Violência obstétrica: entenda o que é e veja 15 situações comuns

Bruna Stuppiello
Veja as principais formas de violência obstétrica

Confira os 15 procedimentos e atitudes que são considerados violência obstétrica e proteja-se

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A violência obstétrica ou violência no parto consiste em agressões físicas ou verbais contra a parturiente cometidas por profissionais da área da saúde. Esses procedimentos podem causar uma série de problemas de saúde na mãe e até mesmo no bebê. Listamos os 15 procedimentos e atitudes que são considerados violência obstétrica. Veja quais são e proteja-se:

1. Cesárea desnecessária e contra a vontade da mãe

O médico que realiza uma cesárea sem real necessidade quando a vontade da mãe era pelo parto normal comete uma violência obstétrica. Afinal, este profissional de saúde desrespeita o desejo da mulher e algumas vezes até mente a ela a fim de convencê-la a aceitar a cirurgia. Além disso, a cesárea apresenta maiores riscos para a saúde da mãe e do bebê, favorecendo infecções na mulher, problemas pulmonares no bebê e outros problemas. Saiba quando a cesárea é necessária e quando não é.

2. Não oferecer alívio para a dor

A mulher que realiza o parto normal tem direito à métodos para aliviar sua dor quando desejar. Eles podem ser não farmacológicos, como massagens e banhos, ou farmacológicos, como a raquianestesia e a peridural. A primeira é utilizada quando a dor da mulher está muito intensa, pois tem um efeito imediato. Ela dura apenas uma hora, portanto para evitar que seu efeito passe no meio do parto, a raquianestesia costuma ser combinada com a peridural. Já a peridural demora um pouco mais para agir, contudo seu efeito dura por um período maior. Profissionais de saúde que se negam à oferecer estes métodos de alívio da dor para a mulher cometem violência obstétrica.

3. Não informar a mulher sobre um procedimento

É essencial que o profissional de saúde informe a mulher sobre qualquer procedimento que será realizado nela. O médico ou enfermeiro que não faz isto comete uma violência no parto.

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4. Agressão verbal

Frases como: “na hora de fazer você não chorou” e “se continuar gritando, seu bebê vai nascer surdo” são agressões verbais contra a parturiente e são consideradas violência obstétrica. Isso vale para qualquer frase que ofenda a parturiente.

5. Afastar mãe e filho após o nascimento

Caso mãe e bebê estejam bem, é essencial que eles fiquem juntos após o parto. “Só vão para o nosso berçário os bebês de risco, nestes casos o que nós preconizamos é o alojamento conjunto, que também é uma prática de humanização. Significa que a mulher fica junto ao seu bebê e recebe incentivo ao aleitamento materno, desde o primeiro momento”, explica o ginecologista obstetra Éder Viana de Souza, Coordenador de Obstetrícia do Amparo Maternal em São Paulo.

A amamentação na primeira hora de vida do bebê é importante porque irá estimular a liberação do hormônio ocitocina. Este hormônio é responsável pelo início do fluxo de leite materno e também proporciona a sensação de satisfação, calma e alegria, contribuindo para que a mãe fortaleça o vínculo afetivo com seu filho. Por isso, separar mãe e bebê após o parto sem real necessidade é considerado uma violência obstétrica.

6. Negar atendimento

Nenhum hospital, casa de parto ou maternidade pode negar atendimento à parturiente. A instituição que realizar isso comete uma violência no parto.

7. Ocitocina sintética

A ocitocina sintética é utilizada para acelerar o nascimento. Então, enquanto em um trabalho de parto sem interferências as contrações se tornam intensas aos poucos, fazendo com que a parturiente consiga se adaptar e tolerar as mudanças, em um parto no qual a ocitocina sintética é aplicada as contrações ficam muito mais fortes em um curto período de tempo. “Ela transforma uma dor intensa em insuportável. É preciso saber quando utilizá-la, o uso do medicamento não deve ser rotineiro”, alerta a médica Carmen Simone Grilo, professora do Departamento de Saúde Materno-Infantil da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP).

É importante sempre informar a mulher sobre a aplicação da ocitocina e que ela seja utilizada apenas quando realmente for necessária, caso contrário trata-se de uma violência obstétrica.

8. Episiotomia de rotina

A episiotomia, corte do períneo, não deve ser realizada como um procedimento de rotina, mas sim, quando realmente houver necessidade. “Primeiramente porque se você corta a vagina da mulher aumenta a dor, no Brasil o tratamento dado ao períneo é muito agressivo”, constata Grilo. O procedimento ainda aumenta o risco de infecções, hematomas, desconforto durante o sexo, entre outras complicações. Caso a episiotomia tenha sido feito sem o consentimento da parturiente ou real necessidade trata-se de uma violência no parto.

9. Obrigar a mulher a ficar em uma posição

É importante que durante o parto normal a mulher tenha liberdade para ficar na posição que preferir. Infelizmente, alguns profissionais de saúde obrigam a parturiente a ficar deitada de barriga para cima. “Esta posição é ruim porque só aumenta a dor de parto”, conta Grilo. Ao forçar a mulher a ficar em uma posição, o profissional também está cometendo uma violência obstétrica.

10. Lavagem intestinal e tricotomia

A lavagem intestinal era realizada para evitar que a mulher fizesse cocô durante o parto. Porém, atualmente sabe-se que este método não é eficaz, causa desconforto e problemas para a saúde. “A lavagem intestinal não é mais válida, aumenta o risco de infecções, é incômoda, constrangedora e não previne a liberação das fezes”, constata Grilo. A realização da lavagem pode ser considerada uma violência contra a parturiente.

A tricotomia, raspagem dos pelos, apesar de não causar dor, não é mais recomendada. Isto porque não proporciona nenhum benefício para a parturiente e ainda pode aumentar o risco de infecção.

11. Manobras de parto desnecessárias

A manobra de Kristeller, na qual uma pessoa empurra a barriga da mulher durante o trabalho de parto, é dolorida, desnecessária e perigosa. O método causa uma forte pressão na região do períneo, o que pode levar a sua ruptura. Além disso, há o risco de ele reduzir a oxigenação do bebê. A realização desta manobra em qualquer situação é uma violência.

12. Ruptura da bolsa

A ruptura da bolsa feita pelos profissionais de saúde não deve ser um procedimento de rotina, principalmente se o parto estiver evoluindo bem. Quando isto é feito, ocorre um aumento considerável das contrações e também há mais chances de infecção.

13. Exames de toque em excesso

O exame de toque causa desconforto, porém é importante realizá-lo algumas vezes para saber como o parto está evoluindo. Em uma gravidez saudável não é preciso fazer o exame de toque várias vezes e também não é necessário realizá-lo por diversas pessoas, isto aumenta a dor de parto, o risco de infecção e ainda é constrangedor.

14. Proibir a entrada de um acompanhante no trabalho de parto e no pós-parto

Está garantido na lei que a mulher tem o direito a um acompanhante durante o trabalho de parto, parto e pós-parto imediato. Portanto, não cumprir isso, além de ser uma violência no parto, é ilegal.

15. Amarrar a mulher durante o parto

Tanto no parto normal quanto na cesárea não é necessário amarrar pernas, braços ou qualquer outra parte do corpo da mulher. Os profissionais de saúde que realizam isto cometem uma violência obstétrica.

A lei ao seu lado

Apesar de não existir uma lei específica contra a violência obstétrica, existe a proteção legal contra o fato violento. Por isso, a mulher pode e deve entrar em contato com um advogado se acredita que foi vítima de uma violência obstétrica.

O recém-nascido também pode sofrer uma série de procedimentos desnecessários e arriscados para a sua saúde. 

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