Justiça revela luxos que pais teriam comprado com dinheiro do bebê Jonatas
Dinheiro arrecadado e carro de 140 mil reais foram bloqueados pela justiça de forma temporária
A justiça acaba de cumprir uma determinação do dia 16 de janeiro e bloqueou, de forma liminar (temporária), o dinheiro arrecadado pela campanha “AME Jonatas”, para ajudar o bebê Jonatas que sofre com uma doença degenerativa rara. Também foi bloqueado um veículo de R$ 140 mil que está em nome dos pais da criança. A família vive em Joinville, Santa Catarina, e é suspeita de ter usado parte das doações para pagar luxos. Saiba mais sobre o bloqueio aqui.
De acordo com o Ministério Público de Santa Catarina entre os luxos que se suspeita que os pais adquiriram com o dinheiro da campanha do filho estão: um carro de luxo no valor de 140 mil reais e uma viagem a Fernando de Noronha para passar o Ano Novo. A família também se mudou de uma casa mais simples para outra muito maior.
As desconfianças de que algo estava errado começaram após a meta de 3 milhões de reais ter sido alcançada. Isto porque o remédio para o menino demorou para ser comprado. De acordo com o pai de Jonatas, Renato Openkoski, 20 anos, o atraso aconteceu porque Jonatas estava internado e não tinha condições clínicas de receber a medicação.
Depois, as pessoas que participaram da campanha notaram o carro e a mudança de casa. Toda essa mudança de padrão de vida começou a chamar atenção das pessoas que haviam contribuído
A viagem para Fernando de Noronha no Ano Novo foi a gota d’água. O local é o ponto turístico mais caro do país durante o ano novo. Os pais deixaram Jonatas em casa com os avós paternos e na viagem postaram fotos da viagem na internet ao lado de celebridades como Neymar, Bruno Gagliasso e Paula Fernandes.
Diante desta viagem, muitos dos doadores decidiram criar uma página no Facebook chamando o casal de fraude e levaram o caso ao Ministério Público. “O fato, salvo melhor juízo, demonstra que não se pode descartar, pelo menos nessa análise inicial, a possível utilização de parte das doações para fins distintos daquele almejado: a garantia do direito à saúde de Jonatas”, considera a promotora, que encaminhou o caso à polícia pedindo investigações sobre apropriação indébita, em entrevista ao portal da revista Veja.
Também foi criado um grupo de WhatsApp com mais de 200 membros que trocam informações sobre as ações dos pais. Ana, criadora da página, diz que doou 16 mil para a campanha. “Era o dinheiro que eu havia juntado para a viagem de férias com meu marido e filho. Abri mão disso e vejo eles se divertindo em Noronha”, disse em entrevista ao portal da revista Veja.
Diante destas acusações, o pai se manifestou sobre o caso em entrevista ao portal da revista Veja.
Segundo Renato, a família mudou de casa porque era preciso um local maior para adaptar o quarto de Jonatas, que depende de aparelhagem hospitalar 24 horas. “Pagamos 2.300 reais de aluguel com o dinheiro da campanha. O quarto adaptado faz parte do tratamento do Jonatas”. Renato diz ainda que comprou um carro maior para garantir o conforto do filho durante o transporte. Sobre a viagem à Fernando de Noronha, Renato diz que ele e a esposa viajaram à convite do médico Danny César de Oliveira Jumes, de Balneário Camboriú, que teria custeado todas as despesas. “O doutor Danny é muito amigo nosso e disse que era bom a gente viajar uns dias para descansar um pouco, afinal, ficamos oito meses dentro de um hospital. Ele pagou tudo, não gastamos um real da campanha. Ficamos só quatro dias fora e nosso filho ficou em casa, com meus pais, sendo muito bem cuidado”, afirmou Renato. VEJA tentou ligar quatro vezes na clínica de Danny César e deixou recados, mas o médico não atendeu nem retornou às ligações. O gerente da clínica informou que eles não falariam sobre ações pessoais do profissional.
O pai Renato disse ainda que importou no ano passado quatro ampolas do remédio Spinraza, ao custo de R$ 1,67 milhão. A droga chegou em novembro e Jonatas já recebeu duas aplicações: uma no dia 7 de janeiro e outra no dia 21. A terceira dose deve ser aplicada neste fim de semana. “Já vejo evoluções no meu filho. E vou continuar lutando por ele.”
Renato diz que não leva uma vida de luxo e diz que não entende por que as pessoas estão contra eles. “Luxo seria eu ter meu filho correndo, brincando. Mas não. Ele está preso num quarto. Dinheiro para o Jonatas não é luxo, é questão de sobrevivência”, afirmou.