Introdução alimentar do bebê: passo a passo
Introdução alimentar do bebê: veja o passo a passo
Como preparar a primeira papa na introdução alimentar do bebê? Qual a quantidade correta de cada alimento? Depois disso, quais outras papinhas introduzir na dieta? Essas são algumas questões que surgem principalmente para quem está cuidando de uma criança, em gestação ou se preparando para engravidar.
É preciso ter atenção com a comida que pode ser oferecida ao bebê. E também com aquela que não pode ser ingerida. Além disso, é necessário conhecer qual é o momento mais adequado para introduzir cada tipo de alimento na dieta infantil. Respeitado sempre a aceitação de cada criança.
Nesta leitura, preparamos um guia completo para a introdução alimentar na dieta dos pequenos que responde a todas essas dúvidas. Confira!
Aleitamento materno
O aleitamento materno deve ser a única nutrição da criança até completar seis meses. Isso significa que ele não deve ingerir água, chás e sucos, por exemplo. A amamentação ainda tem a função de imunizar a criança e ensinar a ela mecanismos como da autorregulação. Ou seja, o recém-nascido passará a enfrentar a questão da saciedade.
É importante não associar sempre o choro da criança a fome. Dessa forma, os pais reduzem o risco de obesidade no futuro. Se a mãe amamentar toda vez que ele chorar, quando crescer e tiver de lidar com as frustrações, também poderá recorrer à comida.
Se não puder amamentar, é possível introduzir fórmulas infantis, desde que recomendadas pelo pediatra. Essa indicação é essencial para o primeiro ano de vida do bebê. Contudo, não é aconselhado trocar o leite materno pelo leite de vaca, já que pode prejudicar o desenvolvimento infantil.
Especialistas apontam que ingerir a bebida de origem animal nessa etapa pode causar sobrecarga nos rins, por conta da quantidade exagerada de sódio e de proteína. Além disso, o leite da vaca também tem uma quantidade inferior de nutrientes como ferro, zinco e algumas vitaminas. Se a substituição do aleitamento não for feita de maneira correta, a criança pode apresentar problemas de crescimento. Além de doenças como a anemia, por exemplo.
Quando incluir os alimentos
A introdução alimentar como um complemento ao leite materno ou à fórmula deve ser feita a partir do sexto mês de vida. A nutricionista Daniela Medrano, da Clínica Nutrindo com Equilíbrio, explica que, nesse período, as necessidades de nutrientes como proteína e zinco estão crescendo. Com isso, a ingestão exclusiva do leite materno não conseguirá mais suprir as necessidades infantis.
Não é recomendado incluir outros alimentos antes do bebê completar seis meses. Além disso, a mudança na dieta pode ser grave, se for feita antes do quarto mês de vida da criança. Isto porque, nesta idade, ela ainda não possui a resposta compatível para engolir a comida de maneira adequada. Com isso, o pequeno pode apresentar alergia e maior probabilidade de ter obesidade.
A partir dos seis meses de vida, ele é capaz de produzir enzimas digestivas fundamentais para a alimentação. Além disso, as necessidades nutricionais também são maiores, o que torna a introdução do alimento imprescindível.
Vale lembrar que o pequeno já começará a ter contato com os sabores diversos dos alimentos por meio do gosto diferente do leite, que muda de acordo com a dieta da mamãe. É importante destacar que o aleitamento materno pode ser estendido, em conjunto com a alimentação, até os dois anos de idade.
No entanto, para que tenha todos os nutrientes necessários, o leite não deve substituir as refeições. Dessa forma, ele se torna um alimento complementar.
Ingestão de água
De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a partir dos seis meses, é possível oferecer água à criança. “Antes disso há o risco de a água aumentar a sobrecarga de solutos e prejudicar os rins dos bebês”, explica Lúcia Diehl, membro da Sociedade de Pediatria Rio Grande do Sul.
No entanto, não há um consenso entre os pediatras nesse ponto. Alguns deles indicam deixar a ingestão de água para depois, por volta dos 9 ou 10 meses. Outros médicos avaliam que é viável adiantar o consumo do líquido. Assim, é fundamental conversar com o pediatra que acompanha o desenvolvimento do seu bebê.
Os sucos de frutas, por sua vez, não devem ser incluídos na dieta infantil nessa etapa, também segundo a SBP. As frutas são oferecidas nessa fase somente em papas, nunca na forma líquida.
Primeira papa
A partir do sexto mês, alguns alimentos podem ser incluídos no lanche da manhã. Geralmente, o indicado é aguardar cerca de três a quatro horas após a primeira mamada do dia.
Essa papa que será introduzida na alimentação do bebê pode ser feita a partir de uma fruta bem amassadinha ou ainda de um legume ou cereal cozidos. Os alimentos não devem conter sal. Além disso, precisam estar bem amolecidos e em pequenas quantidades, cerca de duas colheres de chá.
A nutricionista Daniela Medrano explica também que a criança tem livre demanda para experimentar o alimento. Como ainda não conhece o sabor desse novo item, a porção oferecida deve ser pequena. Assim, é importante complementar essa alimentação com a fórmula ou pela amamentação.
É recomendado introduzir primeiramente a papa de fruta. Já que apresenta um sabor mais adocicado e a adaptação pode ser melhor. Por outro lado, se escolher incluir a papa salgada como a primeira papa, e só depois a fruta, a opção também pode funcionar.
Os bebês que recebem a amamentação geralmente se ajustam de uma melhor forma aos sabores dos alimentos. Isso porque o leite materno não apresenta um sabor idêntico todos os dias, ao contrário das fórmulas infantis.
O indicado é que as primeiras papas recebidas pela criança contenham apenas um alimento. Pode ser um legume ou uma fruta amassada com auxílio de um garfo. Não é preciso processar a comida com um liquidificador ou usar uma peneira.
Daniela Medrado recomenda introduzir um único alimento por vez. Além de aguardar no mínimo dois ou três dias para oferecer um novo sabor de papa. Assim, será mais fácil identificar possíveis reações alérgicas.
Papas seguintes
A introdução alimentar na dieta infantil deve ser feita lenta e gradualmente. Sempre obedecendo o desenvolvimento e à aceitação da criança. No início, o alimento é dado somente uma vez ao dia. Sendo um complemento à amamentação ou à fórmula infantil.
No sexto mês, é recomendada a ingestão de uma papa de fruta, uma papa salgada e, ainda, o aleitamento materno ou a fórmula. A partir do sétimo mês, até completar 11 meses, é possível adotar o esquema de três refeições com alimentos complementares diariamente: duas papas principais e outra de frutas.
A criança que não mama adequadamente apresenta maior risco nutricional. Dessa forma, o ideal é que a dieta inclua mais lanches complementares. O indicado é fazer cinco refeições, formadas por três de leite materno, duas papas principais e as frutas.
Preparo das papas na introdução alimentar
Com a introdução de cada novo alimento, é possível produzir a papa salgada com grupos de alimentos bem-aceitos e em quantidades menores. Inicialmente, é possível fazer, por exemplo, com um legume, uma verdura, um cereal e um caldo de carne. Com o tempo, use a carne de maneira gradual e em pedaços.
Se a criança tiver uma dieta vegetariana estrita, inclua no cardápio leguminosas para conseguir uma proteína completa. É necessária, ainda, a suplementação de nutrientes, a exemplo a vitamina B12, conforme o acompanhamento com um nutricionista. É importante lembrar que as mudanças devem ser feitas de acordo com a aceitação, sem insistir na quantidade dos alimentos.
“Bebês vegetarianos precisam consumir ao menos três porções de proteínas ao dia. O ideal é consultar um profissional que ajude a suprir todas necessidades nutricionais do pequeno”, afirma Vanessa Mouawad, pediatra neonatologista da Maternidade Pro Matre, Hospital Albert Einstein e Hospital São Luiz.
A recomendação é oferecer os alimentos em uma textura mais rala. Porém, não é necessário usar o liquidificador ou peneirar. Outro ponto importante é a temperatura que deve ser agradável ao paladar da criança.
O ovo (clara e gema) pode ser inserido no cardápio aos seis meses. Afinal, frequentemente as mães oferecem para as crianças alimentos que incluem ovos em sua composição. Por isso, não seria necessário retardar a sua introdução.
As frutas podem ser oferecidas à criança em papas no estado natural e amassadas. Até o primeiro ano do bebê, a papa salgada não deve ter acréscimo de sal. Já nas de frutas não devemos adicionar o açúcar.
Se a criança tiver boa aceitação do alimento, aos poucos, é possível incluir as ervas frescas, a fim de promover uma dieta mais saudável e saborosa. “Pode temperar com tudo o que você compra na feira – salsa, cebola, alho – mas nunca coloque sal”, ensina a Dra Vanessa Mouawad.
Higienização dos alimentos na introdução alimentar
As frutas e as verduras devem ser higienizadas em água corrente. Depois, basta colocá-las em uma imersão com água e hipoclorito de sódio a 2,5%, durante 15 minutos. Essa receita equivale a 20 gotas de hipoclorito para um litro de água.
Para evitar a possibilidade de contaminação dos alimentos por agrotóxicos, é recomendado, ainda, o uso de bicarbonato de sódio a 1%. Para isso, basta diluir uma colher de sopa de bicarbonato em um litro de água e deixar frutas e verduras de molho por um período de 20 minutos.
Alimentação depois dos nove meses
Em torno dos nove aos 11 meses, a criança pode começar a transição das papas para os alimentos em pequenos pedaços. Já aos 12 meses, eles podem ser na mesma consistência em que são consumidos pelos membros da família. Nesse momento, cabe ao pediatra avaliar a qualidade dos alimentos ingeridos pelos habitantes da casa.
Cuidados especiais com a introdução alimentar
É preciso observar como está a aceitação aos alimentos e não insistir para que a criança coma mais do que consegue ingerir. Além disso, variar as papas é fundamental. “Atenção também aos utensílios utilizados. De preferência aos de aço inox, pois não liberam alumínio nas preparações. E, sempre que possível, utilize alimentos orgânicos”, destaca Daniela Medrano.
Vale lembrar que é preciso ter cuidado para diferenciar os alimentos que podem e os que não podem estar no cardápio dos bebês. Existem momentos que são considerados mais adequados para introduzir cada um eles na alimentação da criança, que também deve ingerir o leite materno de forma complementar.
Gostou de entender todos os passos para a introdução alimentar do bebê? Se curtiu conhecer mais sobre o assunto, deixe um comentário!
Material consultado:
Manual de Orientação do Departamento de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria.