A espera do segundinho
Beatriz Zogaib é mãe de Leonardo, 5 anos, e está grávida da Manuela. Ela também é jornalista e autora do blog Mãe da cabeça aos pés. Neste texto incrível Beatriz escreve sobre a decisão de ter um segundo filho e as muitas dúvidas que surgem antes e durante a nova gestação.
No meu caso é segundinha. Tenho Leonardo, 5 anos, e agora, estou grávida de seis meses da Manuela. Estar grávida pela segunda vez é uma delícia, garanto! Mas, convenhamos que, antes de ser muito gostoso, engravidar novamente é uma baita de uma decisão difícil! Não por acaso, hoje em dia todo mundo pensa muito antes de ter o segundo filho. São muitos pesos e medidas, muitas cobranças, um novo ritmo de vida e (de gastos) que imprime muita preocupação nessa tal decisão… Então, quando seria a hora certa?
Essa pergunta não posso responder. Acredito que cada casal tem sua rotina, suas possibilidades, seus momentos. Como e quando é tão relativo! Eu casei grávida, o primeiro filho veio porque a gente quis, mas sem que houvesse o mínimo de planejamento! Demoramos para ter uma estrutura material e também alicerces emocionais para que a decisão pelo segundo fosse tomada. Dessa vez, eu queria que fosse planejado. Mas sempre quis ter mais de um! E teria engravidado antes. Assim como sempre achei que um em seguida do outro seria mais fácil. Mas nosso período entre fazer planos e concretizá-los nos tomou 5 anos. Marido tinha seus motivos para postergar a decisão. Eu? Ficava ansiosa, e chegava a pensar em inúmeras coisas, muitas vezes no chuveiro, na porta da escola…
Será que meu filho vai ser feliz sem irmãos? Será justo tirar dele o direito de saber como é amor de irmão, de sobrinho? Será que ele vai ficar bem quando os pais estiverem velhinhos? Será que damos conta de dois financeiramente? Será que não é melhor deixar como está? Será que já não esperamos muito tempo? Será que vou acabar desanimando em começar tudo de novo? Será, será, será?
Imagino como está sua cabeça caso esteja “avaliando” as possibilidades. Um turbilhão. Um monte de perguntas, respostas, desejos, medos. E não é só você na história. Tem o pai, e o filho mais velho. A vontade deles conta, e muito. Tudo conta. Mas posso falar? Sem tanta cobrança é mais tranquilo. Pensar faz parte, mas esperar também. Respeitar o ciclo natural das coisas, da sua casa, da sua família. Uma hora, se for a hora, vai acontecer. E seja lá qual for ela, será maravilhoso!!! A ‘hora certa’.
Léo vai ter uma irmã com uma boa diferença de idade. O que não é ruim, não! Tem o lance da independência, da facilidade para mim na hora de conciliar, na curtição dele ser diferente agora… E nós, eu e meu marido, estamos super felizes! Estamos dando jeito pra tudo, fazendo adaptações, unidos, realizados. Léo? Está saltitante!
Assumo que ando mil vezes mais preocupada do que na primeira gestação, mesmo sabendo que tenho menos motivos para isso. Sei lá, acho que é coisa de segundo filho mesmo. Tudo passou pela minha cabeça nos primeiros três dias depois que me descobri grávida! Calculei a metragem do quarto, em que estação do ano o bebê iria nascer, quanto de dinheiro teríamos, como eu contaria para todo mundo…
A espera da minha segundinha – agora com ela na barriga – está passando tão rápido! Mal tenho tempo de curtir as semanas de gestação, de pensar nos detalhes da decoração, de ler um livro sobre gravidez. É pronto e acabou. É prático. É já. Tenho filho para cuidar. Coisas para fazer, trabalho, casa, louça, leva e traz. Os medos são monstrinhos que me atormentam à noite. Mas tenho que dormir que amanhã tem muito o que fazer. Os hormônios me deixam louca, carente, chorona, irritada. Mas e? O fato de ter um mais velho para fazer lição me tira o “luxo” das pernas pro ar, do chamego de marido, do chororô. A gravidez é diferente nos sintomas (passei bem mais mal!) e em todo o resto. E sabe um diferente bom? É isso! Nada de reclamações. É outra experiência, outra gestação, outra etapa da vida, outras descobertas.
Não tem coisa mais linda do que ver seu filho acariciar o bebê dentro da sua barriga, e você já imaginar como será quando os dois estiverem juntos ali, na cama, do seu lado. É muita dúvida antes para decidir. É muita preocupação durante. Mas é também muito amor antes, durante e depois. Claro, o depois ainda não chegou, mas disso não tenho dúvidas e nem me preocupo a respeito!