“Temos um bebê de 2 meses ‘viciado em drogas’, você quer adotá-lo?”

Bruna Stuppiello

Esta foi a pergunta que o casal Chas e Katie Shira ouviu do conselho tutelar e foi a partir daí que eles se tornaram pais

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Pouco após terem mudado de cidade no estado Texas nos Estados Unidos e também após terem se cadastrado na fila para fazerem parte do programa de acolhimento temporário, o jovem casal Chas e Katie Shira recebeu uma ligação que mudou suas vidas para sempre. “Temos um bebê de dois meses na cidade de Fort Worth, ele está sofrendo crise de abstinência de metanfetamina e está com o fêmur quebrado, você quer adotá-lo temporariamente?”, foi exatamente essa a pergunta do conselho tutelar da região para o pastor e futuro pai, Chas. E ele e a esposa aceitaram.

A seguir, veja o emocionante relato de Chas ao portal Love What Matters sobre como foi se tornar pai do pequeno Jett:

“No natal de 2014 eu recebi o convite para me tornar pastor em uma Igreja na pequena cidade de O’Brien. A princípio eu e minha esposa tínhamos pensado em não aceitar porque a cidade era muito pequena. Mas então pensamos melhor e acabamos decidindo ir. Saímos da cidade de Longview com uma população de 100 mil habitantes para O’ Brien com uma população de 100 habitantes!

Ao mudarmos tivemos também que mudar a agência de adoção temporária na qual havíamos nos candidatado, pois a que estávamos antes não trabalhava na região para a qual mudamos. Nós recomeçamos o processo de adoção em uma agência na cidade próxima de O’Brien chamada Albilene.

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Na sexta-feira, 11 de dezembro de 2015, nós nos tornamos o lar perfeito para o bebê que se tornaria nosso filho. Jett tinha apenas dois meses e estava internado no hospital de Albiene. Infelizmente, Jett já nasceu viciado em drogas. Isto porque sua mãe biológica usou metanfetamina durante a gestação. Também por causa das drogas na gestação, ele era um bebê muito pequeno e doente. Para piorar, ele havia tido o fêmur da perna esquerda quebrado quando ainda vivia com os pais biológicos.

Então, quando eu recebi a ligação do conselho tutelar, eles literalmente nos perguntaram: ‘Temos um bebê de dois meses na cidade de Fort Worth, ele está sofrendo crise de abstinência de metanfetamina e está com o fêmur quebrado, vocês querem adotá-lo temporariamente?’.

No começo nós ficamos bem assustados com a ligação. Nós havíamos achado que iríamos receber crianças maiores e não tínhamos nenhuma experiência com bebês, menos ainda com um bebê com tantos problemas de saúde. E eram tantos problemas de saúde que o conselho tutelar ia até quebrar as regras e ao invés de nos trazer o Jett, nós que iriamos até o hospital buscá-lo para recebermos orientações das enfermeiras sobre como cuidar dele.

Após ouvir tudo sobre a situação do Jett. Eu só me lembro de falar para minha esposa: “Este menininho precisa de carinho e cuidado, precisa de algo bom, e nós podemos fazer isso por ele”. E então decidimos adotá-lo temporariamente.

A experiência ao chegar no hospital foi bem difícil. Acho que as enfermeiras não confiaram muito em nós, porque todas as perguntas que elas nos faziam sobre cuidados com um bebê nós respondíamos não. ‘Sabem trocar fralda?’ ‘Não!’. ‘Sabem preparar e dar uma mamadeira?’. ‘Não!’.

E não era qualquer fralda que nós teríamos que trocar. Como o Jett teve o fêmur quebrado, ele estava com duas botinhas imobilizadoras que iam até as coxas e que depois era ligadas a ataduras que ficavam em todo seu peito e costas! E além disso, nós não poderíamos encostar nas perninhas dele ao trocar a fralda. Como você troca a fralda de um bebê sem encostar nas perninhas? É quase impossível! Por isso, em cada troca de fraldas eu realmente sentia como se estivesse desarmando uma bomba.

Além disso, como ele havia quebrado o fêmur, basicamente tudo que um bebê fazia, Jett fazia só que com muita dor. E tudo que os médicos nos deixaram dar para aliviar a dor dele eram algumas gotinhas de Tylenol. Como sua saúde era frágil e ele pesava apenas 3,7 kg, ele não podia tomar muitos remédios para dor. Então, ele sofreu uma dor absurda.

As primeiras semanas com Jett foram muito difíceis. Ele chorava muito e com razão, afinal era um bebê e já havia sofrido machucados graves e ainda passou por um grande trauma. Mas nós conseguimos ajudá-lo a superar isso e aos poucos seus olhos começaram a brilhar e sua perna se curou!

Como a adoção de Jett era temporária, após algumas semanas cuidando dele e o ajudando a ficar saudável, nós tivemos que leva-lo para visitar a família biológica. Ele estava sob os cuidados dos pais biológicos quando sua perna foi quebrada e eles nunca explicaram como Jett havia quebrado a perna. Os pais biológicos de Jett foram para uma clínica de reabilitação após perderem a guarda do filho e após passarem alguns meses lá, eles deixaram o local e nós continuamos levando Jett para visita-los.

Cerca de um ano após nós começarmos a cuidar de Jett, o conselho tutelar nos informou que os pais biológicos haviam terminado a reabilitação e queriam a guarda do filho de volta. Nós então perguntamos ao conselho sobre quais eram as acusações de abusos deles contra o Jett e se haviam respostas sobre como a perna de Jett foi quebrada. O conselho não soube nos informar. Eu então liguei para a delegacia da cidade dos pais biológicos e eles me informaram que não havia sido feita nenhuma investigação sobre os pais biológicos, mesmo após seu filho de dois meses ter tido a perna quebrada sob os cuidados deles e sofrer síndrome de abstinência!

As coisas continuaram como estavam, nós levávamos o Jett para ver os pais biológicos a cada 15 dias, até que quando ele tinha 18 meses o Conselho Tutelar anunciou que seria feito um julgamento para decidir se os pais biológicos de Jett poderiam voltar a ter a guarda do filho.

A esta altura, nós desejávamos muito adotar Jett de forma permanente e por tudo que tínhamos visto, nós sabíamos que os pais biológicos não eram a melhor opção para ele. Então, contratamos um advogado e decidimos entrar na justiça para conseguirmos adotá-lo.

Os últimos 18 meses haviam sido muito difíceis, tivemos ajudar nosso filho com seus problemas de saúde e ainda não sabíamos se ele terminaria conosco ou não. Mas a semana do julgamento definitivamente foi a mais difícil e estressante de toda nossa vida!

Todo o julgamento durou seis dias, mas uma vez que foram apresentadas todas as informações sobre o caso e todos os depoimentos, o júri precisou de apenas duas horas para decidir. E eles decidiram que os pais biológicos deveriam perder a guarda de Jett e que a guarda dele deveria ser nossa!

Nós achamos que toda essa angustia havia acabado naquele dia, mas não. Por mais seis meses os advogados dos pais biológicos entraram com ações para tentar anular a decisão do júri e nós tivemos que comparecer no tribunal mais três vezes. Mas após seis meses, nós finamente conseguimos adotar Jett de forma permanente! Seu caso finalmente terminou no dia 11 de janeiro de 2018!

Após passar 821 dias em um lar temporário, que no caso foi nossa casa, ele finalmente era legalmente um membro da nossa família! Foi a jornada mais exaustiva e longa que enfrentei, mas também foi a mais compensadora.

Em abril deste ano, nós acabamos nos mudando de O’Brien e eu fui ser pastor na cidade de Coleman, também no Texas. Muitas pessoas nos perguntaram por que nós havíamos ido parar em uma cidadezinha tão pequena como O’Brien e hoje eu sei que foi para que pudéssemos encontrar nosso filho. Por causa de todo o apoio que recebemos do pessoal da cidade durante o processo de adoção, decidimos colocar o nome do meio do nosso filho de Brien para homenagear a cidade que fez com que nós o encontrássemos.

Jett hoje é um menino muito feliz e adorável, todos que o conhecem ficam encantados! E o único motivo de vivenciarmos a alegria de cuidar dele é porque estávamos dispostos a adotar. Espero que nossa história inspire outros a darem uma chance para a adoção. A jornada é longa e difícil, mas sempre vale a pena quando você decide amar outra pessoal, especialmente uma criança que precisa”.

O bebê Jett com o seu pai Chass
O pai Chas com seu filho Jett
Aqui o bebê Jett já recuperado no colo de seu pai Chas
O pai Chas com seu filho Jett após o pequeno ter se recuperado
Os pais Chas e Katie junto do bebê Jett
O pequeno Jett com seus pais Chas e Katie
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