Método BLW: a introdução dos alimentos para o bebê sem papinhas
Entenda o que é o método BLW (Baby-led Weaning) e veja se ele é uma boa opção para os bebês
Criado pela enfermeira britânica e mestra em alimentação infantil, Gill Rapley, o método BLW vem conquistando mães e pais em todo o mundo. Essa abordagem diferenciada sobre introdução alimentar induz os pequenos a terem mais autonomia na hora de comer.
Porém, essa postura também é criticada por especialistas. Você já ouviu falar desse método?
Neste artigo, vamos explicar o que ele é, quando começar, vantagens e desvantagens desse processo. Continue lendo!
O que é?
O método BLW (Baby-led Weaning) tem sido cada vez mais usado para a introdução dos alimentos na dieta do bebê. “A tradução do inglês significa desmame guiado pelo bebê. Assim, ele consiste em oferecer a comida em pedações e deixar que a criança coma sozinha”, explica a pediatra Virginia Weffort, presidente do Departamento de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
Quando e como iniciar o método BLW?
No método BLW, em vez de começar com as papinhas, o bebê come junto com os pais. Isso começa a partir dos seis meses de vida, quando a alimentação dele não precisa ser exclusivamente feita com leite materno ou fórmulas.
Além disso, é necessário que o bebê já tenha algumas habilidades com as mãos para segurar os alimentos e conseguir levá-los à boca. O Departamento de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) afirma que, na fase de introdução alimentar, seja no método BLW ou com as papinhas, as refeições devem acontecer em família.
Em outras palavras, os pais precisam servir de modelo para o bebê. “Nessa fase, é de suma importância que os adultos sejam orientados a dar o exemplo de hábitos alimentares saudáveis”, recomenda a entidade.
Para iniciar, os pais devem lavar bem verduras e frutas, cortar em pedaços não muito pequenos e colocá-las em frente ao bebê. Se possível, na mesinha da cadeira de alimentação.
O principal objetivo do método BLW é oferecer uma experiência sensorial ao bebê. Além de dar autonomia para que ele se interesse, deguste e diferencie sabores e texturas.
Quais alimentos o bebê pode comer?
Existe uma infinidade de alimentos que podem ser introduzidos na alimentação do bebê pelo método BLW. Aqui vamos listar alguns deles e como devem ser cortados para que o pequeno consiga comer.
Cenoura, beterraba, batata, tomate, abobrinha, chuchu, pepino e abóbora devem ser cortados em palitos para que fique mais fácil do bebê segurar cada pedacinho. Banana, maçã e melão devem ser fatiados e as uvas cortadas ao meio.
Também é possível introduzir ovos cozidos cortados em 4 partes, carne de frango cortada em tiras, hambúrguer grelhado e carnes em pedaços, que não devem ser engolidos. Eles podem ser usados apenas para o bebê chupar o líquido e depois descartar.
Além disso, macarrão, arroz e feijão podem ser oferecidos em forma de bolinhos dentro do método BLW. Os alimentos duros devem ser cozidos para que o bebê consiga comer com mais facilidade.
Quais as vantagens do método BLW?
Os defensores do BLW afirmam que ele contribui para a prevenção da obesidade infantil. Pois o bebê come a quantidade que quer, até se sentir saciado.
Também é uma oportunidade para que ele distinga os sabores dos alimentos e identifique o que é agradável ao paladar ou não. Vamos conhecer alguns benefícios:
Experiência sensorial
No processo da alimentação, a criança começa a desenvolver outros sentidos. Entre eles a habilidade motora para pegar os alimentos e a visão para identificar as comidas com suas cores e formatos variados. Além do tato para sentir as texturas e, principalmente, o paladar, quando identifica os diferentes sabores.
Aproveitamento de fibras
Os alimentos inteiros são fontes de fibras, que são ótimas aliadas na regulação do trânsito intestinal, o que é valorizado dentro do método BLW. As papinhas, por serem trituradas, acabam quebrando as fibras, assim, muitas vezes prejudicam a motilidade intestinal do bebê na fase de introdução de alimentos sólidos.
Autorregulação e desenvolvimento psicomotor
No método BLW bebê vai perceber o que consegue mastigar, qual é o tamanho ideal da mordida e o quanto ele precisa mastigar os alimentos antes de engolir. Com isso, ele vai regulando como comer, quanta comida levar à boca e quais movimentos precisa fazer para que a alimentação aconteça.
Quais as desvantagens?
Muitos especialistas discordam desses benefícios e acreditam que o método BLW não seja indicado para bebês. Confira os motivos.
Problemas de saúde
Para a pediatra Virginia Weffort, oferecer alimentos em pedaços aos bebês já nos seis meses de vida pode causar problemas de saúde. “A criança de 6 meses está em amadurecimento de suas funções neuromotoras, digestórias e renais”, afirma.
Digestão incompleta
Ao oferecer o alimento cru, muitas vezes, o processo de digestão pode não ser completo, sendo esse alimento eliminado intacto pelas fezes. Além disso, a criança pode engasgar. “Ao oferecer só o alimento para a criança pegar, ela pode se cansar, demorar muito para comer e não ser suficiente para sua nutrição”, alerta Weffort.
Necessidade de nutrição completa
Por essas razões, a pediatra Virginia Weffort acredita que o melhor caminho é a introdução alimentar clássica. Ou seja, a que acontece por meio das papinhas.
“A criança precisa dos nutrientes de todos os grupos alimentares, desde sua primeira papa. Precisa do carboidrato presente nos cereais e tubérculos, da proteína animal (carnes, vísceras e ovo), da proteína vegetal (feijão, soja, lentilha etc.), das hortaliças (verduras, folhas) e dos legumes (cenoura, abobrinha)”, detalha a médica.
Ainda, de acordo com Weffort, essas papas só devem ser dadas aos 6 meses. Para que a criança receba o leite materno exclusivamente até essa idade. Após os 6 meses, é necessária a alimentação complementar ao leite materno. “Não queremos desmamar, mas também a criança não pode ficar só com o leite. É importante ter os horários para as refeições e para o aleitamento”, conta a pediatra.
Além disso, dar a papinha ao bebê não vai tirar do pequeno a experiência de conhecer individualmente o sabor de cada alimento. “O que pode ser feito é oferecer a papinha e deixar que a criança pegue os pedaços no prato para conhecer a textura do alimento”.
Ela explica que fazer papinha não significa que todos os alimentos estarão misturados. “Os alimentos são cozidos juntos, mas no prato dá para separar cada um e dar para a criança conhecer o sabor. Muitos estão com um conceito errado sobre a papa”, ensina a médica.
“Entre 7 e 8 meses, os alimentos podem ficar com pedaços um pouco maiores. Aos 10 meses é que ficarão na consistência da alimentação da família. Porque é nessa época que a criança terá mais dentes para poder triturar o alimento, permitindo sua digestão com a absorção dos nutrientes necessários para seu crescimento”, completa Weffort.
Independentemente de qual tipo de introdução alimentar os pais vão adotar, a Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que eles tenham muita paciência. Também é importante que respeitem os limites da baixa idade do bebê, “sempre agindo como facilitadores no processo de alimentação. Proporcionando um ambiente tranquilo sem a utilização de estratégias coercitivas ou punitivas. Uma frase pode ser o resumo dessa orientação: comer junto e não dar de comer”.
Entendeu como funciona o método BLW? A técnica ainda gera controvérsias, porém vem sendo adotada em várias partes do mundo com sucesso nos últimos anos. No fim das contas, cabe aos pais decidirem com o pediatra qual é a melhor forma de introduzir alimentos de forma saudável na dieta do bebê.