Impactos da quarentena no mundo infantil: como amenizar as mudanças?
Os impactos da quarentena também podem ser sentidos pelos pequenos, por isso é importante prestar atenção no comportamento das crianças
Se a pandemia do novo coronavírus já é algo bem difícil para os adultos, imagine para as crianças que não têm a mesma bagagem de vivência e nem maturidade para lidar com tudo isso? Os impactos da quarentena no mundo infantil podem ser maiores do que pensamos.
Ficar longe dos amigos e dos professores, passar mais tempo diante das telas e, até mesmo, o medo do futuro são alguns dos fatores que prejudicam a saúde mental dos pequenos nesse momento. Por isso, é importante que os pais e cuidadores tenham um olhar mais apurado nessa questão a fim de tomar atitudes que amenizam os problemas.
Sabemos que, muitas vezes, nem nós, adultos, entendemos como devemos lidar com as consequências do isolamento social. Pensando nisso, neste artigo, reunimos algumas dicas. Para ficar por dentro, basta continuar a leitura! Vamos lá?
A quarentena na vida das crianças
De repente, a rotina do mundo inteiro mudou. Sem mais, nem menos, tivemos que nos afastar das pessoas do convívio diário, do trabalho, do lazer e, no caso das crianças, da escola. Como se não bastasse, esse afastamento é resultado de uma pandemia de um novo vírus que ameaça a saúde de todos e que pouco sabemos sobre ele.
Todo esse bombardeamento de acontecimentos prejudica, e muito, a saúde mental. Por mais que as crianças se adaptem facilmente às novas condições, elas são tão sensíveis às mudanças, assim como nós somos. Entretanto, elas não têm maturidade suficiente para lidar com tudo isso e sofrem bastante com os impactos da quarentena.
Além da mudança repentina de rotina, o afastamento do ambiente escolar é um desafio para os pequenos. Para muitas crianças, a escola é um segundo porto-seguro. Com o isolamento social, elas ficaram sem mais essa rede de apoio tão importante para o seu desenvolvimento, não apenas intelectual, mas também emocional e social. Afinal, o local significa aprendizado, socialização e, muitas vezes, cuidado e afeto.
Aulas online, não poder ir para os lugares que gosta, não ter convívio físico com os amiguinhos, passar mais tempo nas telas, frequentar eventos apenas online (como aniversários e chá de bebê virtual) e não ter tantas atividades como antes são algumas das alterações causadas pela quarentena na vida das crianças.
Os impactos da quarentena na vida das crianças
Ao contrário do que algumas pessoas podem pensar, impactos da quarentena na vida das crianças já estão sendo sentidos desde agora. Por isso, é preciso entendê-los para tomar atitudes que possam amenizá-los. A seguir, confira alguns deles.
Violência virtual e cyberbullying
Um relatório divulgado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) relata os problemas causados pelo isolamento social no dia a dia dos pequenos. Por ficarem longe das escolas (cerca de 1,5 bilhão de crianças no mundo todo) e, consequentemente, mais tempo em telas de computador e celulares, houve um aumento da violência virtual, inclusive do bullying.
Com isso, muitos jovens relatam o medo de voltar às aulas presenciais e sofrerem ainda mais com o cyberbullying. Outros pontos avaliados foram o aumento do comportamento do risco online e a exploração sexual por meio das redes. Tudo isso é muito preocupante e tem sido pauta governamentais, já que os órgãos públicos devem garantir o direito à educação e o bem-estar das crianças.
Permanência em casa
Para algumas crianças, a casa é um ambiente de conforto e segurança. Entretanto, para outras, o lar não é o local mais acolhedor. Aliás, com o isolamento social, pode se tornar um lugar ainda mais hostil e, até mesmo, perigoso. Sendo assim, o aumento da permanência em casa é mais um fator de estresse para alguns pequenos nessa pandemia.
Menos ajuda
O isolamento social restringiu a busca por ajuda. Isso porque as crianças e famílias que podiam recorrer às escolas, amigos, professores e outros profissionais quando estavam em situações de risco, não tem mais essas fontes de apoio. Essa questão acaba prejudicando a capacidade das vítimas de lidarem melhor com esses problemas.
Estresse e ansiedade
Considerando a importância da escola na vida da criança é normal que as mudanças na dinâmica do funcionamento dessa estrutura, como o encerramento das aulas ou aplicação de aulas online, exijam entendimento e maior capacidade de compreensão por parte dos pequenos. Dessa maneira, é de se esperar que possam haver estresse e ansiedade.
Mudanças no comportamento
Quando a criança passa por algo que está sendo difícil de lidar, é comum que haja uma regressão em seu comportamento e ela comece a agir como se tivesse idade inferior. Por isso, é preciso prestar atenção aos sinais, como fazer xixi na cama, atrasos na fala, dificuldade para dormir e problemas com a higiene pessoal.
Estresse tóxico
Com a mudança na rotina de trabalho, limitações nas saídas, preocupações financeiras e medo do futuro, é quase inevitável que os pais fiquem estressados e ansiosos. No entanto, quando o estresse não é bem administrado pelos adultos, pode ser transmitido aos pequenos. Se for alto e frequente, ele pode até se tornar tóxico.
Os episódios de estresse vivenciados pelas crianças trazem prejuízos até mesmo no desenvolvimento cerebral delas. Isso porque desencadeiam resposta fisiológica com elevação de hormônios que podem sobrecarregar o sistema cardiovascular e, consequentemente, afetar o cérebro. Por essa razão, é preciso tomar medidas para combater a situação.
Os efeitos do estresse tóxico podem aparecer logo em curto prazo. Os pequenos ficam irritados, apresentam transtornos de sono e maior irritabilidade, além de terem a imunidade prejudicada. Em médio e longo prazo, eles podem ter transtornos de ansiedade, depressão, queda no rendimento escolar e atraso no desenvolvimento.
As adaptações necessárias
Por mais que a gente tente levar um dia a dia mais parecido com o anterior ao isolamento social, é importante aceitar que haverão mudanças na rotina e que é preciso se adaptar a elas. As regras anteriores à pandemia nem sempre funcionarão nesse momento. Por isso é interessante ser flexível para evitar conflitos desnecessários gerados por toda a tensão desse período.
Entretanto, embora haja mudanças quase que inevitáveis, ainda assim é preciso manter uma rotina. Afinal, crianças correspondem melhor quando têm um plano de atividades mais organizado. Dessa maneira, elas se sentem mais seguras e os sintomas de estresse e ansiedade são reduzidos.
Portanto, estabeleça horários para dormir, acordar, se alimentar, fazer os deveres escolares, tomar banho e, claro, se divertir. Pode não ser a melhor época para ter um planejamento muito rígido, mas é interessante ter uma dinâmica que auxilie todos da casa.
Além disso, tente manter uma alimentação mais saudável para todos da família e assegure a ingestão de líquidos. Com o isolamento social, os exercícios físicos ficam um pouco de lado. Assim, coloque na rotina alguns minutos de atividades para a criançada mexer o corpinho! Pode ser dança, yoga ou andar de patins no quintal, por exemplo.
Dicas de como amenizar os impactos da quarentena
Com tantos impactos que podem ser causados pela quarentena, os pais ficam preocupados com a saúde mental e, até mesmo, física das crianças. Embora ainda possa levar mais um tempo até que tudo se estabilize, é importante cuidar desde já do bem-estar dos pequenos e da família.
Pensando nisso, trazemos algumas dicas do que você pode fazer para reduzir os impactos da quarentena na vida das crianças. Dê uma olhada!
Incentive atividades e brincadeiras
Com mais tempo em casa é comum que as crianças fiquem entediadas e, consequentemente, mais enjoadas e implicantes. Uma das maneiras de evitar isso é fazer com que elas gastem toda a energia que têm de sobra brincando e fazendo atividades.
Se vocês contam com quintal ou espaço para brincar ao ar livre, aproveite para incentivar a prática de atividades físicas, como esportes, andar de patins ou bicicleta, jogar bola, pular amarelinha, entre outras modalidades. Em apartamentos, dá para fazer circuitos de exercícios, rodar bambolê, pular corda e dançar.
Além disso, existem jogos de videogame que simulam esportes e danças. Isso pode ser muito útil e a criançada adora! Já para a mente, deixe materiais de pintura, desenho e leitura à mão para que as crianças possam exercitar a criatividade e dar vazão à imaginação nesse momento tão difícil.
Inclua o descanso entre as atividades
Quando for montar a rotina, inclua intervalos de descanso entre as atividades. Aprender a lidar com o tédio é importante para que a criança desenvolva autoconhecimento, autonomia e o potencial criativo. Além disso, ajuda na gestão das emoções. Aliás, aproveitem essas pausas para ficarem juntos de maneira alegre e prazerosa, conversando, trocando carinho, jogando algum jogo de tabuleiro, assistindo a um filme ou o que mais acharem interessante.
Estimule a autonomia
Por falar em autonomia, ajudar a criança a desenvolvê-la ajuda na construção de uma personalidade saudável e na habilidade de resolver conflitos. Você pode estimular essa capacidade deixando os pequenos brincarem sozinhos e fazerem atividades simples sem auxílio de um adulto, como vestir roupa e escovar os dentes.
Além do mais, no isolamento social é uma boa oportunidade de incentivar a ajuda nas tarefas domésticas, já que ficarão mais tempo em casa. As crianças, dependendo da idade, são capazes de arrumar a própria cama, de tirar pó dos móveis, de alimentar o bichinho de estimação e de fazer outras tantas tarefas do dia a dia.
Utilize as telas a favor
As telas podem ser vilãs quando usadas de maneira errada e em excesso. Entretanto, sabendo utilizá-las, podem ser grandes aliadas, principalmente, na quarentena. Por exemplo: fazer videochamadas com os coleguinhas e familiares, pois é uma forma de matar as saudades e manter a socialização.
Desenhos, joguinhos e vídeos também podem ser permitidos, mas de forma supervisionada e não muito próximos da hora de dormir. Para isso, defina horários para o uso de telas e evite ultrapassar os limites, sempre que possível. Além do mais, adultos são sempre um grande exemplo. Dessa maneira, tente não passar muito tempo ao celular.
Demonstre seus sentimentos
Mostrar que está preocupado em alguns momentos diante das crianças faz com que elas entendam que é normal ter sentimentos não tão bons, como tristeza e saudade. Assim, elas sabem que não acontece apenas com elas, mas com todo mundo e que está tudo bem ter esses sentimentos de vez em quando.
O que os pais podem fazer nesse período
O diálogo é algo superimportante em qualquer relação, inclusive a de pais e filhos. Por mais que a gente queira proteger os pequenos de todo esse processo difícil que é a pandemia, é importante ser honesto com eles. Sendo assim, converse e explique a situação de forma tranquila e de acordo com a capacidade de compreensão da idade da criança.
Os pequenos também tiveram seu dia a dia mudado de uma hora para outra e merecem explicação sobre o que está acontecendo. Explique sobre o que é a pandemia do novo coronavírus, ouça seus medos e desejos, acolha os seus sentimentos e reforce que essa situação é passageira. Diga que não estão sozinhos e que podem contar com você e a família.
Outro ponto importante a falar é sobre a nova rotina da casa, como o home office. É interessante explicar que o período não é de férias, é uma situação temporária e que os adultos ainda precisam trabalhar e que eles têm tarefas a fazer.
Além disso, aposte na disciplina positiva, que tem como fundamento fazer com que os erros dos pequenos se tornem oportunidades de aprendizagem e que é possível encontrar soluções. Tudo isso sem utilizar práticas punitivas, como os castigos.
Como você pode ver, os impactos da quarentena na vida das crianças podem ser tão grandes quanto no dia a dia dos adultos. Por esse motivo é preciso redobrar os cuidados com os pequenos a fim de amenizar as consequências desse período tão conturbado e, sobretudo, ter ainda mais paciência, acolher os sentimentos e dar muito amor e carinho.
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