Esses gêmeos podem ser a resposta para o fim da microcefalia devido ao Zika
Jaqueline contraiu Zika na gravidez e teve Laura, que nasceu com microcefalia, e Lucas, que não teve problemas
A santista Jaqueline Jessica Silva de Oliveira, 25 anos, torcia para que os médicos estivessem enganados quando eles a disseram durante um ultrassom de rotina na gestação que um de seus gêmeos estava com o perímetro da cabeça menor do que o esperado.
Jaqueline havia contraído Zika vírus durante a gestação. Quando os pequenos vieram ao mundo, infelizmente, os médicos estavam certos e Laura nasceu com microcefalia. “Quando eu descobri que ela tinha microcefalia eu perdi o chão. Você sempre torce para que seus filhos nasçam saudáveis, pensando que qualquer problema visto na gestação pode ser um erro dos médicos”, disse Jaqueline em entrevista ao jornal britânico DailyMail.
A questão é que o irmão gêmeo de Laura, Lucas, nasceu com o tamanho da cabeça normal e completamente saudável. Por isso, os cientistas da Universidade de São Paulo (USP) acreditam que estes pequenos podem trazer a resposta para o fim da microcefalia em decorrência do Zika vírus. “Os médicos querem estudar meus filhos para entender o que protegeu Lucas dos malefícios do Zika vírus para que assim eles possam ajudar outros bebês”, explica Jaqueline.
Lucas e Laura são um dos cinco casos de gêmeos que estão sendo estudados em que apenas um dos irmãos contraiu microcefalia em decorrência do Zika. A Universidade de São Paulo espera ter resultados positivos em cerca de um ano. “Esses gêmeos podem nos dar respostas muito importantes. Como podemos explicar que um gêmeo foi afetado pelo Zika e o outro não? Será que os gêmeos que não foram afetados possuem algum gene que os protege? Será que eles possuem um genoma diferente que faz com que não sejam afetados pela infecção?”, questiona a geneticista e pesquisadora da USP Mayana Zatz, em entrevista ao jornal britânico DailyMail.
Existem algumas hipóteses sobre porque um gêmeo contraiu microcefalia e o outro não. “Ou o vírus entrou nas duas placentas, mas não penetrou nas células, ou a quantidade do vírus não era suficiente para afetar duas crianças, ou o organismo daquele que não foi afetado teve alguma resistência. Conforme a pesquisa vai andando vamos abrindo novas questões”, explicou Mayana em entrevista ao portal G1.
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A pequena Laura recebe tratamento em Santos, SP, na Casa da Esperança duas vezes por semana. “A gente dá um jeito nas outras coisas porque ela é prioridade. É bastante corrido para mim, mas tem minha mãe para ajudar. A gente fica esperançosa. Tem muita criança com microcefalia, de quatro anos, que está andando, falando, tendo uma qualidade de vida muito boa. Então, isso deixa a gente esperançosa, de que vai dar tudo certo lá na frente”, disse Jaqueline ao G1.