Criação com apego: o método que educa com muito colo e amor
Criação com apego faz com que a criança tenha maior segurança na infância e na vida adulta
A criação com apego é vincular com os filhos através de uma relação amorosa e consistente, para que assim possa se desenvolver em sua plenitude. “Não se trata de um método com um passo a passo predeterminado, pelo contrário, é um conceito amplo que pode ser colocado em prática em diferentes situações”, explica a psicóloga Gabriella Demarque, da Equipe Shantala Neles. Este conceito foi introduzido pelo psicólogo John Bowlby.
Assim, a criação com apego visa compreender a criança do ponto de vista emocional e físico. “Atento as necessidades e preferência do filho, para que assim ele possa ser exposto a um ambiente coerente a seu desenvolvimento e explore suas essência e relações de maneira segura”, diz Gabriella Demarque.
Benefícios da criação com apego
Quando os pais enxergam o filho e suas reais necessidades, tanto físicas quanto emocionais, estes podem proporcionar um ambiente adequado para a criança, que será exposta a desafios e situações coerentes com seu desenvolvimento e isso fará com que a criança se sinta enxergada e capaz frente aos desafios proporcionados. Em paralelo, quando a criança estabelece uma relação de confiança com os pais (cuidadores), isto permitirá que ela experimente outras relações seguras na idade adulta.
Dicas para aplicar a criação com apego
Para aplicar a criação com apego é importante que os pais procurem estar abertos e atentos a enxergar os reais interesses e necessidades do filho. “Tentem proporcionar para eles um ambiente de desafios proporcionais e de acordo com os interesses deles. Sejam coerentes na relação com seus filhos, validem a inteligência emocional deles. As primeiras relações vivenciadas serão base para as relações que serão estabelecidas na fase adulta”, explica a psicóloga Patrícia Lomonaco, da Equipe Shantala Neles.
A seguir, confira os princípios da Criação com Apego de acordo com Attachment Parenting Internacional e saiba mais sobre estes princípios aqui:
1º Se preparar para a gestação, parto e criação do bebê
A extraordinária jornada da nova vida é uma experiência positiva e transformadora. A gestação oferece aos pais uma oportunidade de se preparar física, mental e emocionalmente para a paternidade. Tomar decisões embasadas sobre o nascimento, cuidados com o recém-nascido, e sobre práticas de criação são um investimento crítico no relacionamento com apego entre pais e filhos. A educação é o componente chave da preparação para as decisões difíceis que os pais precisarão tomar. E isso é um processo contínuo, uma vez que cada estágio de crescimento e desenvolvimento traz novas alegrias e desafios. Saiba mais sobre o assunto aqui.
A psicóloga Patrícia Lomonaco ressalta a importância de se preparar para o parto. “Preparar-se para o parto implica na tomada de decisões importantes e que irão repercutir no desenvolvimento saudável do bebê e da mãe. Para decidir, é preciso se informar e ouvir diferentes opiniões, especialmente diante da realidade de assistência ao parto e ao recém-nascido no Brasil, cujas práticas tendem a ser desnecessariamente invasivas”, diz Patrícia.
As primeiras experiências são extremamente importantes não apenas para a saúde física, mas para a saúde mental do bebê futuramente. “Na criação com apego a importância de se preparar para o nascimento de um bebê está, também, em se preparar emocionalmente para receber um filho – é importante pensar nas suas próprias expectativas, revisitar e compreender suas experiências na infância e a forma como foi cuidado, para escolher com consciência os princípios que nortearão a sua própria forma de criar filhos”, afirma Gabriella Demarque. Conhecendo melhor você mesma, quais são as suas expectativas e desejos para o parto e sabendo das opções e recursos disponíveis você terá mais recursos para escolher conscientemente.
2º Alimentando com amor e respeito
Prestar muita atenção a maneira como se alimenta seu bebê é um princípio importante na criação com apego. “Porque estamos suprindo duas das necessidades mais primitivas do ser humano: a necessidade de ser alimentar e a necessidade de ser amado. Essas necessidades são indissociáveis justamente porque é essa a combinação que garante a nossa própria sobrevivência. O momento da alimentação do bebê é um momento de começar a entender os seus sinais e também de troca, de brincadeira e de aprendizagem”, observa Gabriella Demarque.
Afinal, lembre-se que nós aprenderemos a cuidar porque um dia fomos cuidados, assim como aprenderemos a amar porque um dia já nós fomos amados. “Na criação com apego é importante respeitar o estágio do desenvolvimento do bebê, suas possibilidades, assim como seu ritmo e interesses e buscar se conectar com ele durante a atividade, para que ele também possa se conectar com o que está fazendo”, conta Gabriela Demarque.
3º Respondendo com sensibilidade
Você pode construir a fundação da confiança e empatia entendendo e respondendo apropriadamente às necessidades do seu filho. Os bebês comunicam suas necessidades de muitas maneiras, incluindo movimentos corporais, expressões faciais e choro. Eles aprendem a confiar com sensibilidade, quando suas necessidades são consistentemente atendidas. Construir um vínculo forte com um bebê envolve não apenas responder consistentemente às suas necessidades físicas, mas também passar tempos agradáveis interagindo com ele, e, portanto, atendendo às suas necessidades emocionais.
4º Usando o contato afetivo
Os bebês nascem com necessidades urgentes e intensas, e dependem completamente dos outros para atender essas necessidades. O contato afetivo ajuda o bebê a atender suas necessidades por contato físico, afeição, segurança, estímulo e movimento. Os pais que escolhem uma abordagem afetiva para as interações físicas com seus filhos, promovem o desenvolvimento de vínculos seguros. Mesmo quando a criança cresce, suas necessidades de permanecer em contato através do toque permanecem muito fortes.
5º Garantindo um sono seguro física e emocionalmente
“O seu bebê já está dormindo a noite toda?” é frequentemente a primeira pergunta que as pessoas fazem para novos pais. A verdade é que a maioria dos bebês não dorme a noite toda, e ainda assim isto é um mito perpetuado de geração a geração. Os bebês possuem necessidades à noite tanto quanto de dia; seja de fome, solidão, medo, frio ou calor. Eles precisam da garantia de pais amáveis para sentir-se seguros durante a noite. Muitos bebês realmente passam por uma fase onde dormem por longos períodos de tempo, apenas para começar a acordar de noite durante diferentes estágios de desenvolvimento. Eles podem acordar ocasionalmente devido a pesadelos, dentição, doença, saltos de crescimento, ou durante períodos de transição em suas vidas. Os bebês são bastante sensíveis ao stress de seus pais, o que também pode afetar seus padrões de sono.
Os pais podem ajudar seus filhos a aprender que a hora de dormir ou da soneca é uma hora de paz; uma hora de conexão, aconchego e calma. Mesmo que um filho mais novo possa crescer precisando se alimentar durante a noite, eles podem ainda precisar de conforto e segurança.
6º Provendo cuidado consistente e amoroso
Os bebês e as crianças pequenas têm uma necessidade intensa da presença física de um cuidador amável, consistente e receptivo: idealmente um dos pais ou os dois. O cuidado diário e as interações amorosas e divertidas constroem fortes laços. Cuidando com amor, de maneira consistente, desde o início da vida faz com que os pais fortaleçam o relacionamento com seus filhos, construindo um vínculo saudável. Se nenhum dos pais pode ser um cuidador em tempo integral, então o filho precisará de alguém que não seja apenas amoroso e consistente, mas alguém que tenha formado uma ligação com ele e que dê cuidado conscientemente, de maneira que o relacionamento seja fortalecido.
7º Praticar a Disciplina Positiva
Saiba tudo sobre a disciplina positiva, o método que educa sem punir, aqui.
8º Mantendo o equilíbrio entre a vida pessoal e familiar
Encontrar o equilíbrio envolve garantir que as necessidades de todo mundo — e não só as do seu filho — sejam reconhecidas, valorizadas e atendidas, sempre que possível. Num mundo ideal, todas as necessidades de todos os membros da família são sempre atendidas, todos são felizes e saudáveis, e a família está em perfeito equilíbrio. No mundo real, a vida familiar de ninguém é equilibrada o tempo todo. Não é incomum que, às vezes, os pais sintam-se desequilibrados. Os pais que praticam a criação com apego sempre buscam por maneiras criativas de encontrar equilíbrio entre suas vidas pessoais e a vida familiar.