Vacina rotavírus: entenda quais as reações e muito mais
Saiba quais as reações que a vacina rotavírus pode causar, quando buscas ajuda médica e mais
A vacina rotavírus tem gerado muitas dúvidas entre os pais devido às reações que causou em alguns bebês. Recentemente, divulgamos o depoimento da mãe Elisa Mazzuca, que perdeu sua filha vítima de desidratação de terceiro grau, em decorrência de um quadro de diarreia aguda provocado por uma reação à vacina rotavírus, acesse o depoimento aqui. Em nossas redes sociais e no próprio depoimento de Elisa, muitas outras mães relataram que seus filhos também tiveram fortes reações à vacina rotavírus.
Por isso, conversamos com a pediatra Isabella Ballalai, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, e com a alergista-imunologista Ana Karolina Barreto, membro da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia, para entender mais sobre as reações causadas por essa vacina, quando é necessário buscar ajuda médica, a importância da vacina rotavírus e os cuidados antes, durante e após a imunização do bebê.
Para que serve a vacina
O rotavírus é um vírus da família Reoviridae que causa diarreia grave, frequentemente acompanhada de febre e vômitos. “Entre todas as diarreias, o rotavírus é responsável por 40% das internações, sendo que diarreia é uma das principais causas de morte de crianças menores de 2 anos, por isso as imunizações são realizadas”, explica a alergista-imunologista Ana Karolina Barreto, membro da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia.
A vacina rotavírus é aplicada via oral e é indicada para a prevenção de casos de gastroenterite graves por esse tipo de vírus. “Após a introdução da vacina no Programa Nacional de Imunizações, em 2006, um estudo conduzido pelo Ministério da Saúde nas 27 unidades da federação indicou que as mortes causadas pelo rotavírus caíram 74,1% entre menores de 1 ano, e 61,4% na faixa entre 1 a 4 anos. Além disso, houve redução de 44,1% nas internações de menores de cinco anos”, constata a pediatra Isabella Ballalai, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações.
Existem dois tipos de vacina rotavírus, a monovalente (VRH1) e a pentavalente (VR5), sendo que a primeira protege contra um tipo de rotavíurs e a outra protege contra cinco tipos. Ambas são feitas a partir do vírus atenuado e geralmente são oferecidas em duas doses, mas há casos em que a VR5 é oferecida em três doses.
A primeira dose é oferecida a partir de dois meses até três meses e 15 dias e a segunda dose é dada a partir de três meses e 15 dias e pode ser oferecida até cinco meses e 15 dias.
Reações à vacina
Esta vacina é elaborada com o vírus atenuado. “Vacinas feitas com agentes vivos ou atenuados podem causar mais reações porque o ‘bichinho’ existe, ainda que de uma maneira controlada para proteger contra o rotavírus”, observa Ana Karolina Barreto.
As reações mais comuns à vacina rotavírus que o bebê pode ter são: ficar um pouco mais enjoadinho, febre baixa, menor que 38 graus, episódio isolado de vômito ou regurgitação. Quanto às reações raras, podem ocorrer diarreia, vômitos, sangue nas fezes e febre alta. “Foi verificado um pequeno aumento nas chances de invaginação, processo caracterizado pela entrada de um segmento de um órgão em outra parte do mesmo órgão. Entre 2006 e 2012, foram aplicadas 6,1 milhões de doses de VHR1 no Brasil e apenas 8 casos identificados. Esse índice, no entanto, é infinitamente inferior ao de mortes e hospitalizações por rotavírus”, observa Isabella Ballalai.
Intolerância à lactose não foi observada como uma reação à vacina rotavírus. As reações à vacina rotavírus podem ocorrer até três semanas após a aplicação.
Casos em que a vacina é contraindicada
A vacina contra o rotavirus é contraindicada a crianças com menos de 6 semanas de idade, deficiências imunológicas por doença ou uso de medicamentos que causam imunossupressão; com alergia grave provocada por algum dos componentes da vacina ou por dose anterior da mesma; e com doença do aparelho gastrintestinal ou história prévia de invaginação intestinal. Em caso de febre, é recomendado adiar a vacinação.
Cuidados antes, durante e após a vacina
É importante não amamentar o bebê uma hora antes e nem uma hora depois da vacinação, para evitar que o pequeno regurgite ou vomite a vacina. “O que orientamos é que as pessoas que cuidam da criança até três semanas após a vacina lavem bem as mãos após as trocas de fraldas porque o vírus pode ser eliminado nas fezes do bebê”, explica Ana Karolina Barreto.
No que diz respeito ao momento da vacinação, a Sociedade Brasileira de Imunizações orienta os responsáveis a verificar se:
- As vacinas estão armazenadas em refrigeradores adequados.
- Os refrigeradores possuem controle de temperatura.
- A temperatura dos refrigeradores está entre +2°C e +8°C.
- As vacinas são retiradas dos refrigeradores apenas no momento do preparo para administração.
- A caixa da vacina está lacrada.
- A vacina que será administrada é a vacina que deve ser aplicada.
- A vacina está dentro da validade.
- A vacina está sendo preparada no exato momento de sua administração.
- A agulha e seringa são descartáveis.
Quando buscar ajuda médica
Quando as reações à vacina rotavírus envolverem sangue nas fezes, choro contínuo – provavelmente causado por dor abdominal, alergia na pele e/ou episódios de diarreias e vômitos é preciso buscar ajuda médica o quanto antes. “É essencial agir rapidamente, pois os bebês desidratam com facilidade”, alerta Ana Karolina Barreto.
Vacina rotavírus da rede pública X vacina rotavírus da rede privada
Existem duas vacinas contra o rotavírus disponíveis no mundo, ambas feitas a partir de vírus atenuados. “A rede privada dispõe da vacina oral monovalente (VRH1) e da pentavalente (VR5), enquanto o SUS oferece apenas a VRH1”, conta Isabella Ballalai. A VR5 protege contra cinco tipos de rotavírus e a VRH1 contra um tipo. Ambas as vacinas causam reações semelhantes nos bebês, já que ambas são feitas a partir do vírus atenuado.