“Citomegalovírus na gravidez: o vírus silencioso que deixou minha bebê surda”
A mãe Megan Nix escreveu um emocionante desabafo para informar as mães sobre o citomegalovírus na gravidez
A mãe norte-americana Megan Nix contraiu o citomegalovírus (CMV) em sua segunda gestação e devido a esta condição sua bebê nasceu surda e com atraso motor. Somente no Brasil cerca de 6 MIL bebês nascem todos os anos com sérios problemas de saúde após suas mães terem contraído este vírus na gestação.
O citomegalovírus é um vírus da família da Herpes que pode afetar qualquer pessoa. A maioria das pessoas não sabe que contraiu o CMV porque ele raramente apresenta sintomas. O CMV é especialmente preocupante para gestantes porque pode passar para o bebê e causar problemas graves de saúde.
Agora, Megan decidiu contar sua história em um emocionante depoimento ao jornal The New York Times com o objetivo de alertar outras gestantes sobre esta condição. Veja o depoimento dela e depois saiba tudo sobre como prevenir o CMV na gestação:
“Toda manhã eu acordo e a primeira coisa que faço é escutar. E eu ouço de uma maneira diferente do que ouvia no ano passado. Eu escuto os pássaros no telhado, a chuva na janela. Estes são os tipos de sons que eu ouço onde vivo com minha família por quatro meses: uma pequena vila no Alaska, onde meu marido pesca salmão.
Eu ouço minha filha de quatro anos, Zaley, respirar profundamente enquanto dorme. Então, eu ouço minha filha de 20 meses, Anna, que é surda. Eu ouço os sons vindo de sua boca, sons esses que ela não pode ouvir.
Anna nasceu totalmente surda e com atraso motor, tudo isso por causa de um vírus que eu nunca tinha ouvido falar, chamado citomegalovírus (CMV). Esse vírus causa mais má formação nos Estados Unidos do que qualquer outra doença não-genética; cerca de 30 mil bebês nascem com CMV e aproximadamente 8 mil tem problemas graves por causa desta doença.
CMV é contagioso e provavelmente estava vivendo na boca da minha filha mais velha por alguns meses sem causar qualquer complicação ou sintoma, enquanto eu estava grávida da Anna. Este vírus é muito comum em creches e pré-escolas e bebês e crianças pequenas podem transmiti-lo por meio da urina e saliva.
Na escuridão do quarto, eu dou colo para minha pequena Anna que também é sensível à luz. Então, delicadamente eu a levo para fora para ver a manhã. Suavemente, deslizo os processadores de som dos implantes cocleares de Anna acima de cada uma de suas orelhas, onde imãs cirurgicamente embutidos se prendem às ondas de rádio e transportam som para seu cérebro. Antes de Anna nascer, eu nunca tinha ouvido falar em implantes cocleares e nem em CMV. Mas este é o meu mundo agora: navegando entre o som e o silêncio e ainda pensando como que uma doença que afeta tantos bebês pode tem sido mantida em silêncio por tanto tempo.
Durante os outros oito meses do ano nossa família vive em Denver, onde eu tive meus exames de pré-natal. Minha gravidez foi tranquila, exceto por um momento no segundo trimestre em que eu e minha filha mais velha não ficamos nos sentindo muito bem. Pode ter sido o CMV, mas eu nunca vou saber.
Como disse, eu provavelmente peguei o CMV da minha filha mais velha. Se eu soubesse sobre essa doença antes, certamente eu teria tido alguns cuidados que eu não tive. Como: lavar as mãos após assoar o nariz da minha filha, beijar minha filha no rosto ao invés dos lábios e usar meus próprios copos e talheres, ao invés de dividir os meus com ela.
Este é o tipo de pensamento que você tem quando você tem um filho com CMV congênito. Mas o fato é que: para proteger seu bebê do CMV, primeiro você precisa saber que ele existe!
Quando Anna nasceu, ela nasceu com um peso bom, mas em silêncio. Eu senti que havia algo errado. E nosso pediatra também percebeu. Na consulta de dez dias ele pediu um teste para CMV. E deu positivo. Imediatamente começamos a dar a ela os remédios necessários para que a doença não afetasse também sua visão e capacidade cognitiva. É preciso começar a dar esse remédio para bebês com CMV congênito antes das três semanas de vida.
No Alaska nós vivemos em uma cidadezinha chamada Sitka, ela conta com oito mil habitantes. A mesma quantidade de bebês que todos os anos são afetados seriamente pelo CMV. Ou seja, isso equivale à população de uma cidade inteira! Isso significa que os trabalhadores e os clientes em três mercearias, as pessoas indo para dois cinemas, todo o pessoal da base da Guarda Costeira e dois hospitais, as congregações em 15 igrejas, os caminhantes, os artistas e pescadores desportivos – cada homem, mulher e criança seria surdo, cego, imobilizado ou morto a cada ano que voltássemos a Sitka.
Quando fiquei doente com o que acredito ter sido o CMV na minha segunda gravidez, eu estava relativamente tranquila. Isto porque eu tinha passado por uma série de exames e todos tinham dado negativo: hepatite B, hepatite C, sífilis, HIV, rubéola, clamídia e doenças genéticas. Não me testaram para o CMV, apesar das chances do bebê nascer afetado pelo CMV serem maiores do que todas as doenças que mencionei acima JUNTAS.
O que mais me deixou abalada em relação à tudo isso, não foi o fato de ter tido uma filha com necessidades especiais, afinal eu a amor de qualquer maneira, mas sim a FALTA DE CONHECIMENTO sobre uma doença tão grave, tão prejudicial e tão frequente”.
Entendendo o citomegalovírus:
Sintomas do citomegalovírus
Recém-nascidos infectados com o CMV durante a gestação, parto ou por meio da amamentação costumam mostrar mais sintomas da doença do que os adultos. Sendo que os principais sintomas são:
- Icterícia;
- Manchas roxas na pele;
- Baixo tamanho e/ou peso ao nascer;
- Baço maior do que o normal;
- Fígado maior e com problemas para funcionar;
- Pneumonia;
- Convulsões;
- Menor tamanho da cabeça (microcefalia);
- Prematuridade;
- Também pode ocorrer do bebê nascer saudável e com o passar do tempo apresentar problemas como:
- Perda de audição;
- Perda de visão;
- Problemas intelectuais;
- Falta de coordenação;
- Fraqueza e/ou problemas em usar os músculos;
- Convulsão
Prevenção do citomegalovírus para gestantes
Para evitar o CMV é preciso prestar atenção especial a sua higiene. Os cuidados necessários são:
- Lave as mãos com frequência: use sabonete e água e lave as mãos por 15 a 20 segundos, especialmente se você entrou em contato com crianças pequenas ou com suas fraldas ou secreções orais;
- Evite contato com lágrimas e saliva de crianças. Por exemplo, ao invés de beijar a criança nos lábios, beije na testa;
- Evite dividir comida, beber no mesmo copo do que outras pessoas e dividir garfos ou facas;
- Evite o contato com produtos que tem fluidos corporais, como uma fralda ou um lencinho para assoar o nariz;
- Limpe brinquedos e outros objetos que tenham entrado em contato com a saliva ou urina de uma criança;
- Pratique sexo seguro: use camisinha durante as relações sexuais para evitar a transmissão do CMV pelo sêmen ou fluidos vaginais;
Saiba mais sobre o citomegalovírus aqui.
Fontes consultadas:
Centro de Controle de Doenças do Governo dos Estados Unidos
Clínica Mayo