Guia completo do trabalho de parto: tire suas dúvidas
Entenda tudo o que precisa saber sobre o trabalho de parto e como se preparar
O momento do parto é o mais aguardado durante toda a gestação, pois é quando finalmente a mãe terá o filho nos braços para enchê-lo de amor e cuidados. Essa expectativa, porém, também costuma vir junto a uma série de dúvidas relacionadas ao trabalho de parto, causando tensão e ansiedade na gestante, especialmente nos partos durante a pandemia de Covid-19.
Para ajudar a entender mais sobre o assunto, preparamos este artigo completo, onde vamos abordar os principais pontos que envolvem o trabalho de parto. Você vai poder esclarecer sobre as características dos diferentes tipos de partos, cuidados necessários antes do bebê nascer, como identificar o início do trabalho de parto e muito mais. Continue com a leitura até o fim e fique por dentro de tudo o que precisa saber para sentir-se mais tranquila e segura.
1. O que é o trabalho de parto?
Em primeiro lugar, é interessante entender que o parto corresponde ao momento em que o bebê sai do útero da mãe, dando fim à gravidez. Por outro lado, o trabalho de parto é o nome dado aos processos pelos quais o corpo da gestante passa, resultando na expulsão do bebê do seu ventre junto da placenta.
Assim, o trabalho de parto acontece quando o colo do útero começa a se dilatar, dando início às contrações uterinas, que se tornam mais frequentes e intensas com a proximidade do parto. Essas contrações ocorrem por ação do hormônio chamado ocitocina, levando o músculo uterino a contrair-se e o colo do útero a relaxar, o que facilita a saída do bebê.
Com o passar do tempo, as contrações aumentam de intensidade, ficando mais longas e próximas. A perda do tampão também pode acompanhar esse momento. Trata-se de uma pequena quantidade de sangue mucoso que sai da vagina e pode preceder as contrações em até 72 horas.
Para entender melhor as fases que envolvem o trabalho de parto, especialistas dividiram o processo em quatro períodos, que têm início na dilatação da gestante e terminam no tempo de observação da mulher após o nascimento do bebê. Veja a seguir mais detalhes sobre cada um dos períodos:
- Primeiro período: esse período é dividido em duas fases. A primeira é chamada de fase latente, com contrações irregulares que ficam mais ritmadas e intensas com o passar do tempo. Ela termina quando a dilatação do colo chega a 3 cm. Já na fase ativa, as contrações são mais frequentes e a dilatação corresponde a 4 cm, chegando ao fim com a dilatação completa;
- Segundo período: esse período começa quando a dilatação da mulher está completa. Também chamado de expulsivo, é marcado por movimentos uterinos involuntários, resultando na expulsão do bebê do ventre materno;
- Terceiro período: o deslocamento, descida e expulsão da placenta acontecem no terceiro período do trabalho de parto. Desse modo, ele corresponde ao momento seguinte à saída do bebê do útero até a expulsão da placenta do corpo da mulher;
- Quarto período: esse último período é dedicado à observação do estado de saúde da mãe após o nascimento do bebê. Por cerca de uma ou duas horas, será verificada a sua estabilização para descartar quadros como hemorragias.
Na primeira gestação, o trabalho de parto dura entre 12 e 18 horas. Já nas gestações futuras, esse tempo costuma ser entre 6 a 8 horas. Quando a gestação passa das 36 semanas, o médico examina o colo do útero para tentar avaliar quando a mulher entrará em trabalho de parto.
2. Quais são os tipos de partos?
Basicamente, o parto é dividido em normal e cesárea, mas pode acontecer de diferentes maneiras. Vamos falar a seguir sobre os diversos tipos de partos e as principais características de cada um.
Parto normal
No parto normal, o nascimento do bebê ocorre de modo espontâneo por via vaginal quando a gestação alcança entre 37 a 42 semanas. É considerado o tipo mais seguro para a mãe e para o filho, já que reduz os riscos de infecções, hemorragias e a prematuridade do bebê. Por essa razão, é o parto mais indicado pelo Ministério da Saúde quando não há nenhum problema que exija a necessidade de cesárea.
Parto cesárea
Indicado em caso de risco para a saúde da mãe ou do bebê, a cesárea é feita por meio de procedimentos cirúrgicos. A cesariana envolve um risco mais elevado de complicações, como hemorragias e infecções. Além disso, o tempo de recuperação da mãe é maior que no parto normal. Por conta disso, a cesárea só é indicada nas seguintes situações:
- deslocamento da placenta antes do bebê nascer;
- saída do cordão umbilical antes do bebê;
- bebê na posição sentada ou atravessado;
- impossibilidade de o bebê sair pela localização da placenta;
- cabeça do bebê maior do que a passagem da mãe;
- gestante com hipertensão grave;
- gestante soropositiva para AIDS.
Se houver o desejo da gestante de fazer uma cesárea, a cirurgia costuma ser agendada em alguns dias antes da data prevista do nascimento do bebê. Sendo assim, o mais comum é que ela não tenha nenhum sintoma de trabalho de parto. Porém, caso algum sintoma se manifeste, ela deve informar o obstetra e deslocar-se para a maternidade.
Parto domiciliar
Agora que você já sabe as características do parto normal e cesárea, também é interessante conhecer as opções para trazer o bebê ao mundo. No domiciliar, por exemplo, a gestante tem a vantagem de estar no ambiente acolhedor do lar.
Esse tipo de parto deve acontecer apenas quando a gestação é de baixo risco e deve ser realizado por profissionais que sejam habilitados. No caso de surgir algum tipo de complicação durante o trabalho de parto, a gestante deve ser imediatamente levada para o hospital.
Parto na água
O parto na água é feito dentro de uma banheira com água morna e pode ocorrer em casa e em algumas maternidades. A mulher sente-se mais confortável nessa situação, já que as dores comuns ao trabalho de parto são minimizadas pela água aquecida.
Parto humanizado
No parto humanizado a mulher tem mais autonomia e pode escolher desde a posição em que deseja ter o bebê (deitada ou de cócoras, por exemplo) até quem estará presente no momento em que o bebê vier ao mundo. Ao ter suas vontades respeitadas, a gestante pode experimentar um sentimento maior de tranquilidade.
A doula é a profissional que faz o acompanhamento de toda a gestação e do parto. Apesar de não realizar procedimentos médicos, a doula contribui para que a mãe sinta-se confortável e segura, além de informar e orientar sobre cada etapa do processo.
3. Quais cuidados ter antes do parto?
Quando o parto está se aproximando, mais do que nunca a gestante deve estar atenta a alguns cuidados para garantir sua segurança e a do bebê (confira aqui sintomas de que o parto está próximo). Sendo assim, evite realizar qualquer esforço físico pesado, já que isso pode levar ao nascimento antes da hora. Porém, o processo do parto pode ser beneficiado com a prática de atividades leves, como caminhadas e alongamentos.
Para sentir-se mais segura e tranquila, também é interessante estar a par de todo o procedimento relacionado ao nascimento do bebê com antecedência. Por isso, procure conhecer a maternidade ou hospital onde você dará à luz. Além disso, converse com o obstetra e os demais profissionais que vão esclarecer todas as dúvidas que tiver.
Se preferir, elabore um plano de parto com seu obstetra apresentando seus desejos no momento em que o bebê estiver para chegar. Esse documento nada mais é que uma lista ou carta contendo informações como condições do ambiente durante o trabalho de parto, intervenções médicas a serem feitas ou evitadas, quem estará presente na sala, quem cortará o cordão umbilical, etc.
4. Como preparar-se para o parto?
É comum ter dúvidas sobre como se preparar para o trabalho de parto, especialmente se você é uma mãe de primeira viagem. A primeira dica é se alimentar bem, dando preferência para pequenas porções de comidas leves e sucos naturais para ajudar na digestão. Porém, não tem problema algum em se alimentar como de costume.
Como o nascimento do bebê é um processo desgastante para o corpo, é importante que a gestante tenha energia para esse momento tão aguardado. Por isso, evite ficar de jejum, o que pode resultar em sintomas como tontura, fraqueza, enjoo e até mesmo desmaio. Caso sofra de pressão alta, evite o consumo de alimentos gordurosos.
Outra dúvida recorrente é sobre a necessidade ou não de depilar-se para o parto. Na verdade, os pelos ao redor da vagina não atrapalham e são uma proteção natural. Por esse motivo, não há a necessidade de removê-los. Se optar pela raspagem dos pelos no dia do parto, é preciso ter cuidado para não lesionar a pele caso faça uso de gilete, pois pode haver o risco de infecção.
Aprender técnicas de respiração e relaxamento é uma ótima maneira de se preparar para o parto natural, pois ajuda no controle da sensação de dor. O ideal é que tanto a gestante quanto o pai do bebê participem de aulas que ensinam a usá-las. Entenda alguns benefícios a seguir:
- técnicas de relaxamento: durante as sessões de relaxamento, a gestante aprende como contrair e relaxar o corpo. Quando for o momento do nascimento do bebê, a mãe será capaz de manter o corpo relaxando enquanto o útero contrai. Já o companheiro aprende como fazer uma massagem para ajudar no relaxamento;
- técnicas de respiração: são usadas de maneiras diferentes durante cada estágio do trabalho de parto. A respiração profunda, por exemplo, contribui para que a gestante possa relaxar ao início e final de cada contração. Quando a contração atinge seu nível máximo, a respiração usada deve ser mais rápida e ofegante.
5. Como identificar as contrações?
Quando a mamãe entra na reta final da gravidez (a partir de 36 ou 37 semanas), as contrações podem começar a qualquer momento. Se as contrações forem irregulares e não aumentarem de intensidade com o passar do tempo, o mais provável é que se trate das chamadas contrações de treinamento (ou contrações de Braxton Hicks). Nesse caso, elas podem durar dias ou até semanas, sendo considerado um falso trabalho de parto.
No caso das verdadeiras contrações, elas surgem em um intervalo de três horas. Isso não significa que chegou a hora de ir para a maternidade, pois ainda não é o momento para o trabalho de parto. Quando as contrações acontecem em intervalos mais curtos, cerca de três a cada dez minutos, a gestante deve dirigir-se à maternidade.
Essas contrações reais têm início nas costas e terminam na frente, com duração de 30 a 40 segundos cada. Os espasmos são regulares, ritmados e dolorosos, trazendo dor e desconforto semelhante a uma cólica renal. Para entender melhor, confira algumas diferenças entre o verdadeiro e o falso trabalho de parto:
- verdadeiro: as contrações são regulares e o intervalo entre uma e outra reduz com o tempo. Já a duração das contrações tem a tendência a aumentar, assim como a intensidade;
- falso: as contrações são irregulares e não há alterações no intervalo de tempo entre elas. Além disso, tanto a duração quanto a intensidade seguem inalteradas com o passar do tempo.
6. Quais são os sinais de trabalho de parto?
Quando se aproxima o tão aguardado momento de conhecer o rostinho do seu bebê, é normal começar a se perguntar como vai saber que está em trabalho de parto. Mas não há motivos para se preocupar, já que o corpo enviará sinais que vão permitir identificar que chegou a hora:
Contrações ritmadas
Apesar de serem comuns durante toda a gestação e mais frequentes no último trimestre, as contrações tornam-se mais regulares quando o trabalho de parto tem início. Isso acontece porque os músculos começam a se preparar para a saída do bebê. Quando as contrações surgem, elas se assemelham às cólicas menstruais ou dor nas costas. No entanto, elas tornam-se mais fortes e ritmadas com o tempo.
Para se certificar de que o trabalho de parto está começando, uma dica é deitar-se e permanecer relaxada. Em seguida, posicione a mão sobre o abdome na região próxima ao fundo uterino. Assim que a contração começar, você vai sentir o útero vindo um pouco para frente e endurecer.
Perda do tampão mucoso
O tampão mucoso serve para que a entrada do útero permaneça fechada durante a gestação, protegendo o bebê de infecções causadas pela entrada de microrganismos nocivos. Quando o trabalho de parto começa, geralmente ocorre a perda desse tampão.
Para identificar que isso aconteceu, basta notar se há a presença de um muco gelatinoso na hora de limpar-se ao ir ao banheiro. Essa secreção pode apresentar uma tonalidade rosa ou levemente marrom, com traços de sangue. Se a perda de sangue for intensa, dirija-se imediatamente ao hospital ou contate seu obstetra.
Vale lembrar que nem todas as mulheres notam a perda do tampão e, em alguns casos, as contrações iniciam antes mesmo do seu rompimento. Além disso, após um exame vaginal durante a consulta pré-natal pode acontecer um pequeno sangramento, que não deve ser confundido com a perda do tampão mucoso.
Dilatação do colo do útero
Outro sinal de trabalho de parto é quando há a dilatação do colo do útero, que aumenta para permitir a passagem do bebê. Porém, apenas o obstetra é capaz de observar a dilatação por meio do chamado exame de toque. O nascimento acontece quando a dilatação for de 10 cm, sendo o período mais longo do trabalho de parto.
Rompimento da bolsa
O rompimento da bolsa também sinaliza que o bebê está pronto para nascer. Quando a bolsa se rompe, é comum que o parto ainda leve cerca de 24 horas para começar. Porém, em apenas 25% dos casos esse é o primeiro sintoma, já que, muitas vezes, ele surge durante o parto.
Mesmo se não tiver contrações, é importante que a gestante vá rapidamente à maternidade caso a bolsa estoure. Assim, será feita uma avaliação pelo profissional para identificar se o momento chegou ou se é preciso aguardar um pouco mais.
7. Como saber se a bolsa rompeu?
Como vimos no tópico anterior, o rompimento da bolsa consiste em um dos sinais que indica o início do trabalho de parto. Por esse motivo, é importante saber identificar quando isso acontece. Em geral, ela estoura depois do início das contrações e dilatação, mas também é possível que ocorra antes.
Ao romper a bolsa, será possível notar a saída de um líquido parecido com a urina pela vagina, porém mais clarinho e um pouco turvo. Ao contrário da urina, a mulher não é capaz de segurar esse corrimento, que muitas vezes vem acompanhado de pequenos traços esbranquiçados.
As contrações tendem a ficar mais intensas após o rompimento. Em partos prematuros, porém, pode acontecer de a bolsa estourar sem que haja contrações. Também há casos em que a bolsa nem sequer chega a se romper, sendo necessário que o médico faça o rompimento.
O odor característico se assemelha ao da água sanitária e a quantidade de fluido pode variar de uma mulher para a outra. Enquanto algumas notam apenas a saída de alguns pingos, outras apresentam uma quantidade grande que chega a escorrer pelas pernas.
Assim, caso perceba que você molhou a roupa, a cama ou que se sente mais úmida e precisa usar absorvente para conter o líquido, procure o hospital imediatamente. Tente informar ao médico o horário em que a bolsa rompeu e qual a cor e quantidade de líquido expelido.
8. Como acelerar o trabalho de parto?
O trabalho de parto costuma ser demorado, levando horas até que o bebê finalmente venha ao mundo, o que é ainda mais comum na primeira gravidez. Porém, existem algumas técnicas que valem a pena serem experimentadas, já que podem ajudar a desencadear e até mesmo acelerar o processo.
Ter relações sexuais faz com que o útero contraia, assim como acontece quando o sêmen entra no corpo da mulher. Além disso, libera o hormônio ocitocina, que também promove a contração uterina.
O parto induzido também pode ocorrer ao estimular os mamilos, liberando assim a ocitocina e contribuindo para o início das contrações. Já a prática de exercícios leves, como yoga ou caminhada, ajuda a estimular a dilatação do colo do útero, acelerando o trabalho de parto.
9. Quais são as vantagens do parto normal?
Uma das principais dúvidas entre as gestantes é escolher entre o parto normal ou cesárea, cada um deles apresentando as suas vantagens e desvantagens. Conheça algumas das principais vantagens do parto normal, opção que é a mais recomendada pelo Ministério da Saúde:
- recuperação mais rápida da mãe;
- riscos menores de a mãe apresentar infecções e complicações;
- permite que o bebê escolha o momento para nascer;
- menor risco de o bebê nascer prematuro;
- diminui as chances de o bebê apresentar problemas respiratórios;
- útero volta ao lugar mais rápido;
- aumenta a produção de leite materno;
- mãe e filho podem ficar juntos logo após o parto.
10. Quais são as vantagens da cesárea?
Apesar de o parto normal ser considerado a melhor opção para a mãe e para o bebê, a cesárea muitas vezes é necessária ou escolhida por várias mães. As vantagens de optar pela cesárea são:
- escolha da data do nascimento do bebê;
- anestesia na mãe para não sentir as dores;
- obstetra disponível no dia marcado;
- tempo de trabalho de parto mais curto (entre 1 e 2 horas);
- agilidade no procedimento em caso de sofrimento fetal;
- sem risco de complicações associadas ao trabalho de parto vaginal;
- reduz risco futuro de a mãe apresentar incontinência urinária;
- indicado para a gestante que tem medo do parto;
- evita o estresse da gestante por estar em um ambiente mais controlado.
Agora que você já sabe os detalhes sobre o parto, já pode ficar mais tranquila para identificar quando o momento de o bebê chegar estiver mais próximo. É muito importante que, a qualquer sinal de trabalho de parto, informe ao obstetra e dirija-se ao hospital ou maternidade, pois logo terá nos braços o seu amado bebê.
Gostou da leitura deste artigo e quer ficar por dentro de vários assuntos relacionados à maternidade? Então, siga-nos agora mesmo no Facebook e Instagram e não perca mais nada!