“Eles vêm para pessoas especiais”, diz mãe de bebê com Síndrome de Down
Veja a seguir o ótimo depoimento de Simone dos Anjos que é mãe do Matheus, que tem Síndrome de Down
No Dia Internacional da Síndrome de Down, vamos contar para vocês a história da mamãe Simone dos Anjos, 31 anos e de seu bebê, o fofo Matheus. Simone é consultora de beleza e há seis meses é mãe do Matheus. Este pequeno tem Síndrome de Down. Desde a gestação, Matheus está fazendo Simone e toda a família descobrir um mundo novo, repleto de desafios e de MUITO AMOR!
Matheus foi muito desejado por Simone e o marido. “Eu sou casada há três anos e a gente estava querendo filhos. Meu marido já tem três filhos e Matheus é o meu primeiro. Aí achamos que era o momento, eu parei de tomar pílula e logo de cara veio. Na virada de 2017 eu parei a pílula e em janeiro eu estava grávida! Quando contei a novidade pro meu marido ele ficou todo bobo, queríamos muito este filho!”, recorda-se Simone.
Os primeiros exames durante a gestação não indicaram que Matheus poderia ter Síndrome de Down. “O exame de translucência nucal não identificou. Ele apenas mostrou uma alteraçãozinha, mas era algo tão pequeno que o médico não se preocupou”, contou Simone.
Foram aos seis meses de gestação que observou-se que havia algo errado. “Com seis meses de gestação fizemos o eco cardiograma fetal, e no eco apareceu um problema cardíaco e o choque maior que a gente teve mesmo na gestação foi esse. Ainda mais porque o médico que fez o exame não teve o cuidado de contar. Como se fosse a coisa mais normal do mundo, o médico me disse que meu filho tinha um problema complexo no coração! E ai eu já entrei em pânico, fiquei apavorada e comecei a chorar. Naquele momento ele não mencionou possibilidade da Síndrome de Down, para mim era só isso, só o coração”, afirmou Simone.
Então, Simone decidiu repetir o exame no coração com outro médico. “Ai quando eu repeti o exame, o problema apareceu de novo e o outro médico comentou comigo: ‘olha mãe, provavelmente ele deve ter alguma síndrome associada a esse problema cardíaco, podem ser várias, tem um exame que pode detectar, mas ele é muito perigoso para o bebê’”.
Simone e o marido decidiram não realizar o exame. “Eu falei para meu marido: ‘sinceramente não vai mudar nada, porque eu não vou poder tratar e eu não vou tirar meu filho. Não quero fazer o exame’. Então, decidimos não fazer o exame”.
Maiores cuidados na gestação
A partir deste diagnóstico, a gestação de Simone seguiu com alguns cuidados extras. E por causa do problema do coração, o médico decidiu que seria melhor realizar uma cesárea. “Tínhamos marcado a cesárea para quando eu estivesse com 40 semanas de gestação, mas com 37 semanas em um domingo eu entrei em trabalho de parto”, contou Simone.
Simone passou por uma cesárea e assim que o pequeno Matheus nasceu, precisou ficar internado na UTI neonatal. “Matheus veio para mudar tudo, eu tinha o sonho de ter parto normal e do meu bebê nascer e ficar no meu colo, mas não foi assim que aconteceu. Matheus já chegou me mostrando que na maternidade não dá para planejar muito. Quando ele nasceu, trouxeram ele um pouco para mim, ele veio todo embrulhadinho e eu nem cheguei a segurá-lo, foi bem rápido e ele já foi para a UTI com meu marido acompanhando”, contou Simone.
O diagnóstico da Síndrome de Down
Quando Matheus nasceu, a médica já informou aos pais que de fato ele tinha uma Síndrome. “A pediatra quando veio trazer ele, falou: ‘mãe, ele tem algumas alteraçõeszinhas, mas depois a gente conversa’”.
A Síndrome de Down só foi mencionada no dia seguinte quando Simone foi ver Matheus na UTI. “Foi um baque ver meu filho na UTI, ele estava na incubadora só de fraldinha e com aquela aparelhagem toda…Neste mesmo dia o geneticista veio e falou: ‘olha, é Down, eu tenho certeza. Vamos fazer o exame só para ter uma comprovação, mas é Down”.
Após 40 dias, saiu o resultado do exame confirmando que o pequeno tinha Síndrome de Down. “Sinceramente eu não sei te dizer quando a ficha caiu, acho que foi ao longo de todo esse processo. Mas até hoje tem horas que me bate uma angustia, uma preocupação em relação ao futuro sabe? Me preocupo com como é que vai ser para ele. Mas um amigo que tem um filho com Síndrome de Down me disse: ‘viva um dia de cada vez’. E é isso que eu estou tentando fazer”.
A nova vida com um bebê com Síndrome de Down
O pequeno Matheus precisou fica quinze dias internado na UTI. Além do problema no coraçãozinho, outro desafio foi a amamentação. “Quem tem Down normalmente é hipotônico (não tem muita força muscular), então ele teve maior dificuldade para mamar. Mas as enfermeiras da UTI foram ótimas, elas me orientaram, me ensinaram a pega, elas estavam ali realmente prontas a ajudar”, explicou Simone.
Matheus irá passar por uma cirurgia no coração em breve para tratar a má formação no órgão e após isso ele poderá realizar terapias mais intensas. “No momento estamos fazendo apenas alguns estímulos mais leves”.
Simone contou que um dos principais aprendizados que está tendo desde o nascimento do filho é a ter paciência. “Estou aprendendo a ter paciência porque eu sou muito ansiosa e agora estou tentando ao máximo viver o presente. Também estou aprendendo a não comparar o Matheus com outros bebês, cada um tem o seu tempo e o seu jeito de desenvolvimento e temos que respeitar e entender isso. Ele graças a Deus é um bebê muito calmo, tranquilo, ele quase não chora. Desde de os dois meses ele dorme a noite inteira!”.
As pequenas conquistas, que para muitos pais podem passar despercebidas, também começaram a ter um valor especial para Simone. “Eu sempre fui uma pessoa que dá valor a essas coisas mais simples, mas de qualquer forma muda bastante, por exemplo, ele demorou quase uma semana para ele abrir os olhos, quando ele começou a abrir os olhos foi uma festa! Quando ele começou a rir… qualquer coisinha, é uma vitória, é uma festa! Antes do Matheus nascer, eu sempre falava que não queria fazer mêsversário, que achava uma besteira, mas agora eu quero e faço! Como que você não vai comemorar a vida dele? Como não vamos comemorar que ele está aqui com a gente?”.
Simone também descobriu uma força dentro de si que não imaginava que tinha. “Eles são especiais, mas eu acredito que eles também vêm para pessoas especiais. Deus vai manda-los para quem consegue, para quem vai lhes dar muito amor”.
Simone e o marido tem recebido grande apoio de toda a família. “Principalmente da minha mãe está me acompanhando em vários exames, já que muitas vezes meu marido precisa trabalhar e não pode ir”, contou Simone.
Para mamães e papais que descobriram ou suspeitam que o filho possa ter Síndrome de Down, Simone tem uma mensagem. “O que eu acho o importante é o estímulo, você não pode limitar! A gente quer proteger, botar em uma redoma para ele não sofrer, mas a gente tem que dar condições para ele se desenvolver o máximo que puder. Se ele tiver que namorar, casar, ele vai. E sobre as dificuldades, sinceramente, se vier um bebê sem síndrome você também vai ficar perdido. No geral, é um bebê que você vai ter que cuidar, só que eles vão ser bebês por mais tempo e a fase melhor é bebê, então para mim tá ótimo!”, concluiu Simone.