Maternidade particular de SP é investigada por violência obstétrica
Mulheres afirmam que os médicos e enfermeiros fizeram a manobra de Kristeller durante seus partos, procedimento que é uma violência obstétrica
O Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo pediu que o Hospital e Maternidade SacreCoeur, do Grupo NotreDame Intermédica, apure denúncias de violência obstétrica em três partos. A decisão foi tomada após três mulheres afirmarem que os médicos e enfermeiros usaram a “manobra de Kristeller” no parto.
A “manobra de Kristeller” é um procedimento no qual a barriga da mulher é empurrada para forçar a saída do bebê. Este procedimento não é indicado durante o parto, pois causa uma forte pressão na região do períneo o que pode levar a sua ruptura. Além disso, há o risco de ele reduzir a oxigenação do bebê.
Uma das mães, afirma que seu bebê nasceu com fraturas e teve que ficar internado devido à manobra de Kristeller. O MPF disse que órgãos médicos nacionais e internacionais “são uníssonos ao condenar a manobra”.
Por meio de nota, o grupo que administra o hospital informou que “os hospitais do Grupo NotreDame Intermédica seguem um protocolo oficial que contraindica a manobra de Kristeller”. “Após a primeira manifestação do Ministério Público Federal sobre o alerta relacionado a referida manobra, o Hospital e Maternidade Sacrecouer, assim como os demais hospitais do Grupo, intensificaram ações relacionadas ao tema e vem constantemente monitorando o cumprimento do referido protocolo oficial”, diz a nota.
O MPF pede que além de apurar as denúncias, “que médicos e enfermeiros do hospital sejam formalmente comunicados de que a adoção da manobra de Kristeller está proscrita [banida] e passem por treinamentos sobre métodos humanizados de parto”. O Grupo NotreDame disse que “toda a equipe de saúde” do SacreCoeur passou por treinamentos em parto humanizado.
A procuradora Ana Carolina Previtalli Nascimento, autora dos pedidos, também quer que cartazes sejam afixados na unidade alertando o público e a equipe médica para a proibição do procedimento.
Esta não é a primeira vez que um hospital particular de São Paulo é investigado por casos de violência no parto. Recentemente o Hospital e Maternidade Santa Joana – Filial Pro Matre Paulista e o Hospital e Maternidade Santa Joana também foram investigados.
Para denunciar violência obstétrica, as mulheres podem procurar o MPF pelo site www.cidadao.mpf.mp.br ou pessoalmente em qualquer unidade do MPF.