Procedimentos desnecessários no recém-nascido
Procedimentos desnecessários no recém-nascido podem causar anemia, alergias, arritmia cardíaca e outros problemas
Existem alguns procedimentos desnecessários que certos hospitais insistem em fazer de forma rotineira nos recém-nascidos. Quando realizados sem real necessidade, esses procedimentos podem causar uma série de problemas de saúde no recém-nascido. Saiba quais são eles, quando precisam ser feitos e os problemas de realiza-los sem necessidade.
Aspiração gástrica
A aspiração gástrica pode ser necessária para o recém-nascido em algumas situações. “Se o bebê nascer deprimido e com muito mecônio pode vir a ser necessário, ou até manter a sonda aberta para saída dos gases que serão usados via oral para reanimação”, explica o pediatra neonatologista Jorge Huberman.
Quando realizada de forma rotineira e sem necessidade a aspiração gástrica pode ser prejudicial para o recém-nascido. “A grande maioria dos bebês, mesmo os nascidos de cesárea, não precisam ser aspirados. A aspiração pode levar a diminuição de frequência cardíaca, espasmos de laringe, queda da pressão arterial e dificuldade de mamar nos bebês”, constata Huberman.
Aspiração das vias aéreas
A aspiração das vias aéreas é orientada em algumas situações específicas. “Quando nascer deprimido e houver mecônio espesso associado e quando se suspeitar de atresia de coanas ou de má formação esofágica”, observa Huberman.
Os potenciais riscos de realizar a aspiração das vias áreas sem necessidade são: arritmias cardíacas, laringoespasmo (oclusão da glote devido à contração dos músculos da laringe) e vasoespasmo da artéria pulmonar. “A grande maioria dos bebês nascem bem e não precisam ser aspirados. Eles são perfeitamente capazes de limpar suas próprias vias aéreas (tossindo e espirrando). Além disso, os bebês que nascem por parto vaginal, ao passar pelo canal de parto, os pulmões do bebê são massageados, provocando a expulsão natural dos líquidos. A aspiração, tanto a orotraqueal (pela boca) quanto a nasotraqueal (pelo nariz) causam muito desconforto para o bebê”, alerta Huberman.
Cortar o cordão umbilical enquanto pulsa
Não é recomendado cortar o cordão umbilical antes dele parar de pulsar. “De acordo com evidências científicas este procedimento aumenta aumenta a incidência de anemia na infância. É possível também aguardar a expulsão da placenta antes do clampeamento do cordão umbilical”, conta Huberman.
Sondagem anal
É comum introduzir uma sonda no ânus do bebê para verificar se a passagem está desobstruída. “Uma alternativa seria aguardar ao menos 24 horas para ver se o bebê faz cocô e só depois observar se é necessário fazer o procedimento”, diz Huberman.
Separar o recém-nascido da mãe
Nos partos hospitalares, o neonatologista normalmente após realizar os procedimentos desnecessários mencionados acima, permite apenas um breve contato do bebê com a mãe na sala de parto e já leva o recém-nascido para o berçário para ficar em observação entre duas a quatro horas. “Esse procedimento não tem justificativa no caso de um bebê saudável e é prejudicial para o estabelecimento do vínculo bebê-mãe (família) e para o início da amamentação”, ressalta Huberman.
Banho dado pela equipe de enfermagem
Ao contrário do que muitos acreditam o primeiro banho do bebê não precisa ser realizado pela equipe de enfermagem. “O primeiro banho do bebê é dado normalmente por uma enfermeira, que, com mãos enluvadas esfrega bem o bebê para retirar toda ‘sujeira’ e entregá-lo ‘limpinho’ à família. O bebê costuma nascer com algum vérnix no corpo (substância oleosa esbranquiçada que reveste a pele do bebê quando ele está no útero), o qual é totalmente absorvido nas primeiras horas de vida do bebê. A família pode escolher que o primeiro banho do bebê seja dado no momento que quiserem, por alguém da própria família, que tocará no bebê com mãos sem luvas e com carinho”, observa Huberman.
Oferta de líquidos ao bebê
É comum que se dê ao bebê, no berçário e sem o consentimento ou conhecimento da família, uma mamadeira com soro glicosado ou leite modificado. “Isto pode interferir na amamentação e predispor o bebê a alergias”, alerta Huberman.
Outro procedimento polêmico é o uso do colírio de nitrato de prata. Algumas atitudes realizadas na mulher durante o parto também podem causar problemas de saúde e são consideradas violência obstétrica.