas de sucesso da FIV, mas não é definitivo;
- Causas da infertilidade;
- Estilo de vida: o tabagismo pode reduzir as chances de sucesso da fertilização in vitro em até 50%, além de outros fatores como obesidade, uso de drogas, álcool, excesso de cafeína e certos remédios.
Além dos citados, a clínica ou hospital que você escolhe para realizar o tratamento também conta como decisivo nas estatísticas.
De acordo com o 11º Relatório do Sistema Nacional de Produção de Embriões (SisEmbrio), a taxa nacional de embriões provenientes de fertilização in vitro em 2017 ficou entre 91 e 96%. O que significa que a fertilização de sucesso – resultando em embriões saudáveis e prontos para serem implantados – tem altas taxas no Brasil.
Se formos comparar, as taxas de nascimentos de bebês saudáveis, no Reino Unido, é de acordo com a faixa etária da mãe:
- 29% para mulheres com menos de 35 anos;
- 23% pra mulheres entre 35 e 37 anos;
- 15% para mulheres entre 38 e 39 anos;
- 9% para mulheres entre 40 e 42 anos;
- 3% para mulheres entre 43 e 44 anos;
- 2% para mulheres acima de 44 anos;
Aqui no Brasil, dados da pesquisa apresentada pela Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH) mostram que os índices são similares aos internacionais, de acordo com o procedimento utilizado:
Riscos da Fertilização in vitro
Assim como qualquer outro procedimento médico, a fertilização in vitro têm seus riscos. Eles podem ser maiores ou menores dependendo da faixa etária da mulher, do estilo de vida e de como o corpo reage aos diferentes tratamentos e medicamentos.
- Efeitos colaterais como ondas de calor, sangramentos e dores de cabeça;
- Alguns estudos americanos indicam a prematuridade e peso baixo dos bebês;
- Síndrome da Hiperestimulação Ovariana (SHO): o que acontece é que, na estimulação ovariana, há uma maior produção do hormônio estradiol. É raro, mas pode gerar um aumento de líquido na região do abdome e peito, causando sintomas como inchaço, dores abdominais, ganho de peso repentino, dificuldade em urinar, náusea, vômitos e falta de ar;
- Risco de aborto espontâneo, mas a taxa é similar à de quem engravida naturalmente (entre 15 e 25%);
- Gravidez ectópica: em vez do embrião se desenvolver no útero, isso ocorre nas trompas;
- Reações adversas da coleta de óvulos.
Não existem estudos que comprovem a relação da fertilização in vitro com câncer de ovário e nem com aumentar o risco de doenças de nascença. Contudo, o procedimento todo pode ser muito desgastante (sem falar do custo!) e isso gera um grande estresse na mulher ou no casal. Por isso, é indicado realizar um acompanhamento psicológico durante todo o processo.
Quanto custa fazer fertilização in vitro?
Um dos contras desse tipo de tratamento para engravidar é que ele pode custar muito, muito caro. Os valores variam de clínica para clínica e como você escolhe fazer esse processo. Alguns consultórios particulares oferecem opções de ciclos mais curtos ou “mini-FIV”, que podem reduzir os custos da fertilização.
O custo médio no Brasil é em torno de R$ 10 a 12 mil reais. Uma resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) de 2015, porém, reduz os custos do tratamento se o casal doar os óvulos que não serão utilizados para ser utilizado em outros casais. Para o abono, é preciso que as duas partes estejam em tratamento para engravidar e a doadora tenha até 35 anos, dentre outros requisitos da resolução 2.121/2015.
É possível também realizar a fertilização in vitro pelo SUS (Sistema Único de Saúde):
Belo Horizonte (MG):
Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Brasília (DF):
Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB)
Porto Alegre (RS):
Hospital Nossa Senhora da Conceição;
Hospital das Clínicas de Porto Alegre.
Recife (PE):
Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira (IMIP)
São Paulo (SP):
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Usp (FMUSP);
Hospital Pérola Byington;
Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP;
Faculdade de Medicina do ABC (Santo André/SP);
Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto.
Goiânia (GO):
Hospital de Clínicas (Goiânia/GO).
Natal (RN):
Maternidade Escola Januário Cicco (Natal/RN).
Gravidez gemelar em fertilização in vitro
A maioria dos casos conhecidos – seja de amigas, pessoas da família ou colegas de trabalho – de fertilização in vitro resultam em gravidez gemelar. Isso acontece porque, na hora de transferir os embriões saudáveis para o útero da mulher, o médico pode escolher implantar mais de um. Não há garantia de sucesso para todos os embriões, mas existem algumas diretrizes na hora de implantar os embriões e diminuir as chances de uma gravidez de gêmeos.
A Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida divulgou dados da Rede Latinoamericana de Reprodução Assistida (RedLara) sobre a gravidez de gêmeos em FIV. Os números são de 32,3% na fertilização e 11 a cada 1.000 nascimentos de gravidez natural. Ainda assim, a gravidez de gêmeos pode trazer riscos tanto para a mãe quanto para os bebês.
O parto prematuro ocorre em 16,5% dos casos de gravidez auxiliada por métodos de reprodução assistida, 55% nos casos de dois bebês e aumenta para 76% em trigêmeos ou mais. Para a SBRA, as técnicas e tecnologias disponíveis hoje em dia permitem que somente um embrião seja implantado e os especialistas buscam diminuir cada vez mais esse número de gravidez de gêmeos.
Fontes consultadas:
Clínica Ibrra
Mayo Clinic
Fertilidade.org
Clínica IVI
Agência Nacional de Vigilância Sanitária
Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida