Creche particular de SP onde esta bebê morreu volta a funcionar sem autorização
A creche retornou as atividades na segunda-feira (18), mesmo sem autorização da prefeitura de Campinas
A escola infantil Casinha do Saber, de Campinas (SP), voltou a funcionar nesta segunda-feira (18), mesmo SEM a autorização da prefeitura de Campinas, no interior de São Paulo.
A Casinha do Saber foi fechada pela Prefeitura no dia 15 de agosto. Isto foi determinado após a morte da pequena Emanuelle Calheiros Maciel. A bebê de quatro meses passou mal e morreu no seu primeiro dia de aula na creche.
Uma equipe da EPTV, afiliada da TV Globo, flagrou o retorno da creche nas atividades. Eles observaram uma movimentação de crianças e uma mãe confirmou o funcionamento da unidade. Em nota, o advogado da creche disse que houve uma “confusão” e que o espaço será novamente fechado.
A EPTV questionou a Secretaria da Educação sobre o retorno da creche e eles informaram que vão pedir para a Secretaria de Urbanismo verificar a situação na escola. Apenas após esse procedimento é que serão tomadas as medidas necessárias.
Um representante da Casinha do Saber, o advogado Ferdinando Galliani Neto confirmou que falta a liberação da Secretaria de Educação para o funcionando da unidade. Em nota enviada à EPTV, ele atribuiu o atendimento a uma “confusão”.
“A escola de educação Casinha do Saber restabeleceu o recebimento de alunos no dia de hoje, uma vez que o próprio órgão municipal que cessou temporariamente suas atividades, no dia 17 de setembro de 2017, após o cumprimento de vasto acervo de documentos, lhe concedeu o Alvará de Uso”, diz a nota.
Neto destaca que a escola cumpriu ainda “com todos os documentos pertinentes e exigidos pela Secretaria Municipal de Educação” e, inclusive, “já dispõe de protocolo administrativo dando conta desse cumprimento”.
Entenda o caso
A pequena Emanuelle faleceu no dia 8 de agosto após ficar apenas duas horas na creche. De acordo com o Instituto Médico Legal (IML) a bebê morreu devido a um sufocamento por alimento. A declaração de óbito emitida destaca que ocorreu uma “broncoaspiração maciça por alimento na creche”.
“O termo ‘maciça’ indica que o volume do alimento foi muito grande. Houve uma sufocação total”, explicou Edvaldo Messias Barros, diretor do Instituto de Criminalística (IC) em entrevista ao portal G1. Alimentos além do leite materno e/ou fórmula, só podem ser dados para bebês maiores de 6 meses, o que não era o caso. A família apenas foi informada pela creche que a bebê não tomou a mamadeira que a mãe havia deixado.
Além disso, quando a mãe retornou para buscar a filha, já a encontrou roxa e de acordo com o tio da bebê, nenhum funcionário da creche soube fazer manobras para tentar desengasga-la. “Disseram pra ela: ‘Mãe, ela está dormindo num sono muito profundo. É assim mesmo?’ A mãe correu pra ver e a criança estava roxa. O corpo estava quente ainda. Ficaram mais ou menos 10 minutos depois disso e não conseguiram fazer nada. Ficaram perdidos balançando a criança”, contou o tio da bebê, Devair Marques Maciel, em entrevista ao portal G1.
A creche também não conseguiu chamar a ambulância e a mãe teve que ir a pé com a filha para o hospital mais próximo, onde a menina acabou falecendo.
Dois dias após a morte de Emanuelle, a escola causou ainda mais indignação, isto porque eles emitiram uma nota atribuindo a morte da bebê “à vontade de Deus”.
“A primeira pergunta que se faz: por que Deus? Por que com esse anjinho? Por que com a nossa escola? Por que com nossa equipe? Certamente, pela vontade de DEUS!”, destacou nota da escola.
“Não havendo palavras que possam confortar a dor imensurável, com a qual compartilhamos, senão pela fé em Deus, Nosso Senhor Jesus Cristo, quem certamente confortará a todos e dará o merecido descanso à sua alma e ao seu espírito ao lado do Pai Eterno”, dizia o texto enviado pela advogada da escola e assinado pela equipe Casinha do Saber.