Polidrâmnio: o que saber sobre esse quadro durante a gestação
Os casos leves de polidrâmnio não costumam apresentar sintomas, mas os graves podem resultar em complicações
O polidrâmnio, que se trata do excesso de líquido amniótico, é um quadro incomum na gravidez. Embora raro — ocorre em cerca de 1% das gestaões—, ele está relacionado a diversas causas. O aumento de líquido precisa ser acompanhado pelo médico obstetra para que ele decida se há necessidade de tratamento.
Neste artigo, vamos explicar o que é esse líquido, como ele se acumula e quais são as causas do polidrâmnio. Além dos sinais e sintomas mais comuns e os principais tratamentos para o problema. Continue lendo!
O que é líquido amniótico e para que serve?
Para explicar o que é polidrâmnio, primeiramente, vamos esclarecer do que se trata o líquido amniótico e para que serve. Na segunda semana de gravidez, é formado o saco amniótico, uma bolsa constituída por duas membranas chamadas âmnio e córion.
É nesse local que o líquido começa a se acumular. Ele é, inicialmente, composto por fluidos da mãe e, à medida que o feto vai engolindo e excretando, logo é substituído quase totalmente pela urina do bebê. Essa mudança de composição do líquido começa a ocorrer a partir da 18ª semana de gestação.
Nessa substância, também estão presentes componentes vitais, como hormônios, nutrientes e anticorpos. Além disso, o líquido amniótico tem a função de proteger o bebê contra choques mecânicos, manter a temperatura, controlar infecções, auxiliar no desenvolvimento do sistema pulmonar e digestivo, lubrificar, suportar o cordão umbilical, para que ele não seja comprimido, além do importante papel no desenvolvimento ósseo e muscular.
Ao completar 36 semanas de gravidez, o líquido amniótico deve ter alcançado seu nível máximo de 1 litro. Ele diminui gradativamente, conforme o nascimento do bebê vai se aproximando e é liberado quando a bolsa se rompe. Mas, em alguns casos, o nível de líquido é maior que 2 litros, e isso é chamado de polidrâmnio ou excesso de líquido amniótico. Isso é o que vamos explicar com detalhes a seguir.
O que é polidrâmnio?
Como já mencionado, se o volume de líquido amniótico ultrapassa os 2 litros na 36ª semana de gravidez, estamos diante de um caso de polidrâmnio. O diagnóstico deve ser feito por ultrassonografia, em que a quantidade de líquido vai ser calculada com base no Índice de Líquido Amniótico (ILA).
Em condições normais, o ILA é de 8 a 25 cm. Já no polidrâmnio, ele é maior que 25 cm. Quanto maior for esse índice, há maiores chances de que a gestante apresente sintomas e complicações decorrentes do aumento do líquido amniótico na cavidade uterina. Segundo dados da The Fetal Medicine Foundation, 80% dos casos são leves, 15% moderados e apenas 5% são considerados graves.
Quais são as causas?
O polidrâmnio leve é, provavelmente, causado apenas pelo acúmulo gradual de líquido amniótico ao longo da gravidez. De acordo com o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS), a maioria das mulheres com essa condição não terá problemas significativos durante a gravidez e terá um bebê saudável. Em muitos casos, a causa é desconhecida, mas as seguintes condições podem causar polidrâmnio moderado a grave.
Deficiência congênita
Pode ser que o aumento de líquido amniótico esteja relacionado com alguma anomalia que impede o bebê de engolir. Como atresia do esôfago e estenose duodenal, por exemplo. No útero, os bebês engolem o líquido e urinam, mantendo a quantidade em um nível estável. Se eles não conseguirem engolir devido a um problema genético, o líquido amniótico se acumula dentro do útero.
Diabetes materna
Os níveis elevados de glicose no sangue podem levar ao acúmulo excessivo de líquido amniótico. Essa complicação ocorre em casos em que a mãe tinha diabetes antes de engravidar ou se tornou diabética durante a gravidez (diabetes gestacional).
Gravidez gemelar
Se você estiver grávida de gêmeos idênticos, é possível que tenha uma complicação em que um dos bebês esteja recebendo muito sangue, enquanto o outro pouco.
Tipos de sangue incompatíveis
Quando uma mãe tem o tipo sanguíneo com o fator Rh negativo e o seu bebê tem fator Rh positivo, há o risco de ele desenvolver a doença hemolítica do recém-nascido (DHRN). Ela também é conhecida como eritroblastose fetal, que é um tipo de anemia. Essa doença pode causar polidrâmnio, entre outras complicações graves.
Problemas com a frequência cardíaca do bebê
Esses problemas podem ser tanto arritmia fetal, batimento cardíaco fraco devido a uma quantidade abundante de líquido amniótico ou defeito cardíaco congênito.
Quais são os principais sintomas?
Casos leves de polidrâmnio não costumam apresentar sintomas e normalmente não resultam em complicações na gravidez. Porém, casos em que o aumento de líquido excede os 2 litros são considerados moderados ou graves e podem resultar nos seguintes problemas:
- dificuldade ao respirar;
- inchaço nas extremidades dos membros inferiores;
- inchaço da vulva;
- diminuição da produção de urina;
- constipação;
- azia;
- sensação de estar enorme ou com aperto na barriga.
Esses sintomas são resultado da dilatação exagerada do útero que, por sua vez, exerce pressão sobre outros órgãos da cavidade abdominal, podendo, também, afetar a respiração. Se você não sentir nenhum sintoma, mas seu médico não conseguir sentir o bebê e ter muita dificuldade para auscultar os batimentos cardíacos, pode ser que seu útero esteja muito grande por conta do excesso de líquido amniótico.
O diagnóstico é feito com o auxílio do aparelho de ultrassom, calculando o índice de líquido amniótico. O polidrâmnio pode ocorrer desde a 16ª semana de gravidez, mas a maioria dos casos acontece mais tarde. O aparecimento precoce indica maior probabilidade de complicações.
Quais são as complicações do polidrâmnio?
Como já mencionamos antes, os casos leves de aumento do líquido amniótico não costumam apresentar problemas, porém os graves podem manifestar complicações como:
- trabalho de parto pré-termo;
- nascimento prematuro;
- excesso de crescimento fetal;
- descolamento da placenta (a placenta se desprende da parede do útero antes do parto);
- hemorragia pós-parto;
- prolapso do cordão umbilical (o cordão sai pela vagina antes do bebê);
- mau posicionamento fetal;
- bebê natimorto.
Como tratar polidrâmnio?
O tratamento depende da causa e da gravidade do aumento de líquido. Os casos leves de polidrâmnio geralmente não requerem nenhum tratamento. Nos graves, o plano de tratamento deve concentrar na condição subjacente.
O polidrâmnio pode ser tratado por meio de drenagem do líquido amniótico do útero com uma agulha, porém esse procedimento deve ser realizado a cada um ou dois dias, já que, se a causa não for tratada, o líquido pode voltar a acumular. Essa medida apresenta chances de complicações. Portanto, seu médico só recomendará se o risco de continuar a gravidez com polidrâmnio não tratado for maior que o da drenagem do fluido.
Outra possibilidade de tratamento é feita com um medicamento que reduz a quantidade de urina produzida pelo feto. Pelo fato de esse fármaco apresentar o risco de danificar o coração do bebê, a mãe precisará fazer exames regulares para monitorar os batimentos cardíacos do feto.
Em alguns casos graves, o médico pode decidir que o melhor é induzir o trabalho de parto mais cedo, com 37 semanas, ou até antes. Casos de polidrâmnio moderado encontrados mais tarde na gravidez podem ser tratados com repouso. Deitar-se na horizontal e descansar é recomendado para atrasar qualquer trabalho de parto prematuro, tanto quanto possível.
Muitas mulheres acham difícil mover-se ou se locomover e descrevem isso como a sensação de que estão prestes a “estourar”. Essa sensação é real, pois existe a possibilidade de a bolsa estourar mais cedo devido à pressão. Por isso, é fundamental fazer acompanhamento médico durante a gravidez, para descartar polidrâmnio ou iniciar um tratamento precoce, caso seja acometida por essa condição.
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