5 coisas que os pais precisam fazer para ajudar a ‘construir o cérebro’ do bebê
A cirurgiã pediátrica americana Dana Suskind passou anos estudando como os pais podem estimular o cérebro do bebê
A cirurgiã pediátrica norte-americana Dra. Dana Suskind passou anos estudando sobre o desenvolvimento do cérebro dos bebês. Em suas pesquisas, a médica percebeu que entre os bebês que recebiam implantes cocleares (usados em alguns casos de surdez profunda), aqueles que desenvolviam a melhor habilidade para se comunicar eram os que moravam em lares onde existia mais conversa. Bem como muita interação e vocabulário variado.
Estas observações feitas pela médica, também foram notadas em um estudo de 1995. Esta pesquisa identificou que crianças com menos acesso à linguagem, muitas delas em situação de pobreza, chegavam a ouvir 30 milhões a menos de palavras acumuladas até os quatro anos de idade. Isso se comparado a crianças em uma situação mais favorável.
Juntamente com isso, o estudo também notou que as crianças que ouviram mais palavras se mostraram mais preparadas ao entrar na escola. Estas crianças tinham vocabulário mais rico, mais fluência na leitura e consequentemente notas mais altas.
Dessa forma, Dana Suskind apontou em entrevista para o portal BBC algumas atitudes simples dos pais que ajudam a “construir o cérebro” dos bebês. Veja quais são a seguir:
Converse com seu bebê
Primeiramente, procure conversar bastante com o seu bebê. Entre todos os sons, o que o bebê mais gosta é da voz humana, especialmente a voz da mamãe! Então, fale com seu bebê sobre o que está fazendo e procure reagir aos sons, olhares e gestos do seu filho. “Se você estiver trocando a fralda dele ou pegando um ônibus, explique isso ao bebê. É uma oportunidade de enriquecer o vocabulário dele e de mostrar a relação entre um determinado som e o ato a que ele pertence”, disse Dana Suskind em entrevista ao portal da BBC.
Lembre-se: quanto mais você conversar com seu bebê, mais palavras ele irá conhecer. Conversar com o bebê não apenas estimula seu cérebro, como também estimula a fala do pequeno. Saiba mais sobre como conversar com seu bebê aqui.
Pode fazer ‘voz de bebê’ sem medo!
Suskind recomenda que os pais prestem atenção ao que está chamando a atenção do bebê. Depois, procurem fazer com que isto seja um tema de conversa. Além disso, pode investir na ‘voz de bebê’ quando for conversar com seu pequeno. “Aquela voz em tom cantado é um rico nutriente para o cérebro do bebê. Ela o ajuda a entender os sons das palavras”, explicou Suskind em entrevista ao portal da BBC.
Os bebês também tendem a preferir vozes mais fininhas e estridentes, então falar com essa vozinha com seu bebê realmente não é uma má ideia. Falar com a voz mais estridente, de forma mais lenta, exagerar em certas sílabas e abrir seus olhos e bocas mais do que o normal, o que os adultos já fazem naturalmente ao se dirigir ao bebê, é a receita ideal para atrair a atenção do bebê e alguns lindos sorrisos.
Ao ouvir você e outras pessoas falarem com ele, o bebê irá descobrir a importância da fala muito antes de entender ou repetir algumas palavras específicas. Com um mês seu bebê já é capaz de identificar vozes, mesmo que você esteja em outro quarto.
Ajude seu bebê a ter habilidades matemáticas
Você pode estimular as habilidades matemática do seu bebê com algumas atitudes bem simples. “Se você usar conceitos matemáticos e espaciais – ao, por exemplo, contar os dedos dos pés e mãos, comparar o tamanho de um triângulo, usar palavras que se refiram aos diferentes formatos dos objetos – ajudará a preparar as crianças para aprender matemática”, explicou Suskind em entrevista à BBC.
Uma pesquisa da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, pediu para que crianças de quatro anos pegassem cartões com pontos desenhados neles de forma a corresponder a um número (por exemplo: ao ouvir o número cinco, pegar o cartão com cinco pontos desenhados). E o que os pesquisadores notaram foi que as crianças que já haviam sido expostas ao vocabulário matemático e a noções espaciais conseguiam fazer essas correspondências com maior facilidade.
Elogie as boas atitudes de seu bebê
Elogios fazem muito bem para os pequenos. Portanto, procure elogiar seu pequeno e tente fazer elogios focando em determinadas atitudes/atividades que seu pequeno fez. “Ou seja, em vez de apenas dizer ‘você é muito esperta’ a uma menina que completou um quebra-cabeça difícil, vá além: ‘vi que você se esforçou para terminar, e conseguiu. Muito bem!’”, sugeriu Suskind em entrevista à BBC.
Ao dar uma bronca no seu filho é importante que os pais deixem claro que não estão descontentes com o filho, e sim com o seu comportamento. Então, nada de dizer frases como: “Você é um pestinha”, “você é um chato” ou “você nunca fica quieto”. “Ao chamar o pequeno de nomes piores, ele se transforma nisso porque é o papel que o adulto está lhe dando. Assim, quando você diz que seu filho é chato, por exemplo, ele cresce rotulado como o chato da casa”, explica a pedagoga e psicóloga Elizabeth Monteiro, autora do livro “Criando filhos em tempos difíceis”.
Nunca deixe o pequeno em dúvida sobre como os pais se sentem em relação a ele. “Devemos fortalecer os comportamentos positivos, elogiar, e ignorar a manhã, a teimosia e a birra”, diz Monteiro. Lembrando que bater nunca é a resposta na hora de educar as crianças.
Estimule a autonomia
Por fim, uma boa atitude é estimular a autonomia do seu bebê e não apenas a obediência. Em entrevista à BBC, Suskind citou duas frases que podem ser ditas a uma criança em um mesmo contexto:
“Agora guarde seus brinquedos.”
“O que devemos fazer com os brinquedos depois que terminamos de brincar?”
“A primeira frase é uma ordem que deve ser cumprida, sem ser questionada. A segunda frase, no entanto, apoia a autonomia da criança. (…) Bebês de um ano cujas mães calmamente sugerem, em vez de ordenarem, regras de comportamento ganharam, aos quatro anos, mais funções executivas e autorregulação” – que são nossa capacidade de nos mantermos centrados diante de um problema, em vez de reagir de forma explosiva e violenta.
“Pais que usam a pressão e a autoridade para restringir o comportamento do filho podem obter a obediência no curto prazo, mas, no longo, estão criando condições para baixa autorregulação (da criança), produzindo adultos que podem ter sérios problemas de autocontrole”, disse a médica.
Além disso, ordens diretas e curtas como “sente”, “fique quieto” e “não faça isso” são, segundo Suskind, “o método menos eficiente de construir conexões cerebrais, porque exigem nenhuma ou pouca resposta de linguagem”.
Talvez seja mais eficiente, em vez de dizer apenas “coloque seus sapatos”, explicar o que está por trás do pedido e a relação entre causa e efeito das coisas: “É hora de ir à escola, então é bom colocar os sapatos para manter os pés secos e quentinhos. Por favor, vá buscá-los”.