Guia da amamentação: entenda como agir do início à transição alimentar!
A amamentação é algo importantíssimo na vida da mamãe e do bebê
A amamentação é mais do que alimentar o bebê: é o fortalecimento do vínculo entre mãe e filho. Ela é fundamental para o bom desenvolvimento infantil e pode fazer a diferença na saúde da criança. Por isso, a recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde).
Entretanto, nem sempre amamentar é uma missão fácil, principalmente nos primeiros dias. Sendo assim, é importante estar por dentro do assunto, ainda na gestação. Dessa maneira, é possível ter todas as informações necessárias para garantir o aleitamento materno e obter todos os benefícios dessa prática.
Pensando nisso, trazemos este artigo com tudo o que você precisa saber sobre o assunto. Para conferir, basta continuar a leitura. Vamos lá?
Por que a amamentação é tão importante?
A natureza é, realmente, muito sábia. O bebê encontra no leite da mãe tudo o que ele precisa para se manter nutrido durante os seis primeiros meses de vida, que é o período em que o seu organismo ainda não está pronto para receber alimentos sólidos.
Durante esse semestre, o leite materno oferece todos os nutrientes necessários para que o bebê se desenvolva adequadamente. Mas não é somente isso. A sucção da mama, diferentemente da mamadeira, também é importante no desenvolvimento da face, da respiração, da deglutição, da fala, da mastigação e da dentição.
Os anticorpos da mãe passam para o filho por meio do leite, imunizando o pequeno contra diversas doenças, como infecções intestinais e pneumonia. Esse efeito no sistema imunológico não dura apenas enquanto o bebê está em aleitamento materno.
Um estudo feito no Instituto Nacional de Saúde e Centro para Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos demonstrou que crianças de seis anos que mamaram pelo menos até os nove meses têm 70% menos chances de apresentar dores de garganta e de ouvido do que as que mamaram até os três meses. Isso mostra que os benefícios da amamentação se prolongam por anos.
Além disso, o momento do aleitamento materno é de conexão entre mãe e filho. É uma maneira de criar um vínculo muito bonito e importante. É o instante em que você e o bebê estarão curtindo um ao outro; e a gratidão de poder alimentar o bebê é incrível.
Quais os principais desafios da amamentação?
Embora possa parecer que a amamentação seja algo instintivo, a verdade é que mãe e bebê aprendem a fazer isso juntos. Em alguns casos, ela é mais fácil e parece que ambos já nasceram sabendo, pois desde a primeira mamada tudo se encaixa.
Já em outros, a mãe encontra diversos desafios que dificultam o aleitamento. Saiba que isso é absolutamente normal e, na maioria das vezes, tem solução. Para isso, é fundamental estar bem informada. A seguir, confira os problemas mais comuns.
Dores e lesões
A imagem da mamãe feliz ao amamentar o filho pode cair por água a baixo quando ela sente dor nessa hora. A pega errada, a mama muito cheia e a falta de prática podem causar fissuras e lesões nos mamilos. Esses machucados são tão dolorosos que transformam o momento, que seria de prazer, em agonia.
Mas fique tranquila: todos esses problemas têm soluções! Para curar as feridas, uma dica é passar o próprio leite nos mamilos após as mamadas. O líquido é antibiótico e ajuda na cicatrização.
Quando utilizar pomadas, escolha as recomendadas pelos médicos. Atualmente, existem no mercado opções livres de substâncias prejudiciais. Assim, não é preciso retirá-las na hora de amamentar o bebê. Além disso, deixe os mamilos expostos ao sol por alguns minutos todos os dias.
Pega errada
A pega errada pode causar lesões nos mais diferentes tipos de mamilos, já que o bebê faz a sucção somente no bico, e não na aréola, como alerta o mastologista Anastasio Berrettini:
“Se o pequeno pegar só o mamilo irá causar fissuras, o que possibilita o aparecimento da mastite”.
Outro problema é que, dessa maneira, a sucção é ineficiente, o que faz com que o pequeno se irrite e se canse, ingerindo menos leite do que necessita.
Como saber se a pega está correta? Você deve ficar atenta a alguns sinais:
- o bebê deve abocanhar a maior parte do mamilo;
- os lábios dele devem ficar para fora, como se a boca do bebê fosse igual à de um peixinho;
- o nariz deve ficar livre;
- o queixo encosta na mama;
- a bochecha enche quando suga.
Falta de leite
Muitas mulheres acham que o leite é pouco ou é fraco. No entanto, geralmente, o que acontece é o ajuste na produção de leite.
A mama é fabrica, e não estoque. Ou seja, quanto mais o bebê mamar, mais leite ela produzirá. Além disso, é importante se alimentar adequadamente e beber líquidos, pois a matéria-prima do leite são os nutrientes e a água.
Excesso de leite
Nas primeiras semanas de amamentação, é comum o peito estar sempre cheio e até vazar leite. Isso acontece porque o corpo ainda está se adaptando à quantidade de que o bebê precisa. Depois de um tempo, isso se normaliza.
No entanto, se passadas algumas semanas e a quantidade permanecer excessiva, é interessante buscar ajuda profissional para saber como reduzir a produção de leite. Caso contrário, pode haver o empedramento do leite na mama, o que é algo doloroso.
Desmame precoce
O desmame precoce é quando o bebê abandona o peito totalmente ou parcialmente antes dos seis meses. Uma das grandes causas é a confusão de bicos que acontece quando a criança é exposta aos artificiais, como chupetas e mamadeira.
O bebê sente dificuldade em ordenhar a mama e passa a rejeitá-la. Por isso, é importante evitar o uso desses objetos, a fim de manter a amamentação.
Mamilo invertido
Algumas pessoas acham que o mamilo invertido ou plano é o grande vilão amamentação. Porém, não é bem assim que acontece. Pode haver uma dificuldade, é verdade, mas é só questão de acertar a maneira, como afirma a consultora em amamentação Bianca Balassiano:
“Assim como no caso do mamilo plano, se conseguir fazer uma boa pega e o bebê abocanhar a aréola toda, é possível amamentar”.
Fazer massagem no mamilo e colocar o bebê mais perto na hora de amamentar são atitudes que podem ajudar nessa questão.
Críticas e palpites
As críticas e os palpites são coisas comuns durante a gestação e não somem durante o aleitamento. Algumas mensagens podem deixar a mamãe chateada e confusa. Por isso, é importante contar com o apoio dos familiares nessa hora e com orientações de profissionais.
Como lidar com as dificuldades na amamentação?
Amamentar pode não ser tão fácil como se imagina, mas é algo totalmente possível. Apesar das dificuldades, o aleitamento é muito importante para o desenvolvimento saudável do bebê. Então, vale a pena tentar todos os recursos para enfrentar os empecilhos.
O primeiro passo para lidar com as dificuldades para mamar começa antes mesmo de o bebê nascer. Na gestação, é interessante buscar o máximo de informações que puder, sempre tomando o cuidado de escolher fontes confiáveis, como artigos científicos e orientações de profissionais de amamentação.
Se houver qualquer problema durante a lactação, mantenha a calma e busque ajuda. Primeiramente, o suporte da família é fundamental. Nessas horas, poder contar com uma rede de apoio faz toda a diferença no sucesso do aleitamento.
Já na parte profissional, você pode procurar um banco de leite. Esses lugares não são apenas para quem quer doar ou necessita do alimento. Eles também ajudam quem precisa de orientação na amamentação. Se a sua cidade não tem um banco de leite, você pode buscar por pessoas especializadas que prestam consultoria no assunto.
Quais as três fases do leite materno?
O leite materno não é o mesmo do começo ao fim. Existem três fases que o diferenciam. Você sabe quais são? A seguir, explicamos como acontecem.
Colostro
Podemos dizer que é o primeiro leite que desce das mamas. É produzido logo após o parto e dura de dois a três dias, em média, mas algumas mulheres produzem ainda na gestação. Ele é mais amarelado e espesso, rico em proteínas e anticorpos que protegem, sobretudo, o intestino do bebê.
Transição
Ele é produzido entre o 7º e o 21º dia após o parto. Contém mais gorduras e carboidratos, justamente, para ajudar no ganho de peso do bebê, já que os pequenos costumam perder um pouco depois do nascimento.
Além disso, ele é mais calórico para evitar que o recém-nascido perca peso enquanto aprende a mamar. Esse leite é produzido em maior quantidade que o colostro.
Maduro
Depois dos 21 dias de nascimento do bebê, o leite se torna o que chamam de maduro. Isso porque os nutrientes já estão bem balanceados, de acordo com as necessidades do recém-nascido. Entretanto, é interessante saber que a composição do leite muda, de acordo com a saúde e o desenvolvimento do pequeno.
Quando o bebê está resfriado, por exemplo, o leite tem maior concentração de anticorpos. Já na fase da dentição, o leite pode ter mais cálcio. Como ensina a ginecologista e obstetra, Dra Carolina Curci:
“O que alguns estudos apontam é que as papilas da mãe reconhecem a saliva do bebê e suas necessidades. Contudo, isso não acontece imediatamente. Levando alguns dias até o leite mudar sua composição”.
Outro ponto importante é que, durante a mamada, o alimento também muda. Em um primeiro momento, ele é mais aquoso e com maior quantidade de carboidratos para hidratar e dar energia ao bebê. Depois, pode conter mais gordura, o que dá mais saciedade até a próxima mamada. Por isso, é fundamental esvaziar uma mama antes de oferecer a outra, para que o bebê mame todos os nutrientes.
Quais os benefícios da amamentação à mãe e ao filho?
Como dissemos, a amamentação é muito importante por conta dos inúmeros benefícios ao bebê. Mas não é somente o pequeno que se beneficia do aleitamento materno. As mamães também têm vantagens. Veja, a seguir, tudo o que essa prática pode trazer para ambos.
Bebê
- prevenção de infecções, como no ouvido e no intestino;
- menos chances de desenvolver alergias;
- redução de diarreias e vômitos;
- ajuda no desenvolvimento da face;
- prevenção da obesidade na adolescência e na vida adulta;
- prevenção da diabetes juvenil;
- sensação de aconchego;
- redução da dor do bebê durante a vacinação.
Mamãe
- fortalece o vínculo mãe e filho;
- ajuda o útero a voltar ao tamanho antes da gravidez;
- reduz as chances de depressão pós-parto;
- previne o desenvolvimento de câncer de mama, câncer de ovário e diabetes tipo 2;
- ajuda a retomar o peso anterior à gestação;
- é mais prático, pois o leite está sempre pronto para alimentar o bebê.
Quais as principais dúvidas sobre a amamentação?
A amamentação é um assunto que gera muitas dúvidas, tanto na gestação quanto no próprio período de aleitamento. Ao mesmo tempo, vemos muitas informações e palpites por aí, o que confunde ainda mais a cabeça das mamães. Confira algumas perguntas frequentes respondidas sobre o tema:
Com que frequência devo amamentar?
O aleitamento materno deve ser em livre demanda. Isso significa que quem decide a hora que deseja mamar é o bebê. Não se assuste se o pequeno pedir o peito de hora em hora, por exemplo. O estômago dele é bem pequeno e a digestibilidade do leite materno é alta.
Dessa maneira, o organismo aproveita os nutrientes e pede mais em forma de sono. Isso não quer dizer que o leite é fraco, apenas que é um alimento de fácil digestão e muito bem aproveitado.
Posso ingerir bebidas alcoólicas?
A ingestão de bebidas alcoólicas não é recomendada durante a amamentação. Pois, o álcool pode passar para o leite e trazer prejuízos ao desenvolvimento do bebê. É o que alerta o ginecologista obstetra, Roberto Antonio de Araujo Costa:
“A recomendação é sempre evitar essas bebidas”.
Entretanto, se quiser tomar um drink ou um vinho em alguma ocasião especial, há maneiras de conciliar com o aleitamento. Para isso, procure se informar com um profissional da área.
Até que idade o bebê deve mamar?
O aleitamento materno deve ser exclusivo até os seis meses do bebê. Nesse período, nenhum outro alimento ou líquido pode ser oferecido, como chás, sucos ou água. Tudo o que o pequeno precisa para estar nutrido e hidratado está no leite.
Dos seis meses até um ano, o leite ainda é o principal alimento do bebê. Seguido pelos alimentos sólidos, que são introduzidos de maneira gradual. Após um ano, o leite é o complemento da alimentação e deve ser oferecido pelo menos até os dois anos, mas pode ser prolongado até quando mãe e filho estiverem dispostos.
Como é feita a introdução alimentar?
A introdução alimentar é feita a partir dos seis meses, independentemente se o bebê mama leite materno ou fórmula infantil. Geralmente, começamos com as frutas, que são bem palatáveis e têm mais aceitação dos pequenos. Depois, entram as papas salgadas de legumes, seguidas pelas carnes, ovos, cereais e leguminosas.
Tudo isso é feito aos poucos, sem pressa. Como o próprio nome já diz, é uma “introdução alimentar”, e a criança não precisa comer todas as refeições sólidas ainda no primeiro ano. Se ela aceitar, ótimo — se não, tudo bem também, já que o leite ainda é seu principal alimento.
Além das tradicionais papinhas, a introdução alimentar pode ser feita com o método BLW (Baby-Led Weaning) em que os alimentos são oferecidos em pedaços para que o bebê possa comer com as próprias mãos. A pediatra Virginia Weffort explica melhor:
“A tradução do inglês significa o desmame guiado pelo bebê. Consiste em oferecer a comida em pedações e deixar que a criança coma sozinha”.
Para definir qual é a melhor maneira para o seu filho, procure ajuda do pediatra ou do nutricionista infantil.
A amamentação traz diversos benefícios tanto para o bebê quanto para a mamãe. É um momento único de amor e carinho, que aumenta o vínculo entre vocês. Por esse motivo, ela é tão recomendada e incentivada até, pelo menos, os dois anos de vida da criança.
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